Ceará é point dos velejadores

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Em nossa Capital, a velocidade dos ventos neste período já chegou a 20km/h, com rajadas alcançando até 70 km/h

A partir do segundo semestre, em nosso Estado, tem início a temporada dos ventos. E a configuração do fenômeno climático torna mais atrativo o litoral cearense e permite a abertura do calendário de competições das entidades que comandam os esportes náuticos como kitesurf, windsurf, wakeboard. O Presidente da Associação de Kitesurf do Ceará (AKC), Humberto Ari, reforçou: “a temporada dos ventos no Ceará já está sendo conhecida como uma das grandes estações não só de kitesurf, como de windsurf, no mundo. Os velejadores europeus, americanos, australianos vêm com muita força a partir de agosto e ficam geralmente até dezembro e janeiro. Então, virou uma verdadeira temporada a estação dos ventos em nosso Estado”.

Beto Ari explicou que “o Ceará entrou no cenário mundial dos esportes náuticos já há alguns anos por conta dos mundiais aqui realizados, primeiro de windsurf e depois kitesurf. E de dois anos para cá, com o trabalho da AKC, apareceram os talentos da terra no kite, fortalecendo a modalidade nas competições locais, interestaduais e internacionais”.

Aliás, a prática de deslizar sobre a água puxado por um kite (“pipa” em inglês) tem atraído cada vez mais adeptos no Brasil. E o Ceará é um dos grandes celeiros do esporte no País exatamente por conta dos fortes e constantes ventos e sol o ano inteiro. E justamente com a chegada da estação dos ventos, a AKC, segundo seu presidente, abrirá sua programação para este ano. “Nosso objetivo é manter o Circuito Cearense de Kitesurf forte, continuando com três etapas, e a primeira delas já está marcada para o fim do mês de agosto. A data ainda vamos confirmar com o Beach Park, que sempre sedia, em parceria com a AKC, a etapa de abertura da competição, mas provavelmente o evento será nos dias 23 e 24/08”.

Ainda no calendário da AKC para esta temporada será disputado o Mundial da KPWT (Kite Pro World Tour). Para outubro pode acontecer uma etapa do Brasileiro em Fortaleza. “E pensamos ainda na criação de outro evento, de nível internacional, até o fim do ano”, disse o presidente Ari.

O objetivo com esse programa é atrair mais turistas para o Ceará. “Nosso Estado tem condição especial para a prática do kitesurf: ventos fortes, água morna, clima ameno. Então, também é importante atrair turistas para a cidade a fim de trazer divisas e tornar a região, com suas praias belíssimas, conhecida”, ressaltou Ari.

No período de julho a dezembro, no Ceará, é possível velejar com ventos em média de 25 nós. Já de janeiro a junho, durante quatro dias, pelo menos, por semana, os velejadores podem usufruir de ventos entre 15 a 20 nós. Com tais condições, o kitesurf já conquistou inúmeros adeptos no Estado e também revelou talentos como José Evandro, 16 anos, e Alexandre Goiaba, ambos da comunidade do Cauípe, além de Tomás Teixeira, do Cumbuco, que são feras do kite na categoria Freestyle (estilo livre), sem esquecer de Kleber Pinho Pepe, de Jericoacoara.

Veio, viu e ficou

Ele é nativo da França, mas há muito está radicado no Ceará. Um apaixonado pelas praias cearenses, Bertrand Guy Colfort veio apenas velejar no Ceará e acabou fixando residência. Atual presidente da Associação Cearense de Windsurf (ACW), ele também ratifica que a partir de agosto a temporada dos ventos em nosso litoral contribui para impulsionar a prática dos esportes da vela como windsurf, kitesurf, wake etc.

“É muito mais radical, muita adrenalina. Com vento forte dá para aliar velocidade e manobras”, afirmou o presidente da ACW. Ele mesmo dá a dica: “essa é a melhor época para aprender a velejar. A partir do segundo semestre, com a temporada dos ventos, tem início a alta estação do windsurf, dos esportes da vela. Nesse período nós temos em média dois eventos de windsurf todo mês, um a cada 15 dias, de Fórmula Wind, Slalom, Longa Distância, Freestyle e Wave”, falou Bertrand.

