Homens do apito no fio da navalha

Profissionais do apito comentam sobre desafio e dificuldades em comandar o maior jogo do Estado

Legenda: Jogadores pressionam árbitro durante Clássico-Rei
Foto: FOTO: ÉRIKA FONSECA (26/04/2015)

O Clássico-Rei, considerado o maior jogo do futebol cearense, envolve várias situações. Muita adrenalina junta, torcidas apaixonadas, jogadores com os nervos à flor da pele e técnicos 'enlouquecidos' à beira do gramado. Dentro desse contexto, um certo profissional tem a missão de conduzir o espetáculo e controlar qualquer tipo de situação dentro do confronto.

Trata-se do árbitro, figura sempre contestada e principalmente quando faz parte do quadro local. Para comentar esta e outras questões a respeito da arbitragem local, a reportagem conversou com dois profissionais bem acostumados a este tipo de partida: Milton Otaviano, presidente da Comissão de Arbitragem da Federação Cearense de Futebol (FCF), e Avelar Rodrigo, árbitro cearense do quadro da CBF e que já apitou vários jogos entre Ceará e Fortaleza.

Na último jogo entre Fortaleza e Ceará, realizado no dia 13 de março deste ano, o trabalho de Magno Cordeiro foi muito questionado pelos críticos. O lance crucial que rendeu comentários negativos durante toda a semana foi o pênalti assinalado a favor do Alvinegro, ainda no primeiro tempo, quando o árbitro interpretou que o zagueiro Lima, do Fortaleza, tocou na bola com o braço dentro da área.

O resultado de toda repercussão sobre a atuação de Magno Cordeiro foi o seu 'afastamento' provisório para uma espécie de reciclagem, assim como explica Milton Otaviano. "Vimos o lance repetidas vezes e concluímos que a bola realmente tocou na cabeça do jogador. É fundamentado que qualquer tipo de situação em que o árbitro venha a cometer um erro desse tipo temos que buscar onde ele errou. São vários elementos que são discutidos e já conversamos com ele a respeito. Ele está passando agora por um processo de aprimoramento, para que lances como esses não se repitam".

Experiência

Apitar um Clássico-Rei sempre envolve muita polêmica. Assunto que não é mais novidade para Avelar Rodrigo, que até o momento em sua carreira já comandou este tipo de espetáculo em seis oportunidades. "Um dos pilares principais para o bom desempenho no clássico é o psicológico, através do foco e da concentração dedicada a um clássico histórico envolvido com muita rivalidade. Busco após a escala me concentrar e buscar apoio principalmente em Deus e nos meus familiares. Hoje, com a realização de seis clássicos, posso dizer que a experiência é algo fundamental para o bom desempenho", assinala.

O árbitro que será responsável por conduzir o próximo Clássico-Rei, neste domingo (27), será César Magalhães, que também pertence ao quadro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Fica a expectativa para que mais uma vez a arbitragem local volte a corresponder e seja eficiente durante a partida. "Temos total confiança no trabalho do César", completa Otaviano.

SAIBA MAIS

Preparação

Na semana do Clássico-Rei, a Comissão de Arbitragem da FCF disponibiliza sempre uma psicóloga para trabalhar a parte emocional do árbitro. O objetivo é ajudá-lo a diminuir a tensão antes da partida

Quadro CBF e Fifa

A arbitragem cearense conta, atualmente, com seis árbitros que também integram o quadro da CBF. Apenas 10 homens do apito no Brasil pertencem ao quadro da Fifa, sendo que a maior parte está no eixo Sul e Sudeste do País