Copa para superar os traumas

Tite e seus comandados terão a missão de recuperar a autoestima coletiva e individual da Seleção Brasileira, após fracasso de 2014 e lesões de jogadores às vésperas da Copa do Mundo da Rússia 2018

Mostrar que superou, de vez, o maior trauma da história das copas, e ao mesmo tempo conquistar o tão sonhado hexacampeonato na Rússia. São esses os principais desafios da seleção brasileira na Copa do Mundo de 2018. Com uma equipe reformulada, em sua maioria, já que dos 23 convocados, apenas seis atletas de 2014 estarão na Rússia, e embalado pela boa campanha nas eliminatórias sul-americanas e seguidos amistosos, não é novidade que o Brasil chega como um dos candidatos ao título em 15 de julho.

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E se a tradição for mantida, cabe a um jogador, em especial, ser protagonista da caminhada rumo ao hexa. Neymar não atuou na vexatória apresentação diante da Alemanha, em 2014, quando os comandados de Felipão foram arrasados por 7 a 1. O atacante, considerado a maior referência da seleção, entra em campo com a mesma responsabilidade de Pelé, em 58, 62 e 70, Romário, em 94, e Ronaldo, em 2002.

Superação também será o desafio do camisa 10 da seleção. Vindo de uma cirurgia no pé direito, Neymar provou, ao menos no último amistoso diante da Croácia, que está com bem fisicamente e com o pé calibrado, já que mostrou a habilidade de sempre e marcou o gol que abriu o placar na vitória por 2 a 0, no último domingo.

Equipe

Mas nem só de Neymar vive a seleção brasileira. O conjunto montado pelo técnico Tite é outro trunfo do Brasil. Jogadores como Willian, Phillipe Coutinho já deram provas de que são eficientes e decisivos. A dupla de volantes é outro diferencial. Com Casemiro centrado na marcação, e Paulinho mais avançado, o Brasil ganha em versatilidade, já que o lateral-esquerdo Marcelo tem mais liberdade para apoiar o ataque, formado por jovens que vivem grande fase em seus clubes pela Europa.

A julgar pelos centroavantes Gabriel Jesus, campeão inglês com o Manchester City, e Roberto Firmino, finalista da Liga dos Campeões pelo Liverpool. Acostumados a balançar as redes adversárias, ambos travam um duelo sadio pela titularidade.

Chegou a hora de mostrar para o mundo que o Brasil está de volta e no caminho certo para chegar a mais um título expressivo em sua rica história no futebol mundial.

Expectativa em Tite

Marcar, nunca defender. Tite, nesses dois anos, imprimiu nos jogadores da Canarinho a consciência tática, a coletividade, deixando de lado, em relação às Seleções anteriores, à dependência do talento individual.

O equilíbrio é valorizado por Tite, que nunca foi de extremos. Estudioso, o técnico brasileiro monta a Seleção de acordo com o adversário e o contexto da partida, mas sempre focando na vitória. O Brasil de 2018, marca homem a homem, defende em bloco, contra-ataca e pressiona a saída de bola do adversário.

De desacreditada, pelo 7 a 1 para a Alemanha em 2014 e pelos fracassos nas Copas Américas de 2015, no Chile, e de 2016, nos Estados Unidos, Tite deu à Seleção o posto de favorita neste mundial, colocando-a como protagonista, resgatando, gradativamente, a confiança do torcedor brasileiro. Em 19 jogos, atingiu 94% de aproveitamento, com 15 vitórias, três empates e uma derrota, essa para Argentina, atuando com uma equipe praticamente de reservas.

A autonomia para trabalhar e o bom relacionamento com os jogadores foram essenciais para o sucesso. O técnico tomou para si a responsabilidade por convocações que tiveram pouco consenso com o público e a imprensa, como na de Taison, que atua no Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, mas com coerência pelo que foi demonstrado nestes dois anos de comando.

Na Copa da Rússia, Tite tem nas mãos uma equipe completa, com opções para o treinador adequar à sua filosofia de modernidade. A fórmula é simples e parte do trio de meio-campistas à frente da defesa. Um cão de guarda, Casemiro; e dois versáteis, Paulinho e Renato Augusto. O volante do Real Madrid é o responsável por destruir as jogadas adversárias e apoiar a subida de Danilo, que herdou a titularidade devido a lesão de Daniel Alves, às vésperas da convocação.

Renato Augusto, hábil, cadencia o jogo e tem a função da saída de bola com qualidade da equipe. Paulinho tem o papel de administrar o jogo, passes precisos, além de ser um elemento surpresa nas jogadas de ataque. Na frente, a criatividade de Philippe Coutinho e a eficiência e técnica de Neymar, nossa principal esperança de gols.arte