Adolescente morre por calazar em Fortaleza

Escrito por Redação ,
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Entre janeiro e abril deste ano, a doença já matou quatro pessoas no Estado. A média é de uma morte por mês

A adolescente E. M. iria completar 15 anos de idade no próximo dia 15, com sonhos de ser cirurgiã plástica e muitos desafios vida a fora. No entanto, a leishmaniose visceral chegou antes e vitimou a garota no último domingo. Sua morte abalou a família e vizinhos da Av. Desembargador Faustino Albuquerque, no Jardim das Oliveiras. Apesar da dor pela perda, seus pais, Virgínia Lane e Otto Menezes, decidiram falar como alerta para a população.

Virgínia, muito emocionada e com fotos da filha, faz um apelo quase desesperado: que as autoridades de saúde de Fortaleza atentem para o avanço da doença na cidade e, principalmente, em bairros como Cidade dos Funcionários, Luciano Cavalcante, Cajazeiras, Dias Macedo, além do Jardim das Oliveiras. “É preciso agir rapidamente porque as pessoas estão morrendo devido ao calazar”, pede ela.

A preocupação motivou o músico Roberto Rodrigues Moura a enviar e-mail ao Diário do Nordeste para o Alô Redação. No texto, ele conta que, na semana passada, sacrificou sua cadela. “O bairro está enfrentando uma epidemia do calazar. Muitos animais morreram e, agora, as pessoas”.

Mesmo com a mãe tendo em mãos o laudo do exame chamado K-39 positivo (que detecta se a doença é mesmo leishmaniose visceral ou não), a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) ainda não confirmou a causa da morte da adolescente. Segundo o coordenador do Controle de Vigilância Epidemiológica de Fortaleza, Ronaldo Pinheiro, o resultado sairá nos próximo dias. “O caso da paciente foi encaminhado para análise”, informa ele.

Além de Fortaleza, com duas mortes confirmadas, outros dois óbitos foram registrados nos municípios de Morrinhos e Groaíras. Segundo dados da SMS, a doença já infectou 44 pessoas na Capital entre janeiro e abril. No mesmo período do ano passado, foram 65 casos. Apesar da redução em número de casos, este já são duas mortes confirmadas.

O calazar (leishmaniose visceral) é transmitido por meio da picada do mosquito flebótomo, também chamado “mosquito-palha”. Quando o inseto pica um animal que já apresenta o calazar, fica infectado e, no contato com um ser humano, transmite a doença.

O cão é o principal alvo do mosquito. Além deles, existem outros animais como canídeos (lobos) e roedores silvestres que podem ser reservatórios da leishmaniose visceral. No entanto, acabar com os animais portadores será ineficaz se o mosquito continuar a existir.

Por isso, ressalta Pinheiro, as ações são mais amplas, como a borrifação nos bairros de maior prevalência do mosquito; campanhas educativas; captura de cães doentes; exames sorológicos e capacitação de profissionais para o diagnóstico precoce são consideradas essenciais.

Se você mora no Interior e suspeita que seu animal está doente, procure a Secretaria de Saúde do município e informe o caso. Em Fortaleza, entre em contato com o Centro de Zoonoses (3131.7846/7849). O Centro envia agentes para coletar material e fazer o exame que comprova a doença.

BALANÇO NEGATIVO

510
casos do calazar em humanos em 2008

181 registros da leishmaniose visceral em 2007

233 casos da doença confirmados no ano de 2006

4.553 cães foram submetidos à eutanásia, em 2007, devido ao calazar

1.044 cães foram infectados em 2006

LÊDA GONÇALVES
Repórter
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