Ceará se reinventa durante a Série A e grupo mostra força incomum

Mesmo com orçamento limitado e sem grandes reforços, Ceará conseguiu se superar com um grupo unido, comprometido e com uma espinha dorsal competente, além claro, da comunhão com a torcida que abraçou o time

Não é segredo para ninguém que, para um grande clube do Nordeste, estar na Série A e permanecer nela é uma tarefa das mais difíceis, uma luta hercúlea e desigual com clubes com orçamentos maiores e investimentos catapultados por cotas altíssimas. E para o Ceará, que iniciou a campanha da pior forma possível, com 3 pontos em 9 rodadas e dois técnicos (Chamusca e Jorginho, sem conseguir vitórias), reagir nas 28 rodadas seguintes com Lisca e permanecer para 2019 com antecedência é um dos maiores feitos da história do clube.

>Com campanha de Libertadores no returno, Ceará fica na Série A

A permanência alvinegra é fruto de um esforço conjunto entre diretoria, comissão técnica, jogadores e torcida, com o maior mérito sendo acreditar e não desistir nunca quando tudo parecia perdido.

Aí que surgem nomes como o técnico Lisca, dando um padrão tático a um equipe sem identidade na Série A e mostrando aos jogadores que era possível uma reação, passando pelos atletas, que conseguiram reagir em campo em um ambiente de absoluta pressão por resultados.

Solidez

Priorizando a consistência defensiva, Lisca montou uma defesa sólida para os padrões da Série A - foram 24 gols sofridos em 28 partidas - com uma linha de defesa formada por Everson, Samuel, Luiz Otávio, Tiago Alves e João Lucas (depois a grata surpresa da base Felipe Jonatan).

Com um meio campo brigador com Richardson e Edinho como alicerces na contenção, Juninho Quixadá a peça que faltava para a lucidez criativa, e um ataque operário, Arthur, Calyson e Leandro Carvalho se doaram na recomposição defensiva e aplicação tática na frente, o Ceará virou um time respeitado e difícil se ser batido, apagando a imagem de time praticamente rebaixado.

Com um time ajustado e respeitado pelo adversário, o Vovô não perdeu no Castelão, venceu Corinthians, Vitória, Chapecoense, Atlético/MG e Paraná, e conquistou vitória épicas fora de casa, como ao bater Cruzeiro e Flamengo.

"Provamos ser um grupo de vencedores, de jogadores de brio. Não era fácil trabalhar na última colocação da Série A e ser tratados como jogadores que não serviam para a divisão. Provamos que tínhamos valor e que poderíamos salvar o Ceará, manter o time na Séri e A com muito trabalho e dedicação", declarou o volante Juninho, reserva durante grande parte da campanha, mas muito importante na reta final da Série A.

Wescley

Outro jogador importante na reta final da campanha foi o meia Wescley. Considerado um dos melhores jogadores do elenco, ele fez o primeiro gol do Ceará na Série A, um golaço contra o Corinthians em Itaquera, mas se lesionou gravemente no dia 3 de junho na derrota para o Cruzeiro no Castelão.

Mas quis o destino que ele retornasse no jogo que coroou a permanência do Vovô, o empate em 2 a 2 com o Atlético/PR, marcando o gol do empate. "Esse grupo é maravilhoso e merecia a permanência. O gol foi de todo o grupo, que confiou em mim e me disse que eu era importante".