Amor à primeira vista

Aliás, o presidente da ACW, que começou a velejar aos 10 anos de idade, de barco, conheceu o Ceará quanto tinha já 23 anos. “Quando eu conheci o Ceará já velejava de wind. E disse: ‘aqui é o lugar’. Aí voltei correndo para a França, peguei meu equipamento de wind e vim morar em Fortaleza, onde também encontrei minha esposa”, revelou Bertrand.

ACW participa da parte técnica na realização dos eventos internacionais em Fortaleza. “E para este ano teremos um Sul-Americano de Slalom, no mês de novembro, e ainda o Mundial de F-Windsurf”, adiantou o presidente Bertrand Colfort.

MOACIR FÉLIX
Repórter

RECORDE

200 kitesurfistas no mínimo podem ser vistos num só dia, nesta época de fortes ventos, na Praia do Cumbuco, considerada um dos melhores points de Fortaleza para os praticantes dessa modalidade

DESTAQUES DO KITE
José Evandro brilhou no Circuito Brasileiro

No período de julho a dezembro, no Ceará, é possível velejar com ventos em média de 25 nós. Já de janeiro a junho, durante quatro dias, pelo menos, por semana, os velejadores podem usufruir de ventos entre 15 a 20 nós. Com tais condições, o kitesurf conquistou inúmeros adeptos em nosso Estado e também revelou talentos do nível de José Evandro, 16 anos, e Alexandre Goiaba. A propósito, Evandro foi o velejador cearense que mais brilhou na temporada passada. Ele foi campeão invicto do Circuito Estadual na Freestyle, vencendo as três etapas realizadas e ainda fechou o ano como vice-campeão do Circuito Brasileiro Oi Kitesurf.

Com esse feito, o velejador do Cauípe garantiu vaga na Seleção Brasileira da modalidade, cujos integrantes, com o apoio da Oi, tinham garantidas a participação em pelo menos duas etapas do Circuito Mundial. Porém, em ano de Olimpíada, essa operadora de telefonia celular decidiu investir em atletas olímpicos e retirou o seu apoio do Campeonato Brasileiro.

Mas o kitesurf local conta com outros nomes de peso na Freestyle como Tomás Teixeira, do Cumbuco, e Kleber Pinho Pepe, de Jericoacoara. Além desses, João Henrique, Bruno Bordovisky, Ygon Maia, Gustavo Foerster e Célio Beleza arrebentam na categoria Wave; e da nova geração de velejadores podemos citar Carlos Madson, Eudásio e mais Carlos Mário.

Já no windsurf, um dos principais representantes do Ceará é o velejador Marcílio Browne Neto, o Brawzinho. Ele inscreveu seu nome na história do windsurf do Estado ao conquistar um título no Circuito Profissional de Windsurf - o PWA. Brawzinho foi o destaque na prova “pulos na rampa” da Indoor Windsurfing de 2006, na cidade de Ghent, Bélgica. A vitória lhe rendeu o título de campeão mundial indoor de windsurf e mais US$ 50 mil.

Atual campeão mundial de windsurf freestyle, título ganho na Alemanha, “Brawzinho”, 17 anos, se tornou uma celebridade e será protagonista de um filme de ação, diferente de outras produções de windsurf.

Filho de Marcílio Browne Júnior, um dos precursores do esporte no Ceará, e sobrinho de Nelson Oliveira, também fera da modalidade, o campeão mundial Brawzinho, que disse ter o “windsurf no sangue”, ainda tem o irmão Gabriel já se destacando nesse esporte.

Outros talentos

Mas pelas condições propícias para a prática do windsurf, o Ceará dispõe de outras referências de talento nessa modalidade, como os velejadores Levi Lenz César, Danilo Silva (mais conhecido como Chico Bento), Samuel “Sassá” Teixeira, da Praia de Jericoacoara, Edvan Souza, João Henrique “Janjão”, Ian Mouro Lemos e Francisco Teixeira.

