Arquiteto vende redes para ir a Belo Horizonte comprar Corcel I em homenagem à avó

Jovem quer comprar veículo do mesmo modelo que a família teve nos anos 1970.

Escrito por Redação ,

O arquiteto Gabriel Lima, 26, guarda com carinho as histórias que ouvia do pai sobre o Corcel I, de cor marrom, que a avó dirigia entre os anos 1974 e 1976. A narrativa saudosa sobre o cheiro, o estilo dos bancos e momentos vividos no automóvel, despontou em uma paixão por carros antigos no rapaz. 

O fascínio vai levá-lo a Belo Horizonte no próximo dia 1º de novembro, com mais dois amigos, em busca de um Corcel do mesmo modelo, para homenagear a avó de 78 anos, que está doente. Gabriel e os amigos vão passar cinco dias em Belo Horizonte, e avaliar cerca de 10 carros. 

O percurso de Fortaleza a Minas Gerais vai ser feito de avião, mas a volta será pela estrada, com o Corcel. A viagem de carro será documentada pelos amigos, já que os três têm histórias especiais com automóveis de modelo antigo. Para custear a aventura, Gabriel vendeu o próprio carro e está revendendo redes, para bancar gasolina, hospedagem e alimentação.

“Já tinha um desejo de ter um carro antigo, sempre gostei. Ultimamente, fiquei com mais vontade porque minha avó adoeceu, e ainda tá em processo de recuperação. Quis fazer uma surpresa pra ela”, diz Gabriel. 

A idosa se recupera de uma cirurgia. A intenção do neto é reavivar memórias antigas da avó e animá-la, diante das últimas dificuldades com a saúde. "Ela tá sabendo que vou viajar. Mas não sabe que tô comprando o carro pra ficar passeando com ela e a gente reviver esses momentos". Ele conta que tem uma ligação muito próxima com a avó. Gabriel e a irmã são os únicos netos vivendo atualmente em Fortaleza, perto da idosa, que mora com o pai dos dois.

Mini documentário

São mais de 2.400 km até Minas. Os amigos pretendem fazer o percurso em três dias. A ideia é produzir um mini documentário, registrando toda a viagem, até o momento em que Gabriel mostrar o carro para a avó. Segundo o neto, a avó, que é naturalmente discreta, deve conter as emoções diante do gesto. “Ela não gosta de expressar reação, não gosta de exposição”, explica.

Companheiros da viagem, David Barbosa e Iago Monteiro também misturam lembranças de carros antigos com as de família. Um deles herdou uma Brasília do avô. O automóvel veio do Rio de Janeiro recentemente. O outro homenageou o pai com um Landau, comprado em São Paulo.

No caso de Gabriel, ele explica que a ida até Minas foi a melhor escolha considerando o custo-benefício. “São Paulo é o local que tem mais carro antigo e conservado. Em BH também tem essa mesma cultura, de guardar e passar de pai pra filho. Lá, compra o carro nos anos 1980 e tem até hoje, cuida, e a malha viária ajuda”, comenta o arquiteto. Para ele, é o movimento contrário ao que observa normalmente no Ceará.

 “Aqui não tem a cultura de preservar o carro. Aqui, as pessoas gostam de carro novo, de mostrar." A avó do arquiteto sabe da viagem, mas, segundo ele, nem desconfia do motivo. 

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
Assuntos Relacionados