Arthur Zanetti lembra de quando iniciou no futebol e brinca: 'Graças a Deus escolhi a ginástica'

Campeão olímpico e mundial compartilha experiências para as crianças atendidas pelo projeto "Vida e Esporte", na região metropolitana de Fortaleza

Olhares atentos e inquietação nos corpos que se alongavam à espera do ídolo. As alunas da turma de ginástica rítmica da Associação Estação da Luz, na região metropolitana de Fortaleza, não conseguiam conter a ansiedade pela performance que viria. Elas esperavam a hora de se apresentar para Arthur Zanetti, ginasta e medalhista olímpico que visitava a instituição no município da RMF.

A associação promove aulas de ginástica rítmica, futebol e música para aproximadamente 400 crianças no município do Eusébio. Laura Filizola tem 12 anos e participa do projeto há dois. Ela começou na ginástica rítmica pela beleza do esporte, mas o tempo empregou-lhe um novo significado.

"Eu comecei a fazer ginástica porque achava um esporte muito bonito, mas depois eu passei a perceber que é um esporte maravilhoso e que me completa. Eu me sinto mais livre! Meu amor pela dança só aumentou. A minha mãe gosta muito que eu faça. A nossa família ama esporte. A gente viu uma oportunidade de fazer atividade física de graça que tem todo o apoio de profissionais", contou Laura.

O exemplo maior vem de fora. A carreira de Zanetti começou cedo. Aos 7 anos ele dava os primeiros passos para o esporte que lhe consagraria mundialmente. O começo foi difícil. O atleta assume que o futebol era a primeira opção devido à influência do irmão. Aos 9 anos, passou a entender como realmente funcionava a modalidade e, em meio a tudo isso, o apoio da família foi fundamental para que insistisse no sonho.

"Eu comecei fazendo futebol por causa do meu irmão. Tudo o que ele fazia eu queria fazer também. Comecei a fazer futebol e ao mesmo tempo fazia ginástica. Mas teve uma hora que eu tive que optar entre um dos dois porque os horários acabaram coincididindo e, graças a Deus, eu escolhi a ginástica porque no futebol eu era muito ruim", comenta.

Primeiro atleta brasileiro a conquistar um ouro olímpico para a ginástica artística, Arthur Zanetti entende porque passou a ser uma inspiração para as crianças. São duas medalhas olímpicas - ouro em Londres 2012 e prata na Rio 2016. Além da conquistas em mudiais como o ouro na Antuérpia, na Bélgica, em 2013; e as pratas em Tóquio, 2011; Nanning, na China em 2014; e a mais recente conquista no último dia 2 de novembro, em Doha, no Catar.

"Para mim é maravilhoso. A gente não imagina o tamanho do feito que é. Servir de exemplo para essas crianças é muito bom. Eu não tive um exemplo, quando era criancinha, de ver um ginasta, outro atleta campeão olímpico, ou mundial, e ter essa conversa. Eu espero ter ajudado essas crianças, ter aberto portas para elas e também ter despertado esse sonho nelas de um dia querer um grande campeão, não só dentro do esporte, mas fora dele também", completou o ginasta.

Arthur Zanetti se prepara agora para o que pode ser o último grande desafio da carreira: a Olimpíada de Tóquio, em 2020. Será a terceira disputa de uma Olimpíada. Os 30 anos se aproximam, idade considerada avançada para atletas que disputam a modalidade das argolas.

"O período de preparação começou com o término da Rio 2016. Ainda tenho a mesma rotina de treino, até me perguntam se eu vou mudar. Eu garanto que vai mudar, mas vai ter o momento certo, porque se a gente mostrar a nossa rotina agora os adversários podem observar e mudar a deles. O objetivo real, no mundial, é classificar a equipe para a Olimpíada. Aí história vai ser outra. A gente vai focar principalmente nas argolas e vamos supreender o mundo", conclui.


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