SAIBA MAIS

Começo

O kitesurf surgiu com irmãos Bruno e Dominique Legaignoix. De origem francesa, eles que eram navegadores, surfistas e windsurfistas, desenvolveram uma pipa com câmaras de ar em 1984. Uma vez infladas, o ar não escaparia delas, o que permitia que fossem erguidas novamente da água toda vez que caíssem, sem precisar de ajuda de terceiros. A invenção dos irmãos Legaignoix foi patenteada e eles participaram de uma série de regatas internacionais de velocidade com esquis aquáticos para desenvolver o invento nos anos de 1985 e 1986

Evolução das pipas

Em 1993, as pipas, já então desenvolvidas, começaram a ser vendidas. Porém, antes da invenção dos irmãos Legaignoix, o kitesurf já existia. A maioria das versões sobre o surgimento das pipas (em inglês, kites) aponta a China como lugar de origem, há mais de 2 mil anos. As pipas ajudavam a navegação de barcos e transporte de materiais de construção. Em 1964, Domina Jalbert, dos EUA, criou a primeira pipa inflada de ar. Em 1998, em Maui, no Havaí, foi disputado o 1º Mundial nas modalidades longa distância, wave e slalom. Dos 24 competidores, dois optaram pelo kiteski e o resto usou pipas infláveis. O americano Marcus Flahs Austin foi o campeão geral, com a pipa inflável. Cory Roeseler, com kiteski, ficou em segundo.

Origem do windsurf

Já a origem do windsurf está ligada ao casal Newman e Naomy Darby. A idéia de criar o primeiro modelo do que depois viria a ser chamado de windsurf foi desenvolvida por eles. A remadora Naomy foi a primeira pessoa fotografada com uma prancha de windsurf. Porém, não foi nessa época que o esporte se popularizou. Os altos custos para fabricação das pranchas obrigaram o casal a largar a idéia. Os amigos Hoyle Schweitzer e Jim Drake, quatro anos após, resolveram unir as características do surf com velejo e possibilitar o surf em lagos ou praias sem ondas. Em 1968 eles patentearam o equipamento de windsurf.

LOCAL PARA VELEJO
Litoral cearense tem vários locais para a prática de esportes da vela

Praias como Canoa Quebrada, Fortim e Icapuí, localizadas na chamada Costa do Sol Nascente, são excelentes pontos para a prática do kitesurf. Fortaleza é outro ponto ideal para a prática desse esporte. Já na Costa do Sol Poente, as opções são Cumbuco, Pecém, Taíba, Paracuru, Icaraí, de Amontada e Jericoacoara, o paraíso dos praticantes de kitesurf. Outros points irados para velejar de kitesurf e de wind (vento mais fraco) são Redonda e Barreiras.

O litoral entre Cumbuco e Taíba (passando pelo porto de Pecém) é ótimo local para windsurf e kitesurf. Os ventos alísios sopram forte todos os dias. Há diversos points radicais para wind e kite. Na Taíba, se rolarem as condições certas, o velejo de wind fica muito bom, com ondas e vento lateral. Outro local para um velejo irado é a Praia de Flecheiras.

Capital dos ventos

Fortaleza é um dos melhores destinos para windsurf e kitesurf do Brasil. Venta praticamente todos os dias, para velejar nas ondas com vela 5.2 a 5.5, os famosos Alísios de Sudeste. Existem ótimos points e a vida noturna é uma das melhores do País. Podem ser citados ainda como pontos propícios para o velejo a Praia de Icaraí de Amontada (Icaraizinho), local pouco conhecido pelos turistas. Os ventos são fortes e de través, muito explorado pelos windsurfistas saídos da Capital.

Jeri é paraíso

A Praia de Jericoacoara é considerada também um dos melhores points de windsurf do Ceará e, talvez, do Brasil. Na região de Jeri, a costa é paralela ao Equador, no sentido E-W e paralela, também, a direção dos alísios, que passam pelo local com toda a força. E Paracuru, considerado um pedaço do Caribe no Ceará, não fica atrás. O velejo de windsurf no litoral paracuruense é um dos melhores do Ceará e do Brasil. Além do wind, o vento sopra forte para a prática do kitesurf. Sem esquecer que na Praia do Ronco do Mar são realizados competitivos eventos de surf.