Aprendizado das Libras é um estímulo à inclusão social

Escrito por Redação ,
Ontem, começaram os cursos de Licenciatura e Bacharelado em Letras Libras da UFC, oferecidos pela primeira vez no CE

Falar é apenas uma das formas de se comunicar. Apesar dos preconceitos, os deficientes auditivos têm conseguido mais espaço para exercer a cidadania. Em 2002, uma lei instituiu a Língua Brasileira de Sinais (Libras), utilizada pelos surdos, como segundo idioma oficial do Brasil. A lei abriu caminho para que a Libras se torne, em dez anos, disciplina obrigatória em cursos de licenciatura e de Fonoaudiologia.

Mas para tornar a Libras uma realidade, é preciso fazer com que tanto os deficientes quanto os ouvintes possam, literalmente, falar a mesma língua. O Diário do Nordeste traz a seguir três experiências que contribuem para a disseminação da Libras, em Fortaleza.

A Universidade Federal do Ceará (UFC) está trazendo uma iniciativa inédita no Estado. Ontem, aconteceu a aula inaugural dos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Letras Libras. As graduações formam, respectivamente, professores de Libras e intérpretes em Libras e Língua Portuguesa.

De acordo com Vânia Magalhães, coordenadora dos cursos de graduação de Letras Libras, as aulas são realizadas à distância através de uma parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). ‘‘Os alunos participam de aulas mensais nos fins de semana e as demais atividades são realizadas via internet. Os textos são impressos em Libras e em português, mas as aulas são mediadas por Libras’’, destaca.

Tradição

O Instituto dos Surdos, única escola pública cearense com ensino voltado apenas para surdos, atende cerca de 450 alunos da educação infantil à 9ª série. ‘‘A maioria tem surdez profunda ou não faz leitura labial. Temos alguns alunos oralizados, que se comunicam nas duas línguas’’, conta a coordenadora pedagógica da instituição, Rejane Costa.

Apesar do avanço através do acesso à educação, os jovens ainda enfrentam desafios. ‘‘Nossos alunos são de origem humilde, muitos vêm de municípios da Região Metropolitana e têm dificuldade para conseguir transporte. Além disso, muita gente faz chacota da maneira como eles se comunicam, acham que é mímica. Isso mostra a falta de conhecimento e o preconceito que persiste’’.

Há quatro anos, a Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos (Feneis-CE) oferece cursos básicos de Libras tanto para ouvintes quanto para surdos oralizados. ‘‘O perfil dos ouvintes é de professores, psicólogos, terapeutas, fonoaudiólogos e até quem quer se comunicar com familiares e amigos surdos. Já os deficientes auditivos que fazem o curso falam, querem se comunicar com os não-oralizados’’, diz a auxiliar administrativa da Feneis-CE, Raquel Lima.

O curso dura um ano e meio e tem custo de R$ 450. Atualmente, 90% dos alunos são ouvintes, que procuram o curso para ter um diferencial no currículo. ‘‘Hoje, muitos profissionais têm surdos como colegas ou clientes. As pessoas precisam se adaptar a essa realidade de inclusão dos surdos’’.

ENQUETE
O que o motivou a aprender essa língua?

Havytt Herman
21 ANOS
Universitário
A fisioterapia exige que você lide com diferentes tipos de pessoas. Precisava saber a língua para atender um surdo

Josi Dias
33 ANOS
Recepcionista

Na fábrica onde trabalho há muitos operários surdos e eu não conseguia atendê-los por conta da barreira lingüística.

Cláudia Sales
36 ANOS
Professora
Trabalho com educação inclusiva de adolescentes surdos e precisava me adequar à realidade deles.
Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.