O futebol é de todos

Não há problema em usufruir do que é nosso. Não há porque ter vergonha de torcer pela Seleção, nem curtir a Copa do Mundo

Mais uma Copa do Mundo se inicia sob a luz do espetáculo, mas com o clima pesado do momento. Trovoadas políticas, sociais, econômicas, de segurança, de corrupção. Ainda há clima para torcer pelo Brasil? Por que acompanhar um torneio organizado pela Fifa, entidade tão questionada quanto a sua idoneidade ou mesmo pela CBF, cujo ex-comandante sequer pode sair do País sob risco de ser preso?

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Porque vestir a camisa verde-amarela, indumentária que ficou associada há pouco tempo a uma corrente política? Se perguntam os mais céticos, muitos dos quais são admiradores do futebol. Mas a réplica fica no ar quando nos deparamos com tais posturas inquisidoras. Quem determinou que o esporte tem dono? Quem ordenou que o verde-amarelo tem partido?

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Cair em tais associações não seria uma forma de abandonar o que é nosso e que não tem proprietário individual? Não seria uma forma de dar de bandeja um patrimônio cultural do brasileiro para aqueles que não a merecem por puro desapego?

Quem gosta de futebol e deixa de acompanhar a Copa do Mundo ou dá de ombros para o torneio por forçosas entrelinhas de outros campos faz o mesmo aquele que abandona as ruas pelos problemas sociais.

Por isso, o Mundial de 2018, na Rússia, com todas as suas contradições, as quais não se pode evitar, é mais uma oportunidade de curtir o esporte, assim como a diversidade cultural que nela está impregnada.

Torcer pelo seu País, no nosso caso o Brasil, não pode ser encarado como vergonha alguma, nem mesmo há necessidade de se reduzir a marcha de uma paixão que é quase natural do povo brasileiro. Nos próximos 40 dias, o Mundo irá respirar Copa da Rússia. E as outras 31 seleções que estarão presentes na competição terão apoio das suas populações.

O resgate do verde-amarelo, longe das pretensões políticas, deve ser algo presente e encarado com naturalidade. Que os brasileiros se permitam torcer sem qualquer incômodo, vibrar, se emocionar sem qualquer preconceito. Os problemas da sociedade não irão parar se alguma equipe for campeã ou eliminada, mas, certamente, bons momentos de congraçamento serão lembrados em anos futuros.