Abrigo para pessoas trans deve reabrir as portas

Como alternativa necessária para o abrigamento de trans, o equipamento, que já teve 21 moradores em situações vulneráveis, deverá voltar a funcionar. A intenção é que passe a receber também gays, lésbicas e bissexuais

Escrito por Redação , redacao@diariodonordeste.com.br

O Abrigo Thadeu Nascimento, idealizado pela Associação Transmasculina do Ceará (Atrans-CE), teve apenas nove meses de funcionamento. Em julho deste ano, foi desativado por falta de verbas, com dívidas em torno de R$4 mil, entre despesas de luz e água. A luta agora é pelo retorno das atividades do local, que acolhia pessoas trans em situação de vulnerabilidade.

Durante o período ativo, 21 pessoas estiveram no equipamento. Na semana passada, uma proposta de convênio entre o abrigo e a Prefeitura de Fortaleza foi aprovada por unanimidade pela Câmara dos Vereadores do Município. A ideia, da vereadora Larissa Gaspar, agora segue para o prefeito Roberto Cláudio, e então deve voltar ao Legislativo.

Os gastos com alimentação, higiene e aluguel do abrigo giravam em torno de R$ 2.500 mensais. Cerca de R$ 900 eram destinados ao pagamento do aluguel, desembolsado pelos próprios presidentes da Atrans. "Isso nos impossibilitou de continuar existindo. Eu doava toda a minha renda, meu amigo doava metade do salário", desabafa um dos organizadores, Kaio Lemos.

Segundo o presidente da associação, os fatores decisivos para o uso do abrigo eram a falta de oportunidades no mercado de trabalho, de apoio da família e de acesso a serviços de saúde. Por conta das limitações financeiras, o espaço tinha como prioridade homens trans. A intenção, agora, é reabrir o local incluindo mais pessoas vulneráveis, inclusive lésbicas, gays e bissexuais.

Organização

"Pretendemos tornar o processo mais sistemático, com uma equipe que avalie a situação da pessoa trans interessada no abrigo. Quando estávamos abertos trabalhamos de forma experimental. Com o convênio de cooperação técnica e financeira assinado, podemos pensar em uma estrutura organizada", explica Lemos.

A locação do novo prédio deve ser de responsabilidade da Secretaria dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS). A Pasta acompanha a execução dos termos acordados na proposta.

"Já existe um termo técnico que lista 22 prédios ociosos da Prefeitura. Analisaremos cada um e suas condições, até o fim de novembro. Ficamos muito felizes com esse acordo, pois esse abrigo é de extrema importância", afirma o secretário Elpídio Nogueira.

O novo convênio autoriza a Prefeitura a manter as instalações físicas do equipamento, bem como prestar atendimento multidisciplinar e serviços de encaminhamento para políticas públicas.

Para um ex-morador do abrigo, Domity Martins, o abrigo deve reabrir as portas, mas desta vez de forma mais seletiva quanto à organização. "Se voltar a funcionar como era antes, com uma gestão um tanto difícil, não vai dar certo".

Esta é a opinião de pelo menos dois outros ex-moradores, que preferiram não se identificar. Um deles, inclusive, revela que prefere uma institucionalização do local.

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