Croatas evocam nacionalismo e causam polêmicas na Copa

Torcedores e jogadores fazem comentários provocantes e Fifa intervém

Durante a Copa do Mundo da Rússia foram alguns os episódios que ressaltaram o espírito nacionalista da Croácia. Alguns deles geraram polêmicas, mas só em um caso houve intervenção da Fifa, com uma multa de 15 mil francos suíços (R$ 58 mil).

1 - Homenagem à Ucrânia

Após a classificação para a semifinal, superando a Rússia nos pênaltis, o zagueiro Domagoj Vida e o assistente Ognjen Vukojevic publicaram um vídeo nas redes sociais falando "Slava Ukraina!", algo como Salve a Ucrânia! Vugjevic foi multado pela Fifa e afastado pela HNS (Federação Croata de Futebol, na siga local). O jogador e o assistente disseram que era uma homenagem ao apoio recebido do país por terem passado anos no Dínamo de KIev. A Ucrânia e a Rússia vivem clima de tensão e relações diplomáticas praticamente nulas desde a anexação da Crimeia e a Guerra de Donbass, em 2014. 

2- Provocação à Sérvia?

Em um segundo vídeo, Vida apareceu falando algo como "Queime, Belgrado!". Muitos entenderam como uma provação à Sérvia, por causa do nome da capital do país ser dito. Porém, reportagens na mídia sérvia explicavam que Belgrado é também o nome de um famoso pub de Kiev e que Vida desejava uma grande festa no local. Houve investigação da Fifa, mas até agora nenhum tipo de punição foi anunciada. Desde o fim da Iugoslávia, em 1991, são tensas relações entre sérvios e croatas, principalmente por causa da guerra de independência travada entre 1991 e 1995, que teve mais de 20 mil mortos. É a maior rivalidade política e esportiva do Bálcãs.

3 - Canção de regime-fantoche nazista

Após a vitória sobre a Argentina por 3 a 0, o zagueiro Dejan Lovren apareceu nas redes sociais cantando a música a canção "Bojna Cavoglave", adotada pela extrema-direita da Croácia. A música contém a frase "Za dom - spremni!" (Pronto para a pátria-mãe), slogan associado ao regime-fantoche nazista da Croácia ocupada na Segunda Guerra Mundial, o Ustase. Tal frase, porém, não foi dita no trecho do vídeo postado, e a Fifa deixou por isso mesmo. O Ustase matou, de 1941 a 1945, entre 300 mil e 500 mil sérvios, algo que reverberou durante os anos do pós-guerra na Iugoslávia dominada por Belgrado, e que sempre é lembrado pelos vizinhos em sua amarga disputa política com Zagreb.

4- Nacionalismo evocado

Em suas entrevistas, o técnico Zlatko Dalic por diversas vezes tem exaltado em seu discurso nas entrevistas coletivas o espírito de união do povo croata e falando na palavra nacionalismo. Agradeceu já o apoio recebido de países da região como Montenegro e Bósnia e Herzegovina, onde nasceu.  Em nenhum momento obviamente citou a Sérvia. A união no futebol, porém, é um desejo do tenista Novak Djokovic.  Nesta semana durante o torneio de Wimbledon, ele declarou que iria torcer para a Croácia na fase final da Copa. Foi rebatido pelo político Vladimir Djukanovic, membro do Partido Progressista da Sérvia, o mesmo do presidente Aleksander Vucic. "Apenas idiotas podem apoiar a Croácia. Você não tem vergonha, Novak?", escreveu em seu Twitter.

5 - Torcida adota lema patriótico

Um dos cantos mais comuns da torcida croata nos estádios há anos é o trecho de uma música na qual dizem "U boj, u boj! Za narod svoj". En português, significa, "À luta, à luta! Pelo povo, pela pátria!". É parte de uma canção patriótica escrita em 1866 que até hoje é evocada em dias pátrios.