Animais resgatados da cheia do Castanhão

Escrito por Redação ,
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Foto: Stênio Saraiva

A retirada de animais domésticos e silvestres das dezenas de ilhas e copas de árvores, formadas pela cheia do Açude Castanhão, principalmente nas últimas chuvas, começou neste fim de semana. Houve o resgate de 36 animais vivos, entre cobras, camaleões, gato doméstico e jumento, numa parceria entre Ibama e Dnocs. A missão foi intensificada depois do volume de águas aumentar em 22 metros em 20 dias.

O reforço foi necessário porque um barco do Dnocs, disponibilizado há cerca de dez dias para a Prefeitura de Nova Jaguaribara, para retirar famílias e animais de zonas de alagamento, naufragou na segunda-feira passada, ao transportar 39 animais, entre ovelhas, porcos e novilhas. Destes, apenas 17 salvos, segundo o canoeiro Geraldo Silva Neto.

A parceria entre os órgãos federais, que conta com 30 homens, incluindo veterinários, a Brigada de Incêndio do Crato e a Polícia Militar na retaguarda, incrementou as buscas na região em duas lanchas, uma trazida de Pentecoste e outra de Fortaleza, um barco e um bote, mas os técnicos pretendem, ainda, conseguir um barco maior com a própria comunidade, para o resgate de animais domésticos como cavalos, bois e jumentos.

A maioria dos animais está em pedaços de terra e em copas de árvores perdidos entre as águas do Açude. Como as águas estão subindo muito - um centímetro por hora -, há uma corrida contra o tempo, como avalia o coordenador da operação pelo Dnocs, o veterinário Neuton Sindeaux Moreira Júnior. Segundo ele, a missão não tem prazo para acabar. No sábado foram percorridos cerca de 25 quilômetros e, ontem, uma das equipes percorreu 44 quilômetros até a cidade antiga de Jaguaribara.

A cheia do rio Jaguaribe pegou de surpresa muitas famílias que não acreditavam na subida do rio com tanta rapidez, por isso não prepararam a retirada dos animais, colocando a vida deles em risco. “Os que vieram para o Conjunto Mandacaru perderam o gado e estão sem leite. Outros estão em lonas improvisadas pela Prefeitura. As áreas alagadas estavam previstas, mas não com as pessoas lá”, comenta a irmã Bernadete Neves, religiosa que acompanha o processo de realocação das famílias de Jaguaribara desde o início do projeto do Castanhão.

Para ela, a demora do Governo do Estado em iniciar os três projetos de agricultura irrigada e um de psciculura, é um dos motivos para a resistência de alguns em deixar suas casas. O problema é que todos os dias as águas do Castanhão sobem. A maior alta foi de 17 de janeiro, quando a cota era de 71 metros, passando a 93 metros até a semana passada, atingindo 2,527 bilhões de metros cúbicos.

Ontem, por volta das 16 horas, a cota estava em 93,57 metros, o correspondente a 2,662 bilhões de metros cúbicos - 40% da capacidade total, que é de 6,7 bilhões de metros cúbicos na cota 106 metros.

Todos os animais resgatados estão sendo levados para o alojamento dos técnicos e agentes do Ibama e Dnocs, nas instalações do Açude Castanhão. Lá estão tendo ferimentos tratados e sendo alimentados. Os animais silvestres, como cobras e camaleões, já começaram a ser soltos na Estação Ecológica na Serra da Micaela, uma área de mil hectares, próxima ao Castanhão, projetada para reduzir os impactos da obra do açude.

Apenas um jumento foi encontrado morto, na zona rural próxima a antiga Jaguaribara, já tomada pelas águas, enquanto a reportagem acompanhou a equipe dos técnicos, neste fim de semana. Os animais domésticos, de responsabilidade da equipe do Dnocs, serão devolvidos aos donos ou doados. “Nós vamos nas rádios locais para mobilizar quem quiser recuperá-los”, diz Francisco Brito, coordenador da operação pelo Ibama.

Thaís Gonçalves
Enviada a Nova Jaguaribara

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