Áreas Verdes adotadas chegam a 218, em Fortaleza

São 113 praças, mas o programa também inclui ruas, canteiros centrais, parques, largos e jardins

Escrito por Renato Bezerra - Repórter ,

Entre os desafios que envolvem a gestão pública de uma grande cidade, conservar e preservar espaços verdes aparecem como fundamentais na qualidade de vida da população. Em Fortaleza, uma alternativa para a requalificação e manutenção de alguns logradouros está no Programa de Adoção de Praças e Áreas Verdes da Prefeitura, que chegou, neste mês, a 218 espaços adotados.

Do total, 113 são praças da Capital, o que corresponde a pouco mais de 23% do total, mas o programa também inclui ruas, canteiros centrais, parques, largos e jardins, que podem ser adotados por empresas e associações, assim como por pessoas físicas. Entre os impactos positivos com a implantação do Programa, espera-se uma maior ocupação dos logradouros e a convivência entre as comunidades.

Economia

Para a Prefeitura de Fortaleza, o interesse no Programa tem aumentado não apenas por empresas, mas por parte de associações e membros da sociedade civil organizada. Ao todo, 47 adoções foram concretizadas em 2017 e 72 somente no primeiro semestre deste ano. Outras 38 estão em processo de finalização. Em cinco anos do Programa, segundo a Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), a Prefeitura já economizou cerca de R$ 27 milhões em recursos aplicados na manutenção dos espaços públicos adotados.

Embora a Regional II concentre a maior procura dos espaços por parte de construtoras e demais empresas, é nos bairros da regional V aonde se concentra o maior número de lugares adotados, 68 até então, sendo a maioria contemplada por pessoas físicas. A regional do Centro, por sua vez, tem a menor adesão, com a adoção de apenas dez lugares até o momento. Para buscar novas doações, é feito um trabalho de sensibilização de diversos segmentos.

Abandono

Enquanto isso, logradouros não eleitos muitas vezes carecem até de estrutura básica à sua utilização, como um simples ato de caminhar. Esse, por exemplo, é o principal desafio de quem se vê obrigado a transitar pela Praça dos Eletricitários, no bairro Dionísio Torres. Às margens da Avenida Barão de Studart e envolto por prédios comerciais e residenciais, o logradouro pulsa vida durante todo o dia, mas parece estar esquecido à ação do tempo. Do piso, restam grandes buracos e pedras portuguesas soltas. Alguns bancos e lixeiras estão quebrados, o chão acumula folhas e restos de papelão e as árvores aparentam não receber podas há um certo tempo. "Ninguém usa isso aqui, as pessoas apenas passam, de tão ruim que é", diz o zelador José de Souza, 67.

A Praça do Otávio Bonfim, no bairro Farias Brito, também parece ter sido entregue ao abandono. Moisés, neto de dona Francisca Antônia, diarista, se diverte no único brinquedo possível: a casinha com escorregador. O outro brinquedo que tinha quebrou há mais de um ano e nunca foi consertado. Segundo dona Francisca, o local é calmo, mas precisa de melhorias. "Queríamos um equipamento para fazer exercício, além de manutenção para os brinquedos. A limpeza também está faltando, aqui é bastante sujo", pontua.

Jefferson Teixeira, flanelinha da Praça do Otávio Bonfim, conta que a limpeza, por parte da Prefeitura, só é feita a cada um mês. Além disso, ele acha que o local precisa ser reformado e que à noite a falta de iluminação causa medo. "Ninguém vem aqui para passear, só por causa da missa, mas não passa muito tempo", revela o flanelinha.

Cuidados

Contrastando com esse cenário, a Praça Martins Dourado, no Cocó, é um exemplo eficaz de gestão do espaço público pela sociedade. Antes mesmo do Programa da Prefeitura formalizar a adoção, em 2013, a Praça já era cuidada pelos moradores, que formaram a Associação dos Amigos da Praça Martins Dourado (Associamigos). Cinco anos depois, o lugar continua em bom estado de conservação, reunindo pessoas para diversas atividades. Em qualquer dia é possível ver crianças brincando, adultos em um descompromissado bate-papo, pessoas fazendo atividades físicas ou passeando com animais de estimação.

A aposentada Gláucia Amaral, 63, garante que o lugar é muito procurado todos os dias, recebendo até eventos, como aniversários, competições esportivas e passeios escolares. Transformação que, segundo ela, veio somente após a união dos moradores. "Moro aqui há mais de 20 anos e antes da adoção a praça era horrível, sem assistência nenhuma. Hoje ela é bem frequentada e segura", afirma.

Outro exemplo é o da Praça da Imprensa Chanceler Edson Queiroz, que já era mantida pelo Grupo Edson Queiroz mesmo antes do projeto municipal.

A Praça Bárbara de Alencar, uma das primeiras a serem adotadas, em 2014, reúne a alegria da juventude nos dois ginásios, diariamente. "É bem legal, está tudo bem novinho, sempre tem pessoas fazendo atividade física, ela está bem conservada", afirma o aposentado Venâncio Pereira. (Colaborou Ana Cajado)

Situações distintas

Muitos espaços estão ótimos, outros continuam abandonados

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O interesse no Programa tem aumentado, não apenas por empresas, mas por parte de associações e membros da sociedade civil organizada, a exemplo da Praça da Imprensa Chanceler Edson Queiroz e da Praça Martins Dourado, que já eram cuidadas ainda antes do programa. Por outro lado, a Cidade ainda tem muitos espaços em completo abandono, como a Praça dos Eletricitários, ao lado da Avenida Barão de Studart. Fotos: JL Rosa / Natinho Rodrigues

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