Oferta milionária de clube árabe deve tirar Carille do Corinthians

O clube Al-Hilal, da Arábia Saudita, está oferecendo salário de mais de R$ 1 milhão para o técnico do Timão

Fábio Carille está decidido a deixar o Corinthians. O técnico tem uma proposta do Al-Hilal, da Arábia Saudita, e está propenso a aceitar. Ele já avisou o presidente do clube, Andrés Sanches, sobre a situação.

Se a saída for confirmada nos próximos dias, a diretoria quer que Osmar Loss, auxiliar de Carille e ex-técnico do time sub-20, seja o substituto.

O Corinthians alega não ter recebido nenhuma oferta oficial. Carille tem contrato até o fim de 2019, mas isso não seria empecilho para a saída do treinador do clube.

A multa pela quebra de contrato é baixa (cerca de R$ 600 mil). Além disso, o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, não deverá fazer grande esforço para manter o treinador no futebol brasileiro.

O mandatário não tem muita sintonia com o técnico e até fez contratações de jogadores sem o aval dele. Matheus Matias, Marllon, Thiaguinho e Bruno Xavier chegaram assim.

A falta de confiança existe apesar de Carille ter acumulado títulos desde que foi efetivado no cargo, no final de 2016. No ano passado, faturou o Campeonato Paulista e o Brasileiro. Foi novamente campeão estadual em 2018.

As negociações são conduzidas pelo empresário de Carille, Paulo Pitombeira. A questão salarial é o principal incentivo. Dirigentes do Corinthians ouvidos pela reportagem dizem que não há a condição de o time brasileiro se aproximar do que o Al-Hilal oferece.

O clube árabe aceita pagar R$ 1,08 milhão por mês para Carille, livre de impostos. O salário atual do técnico é de cerca de R$ 300 mil. Carille ainda levaria o preparador físico Walmir Cruz, o auxiliar Cuca e o observador Mauro Silva para o país.

O contrato de longo prazo também é atrativo. Ele assinaria por dois anos e não sofreria tanta pressão como acontece no Corinthians.

Nem mesmo o argumento de que vai trocar o atual campeão brasileiro por um país periférico no futebol o convence. A lembrança que tem é a de Tite, que em 2010 estava no Al-Wahda, dos Emirados Árabes, e foi contratado pelo Corinthians. Foi quando começou a escalada que o levou à seleção brasileira.

Carille recebe ofertas de trabalho desde o ano passado. Chegou a considerar a possibilidade de ir para a China, mas resolveu ficar. Desta vez, está disposto a mudar de ares.

Carille foi indicado ao Al-Hilal pelo meia brasileiro Carlos Eduardo, 28, que atua no futebol da Arábia Saudita e esteve no departamento de fisioterapia do Corinthians para se recuperar de uma lesão.

Dirigentes do time árabe estiveram no Itaquerão no último domingo (13), para ver o trabalho de Carille no clássico contra o Palmeiras. O Corinthians foi melhor que o rival e venceu por 1 a 0.

A saída seria o fim de um relacionamento de nove anos do treinador com o clube de Parque São Jorge. Ele chegou em 2009 para ser auxiliar-técnico de Mano Menezes.

Sucessão de Carille

O nome de Osmar Loss, 42, é um consenso na diretoria de futebol caso a saída de Carille se concretize. Seria, na verdade, a execução de um plano que existe no Corinthians desde o ano passado, quando o treinador do sub-20 foi promovido aos profissionais.

Gaúcho de Passo Fundo, ele foi técnico da equipe em quatro Copas São Paulo. Chegou à final em todas, sendo campeão em 2015 e 2017.

Seria uma guinada na forma de comandar, já que Carille tem estilo mais calmo, enquanto Loss é agitado. Mas o importante para o Corinthians não é isso. É manter o trabalho interno que já era iniciado por Carille e evitar mudanças bruscas na maneira da equipe joga durante o Brasileiro e a Copa Libertadores.

Com as limitações orçamentárias e para manter o esquema de trabalho, a diretoria prefere uma solução caseira.

Trajetória de Osmar Loss

A primeira equipe da carreira do treinador foi o Internacional, onde comandou o sub-20 entre 2006 e 2009. Em 2008 e 2009, o técnico do elenco principal era Tite. Loss está no Corinthians desde 2013.

Antes disso, teve uma experiência em times profissionais. Foi treinador do Juventude em 2010. Não deu certo. Assumiu o cargo em janeiro e foi demitido em agosto. Obteve duas vitórias em 23 partidas.

Enquanto estava no Corinthians, foi chamado para dirigir o Bragantino, dentro de acordo informal que existe entre os dois clubes. Levou também jogadores da base corintiana para Bragança Paulista por empréstimo. Ficou três meses, durante a Série B do Brasileiro de 2015. Em 12 jogos, obteve quatro vitórias. Em seguida, voltou para comandar o sub-20, no qual teve muito mais sucesso.