Costa Rica aposta em contra-ataques para tentar surpreender Brasil

Foi dessa forma que o técnico Óscar Ramírez se consagrou em seu país: esperando os oponentes buscarem o ataque, para então mandar seu time dar o contragolpe

Para ser novamente a surpresa de um Mundial, como foi em 2014, a Costa Rica aposta nos contra-ataques para surpreender os adversários. Não deu certo, é verdade, na estreia contra Sérvia, derrota por 1 a 0.

O revés não deve fazer o técnico Óscar Ramirez mudar seu estilo. O técnico foi o camisa 10 da Costa Rica no primeiro Mundial que o país disputou, em 1990. Enfrentou o Brasil na primeira fase e perdeu por 1 a 0.

Meia armador que buscava o ataque, Ramírez tornou-se um treinador conservador. Sua ordem para os jogadores é esperar a iniciativa dos rivais, principalmente quando enfrenta times mais fortes, como é o caso do Brasil.

Foi dessa forma que Óscar Ramírez se consagrou em seu país: esperando os oponentes buscarem o ataque, para então mandar seu time dar o contragolpe.

A seleção da Costa Rica que está na Rússia manteve a base de 2014, apostando em um 5-4-1.

O time atual funciona assim: quando defende, três se postam à defesa. González, do Bologna, pelo meio, pode subir e jogar mais à frente da zaga. Acosta, que atua no futebol colombiano, pela direita, e Duarte, do Espanhol, pela direita, completam a retranca costarriquenha.

Quem joga mais aberto pelas alas são Gamboa e Oviedo, responsáveis por começarem os contra-ataques. Mais à frente, o experiente Bryan Ruiz é o capitão e quem busca o jogo pela direita, em apoio a Gamboa. Venegas é quem faz o mesmo do outro lado do campo. Borges e Gusman dão o reforço defensivo quando os companheiros sobem ao ataque.

Isolado no ataque, Ureña fica à espera de alguma bola rápida para apoiar os contra-ataques.

Nas eliminatórias da Concacaf, no hexagonal final, quando tinha EUA e México pela frente, times considerados mais fortes, fez 14 gols e sofreu oito, em 10 partidas disputadas, sempre apostando nos contra-ataques. Os americanos acabaram eliminados.

Já nas fases anteriores, diante de países menos tradicionais, levou apenas dois gols em seis partidas e marcou 10. O estilo de atuar com paciência foi a mesma durante todo o torneio.

A tática deve ser repetida nesta sexta. E até Neymar deve ter mais liberdade em campo, para que a Costa Rica tente tomar-lhe a bola e puxar os contra-ataque que espera.

"Neymar é um jogador muito habilidoso e buscam pará-lo com faltas bruscas. Temos nossa estratégia para isso. Mas não gostaria de ver faltas bruscas nele. Acho que há formas diferentes de pará-lo", afirmou o técnico.

Ramírez fez sucesso com o clube costarriquenho Alajuelense -time que tem uma das maiores torcidas da Costa Rica, assim como o Corinthians, onde Tite ganhou projeção. Conquistou cinco campeonatos nacionais.

Por isso, em 2015, virou unanimidade para assumir a equipe principal de seu país -mais uma vez, como ocorreu com Tite, no Brasil-, quando o futebol do país vivia período conturbado a nível de seleção.

Técnico da histórica campanha da Copa de 2014, o colombiano Jorge Luis Pinto deixou o cargo poucos meses após a Copa, depois de rusgas com a federação local. Deu lugar ao ex-jogador Paulo Wanchope, que mudou o estilo de jogo. Antes, um 4-5-1, que passou ser um 4-4-2 em linhas. Depois de trocar socos em torneio sub-23 no Panamá e foi demitido.

Foi ai que Óscar Ramírez foi chamado. O treinador era a sensação da liga local com seu Alajuelense, e assumiu a seleção com o mesmo estilo de jogo.

Sua estreia foi justamente contra o Brasil, um amistoso em Nova Jersey ao qual foi derrotado por 1 a 0. A partir daí, embalou e se tornou o primeiro costa-riquenho a levar o país a uma Copa.