Cabeça bem ocupada

Sem saudades das quadras e de olho em novos desafios, Giba se diz confiante com os rumos do vôlei nacional

Legenda: Aposentado das quadras, Giba está envolvido agora com o projeto Gestour Brasil, que tem como objetivo fomentar o turismo dentro do País
Foto: FOTO: KID JÚNIOR

Muitos atletas profissionais não sabem o que fazer ao acordarem no dia seguinte à aposentadoria. Gilberto Amauri Godoy Filho, o Giba do vôlei, se antecipou e planejou este momento e o futuro. "Parei bem resolvido. Tenho saudades de nada, não", revela o ex-jogador, em entrevista exclusiva à webTV do Diário do Nordeste, a TV DN.

O adjetivo que melhor pode definir Giba é vitorioso. O paranaense nascido em Londrina no dia 23 de dezembro de 1976 venceu a leucemia com menos de um ano de idade, superou uma queda que lhe rendeu 150 pontos no braço e galgou uma vaga eterna na história da seleção brasileira de vôlei, na qual teve a oportunidade de ratificar seu DNA vencedor.

Defendendo o País, Giba conquistou oito vezes a Liga Mundial (entre 2001 e 2010), foi ouro olímpico em Atenas 2004 e também subiu ao lugar mais alto do pódio no Pan do Rio 2007, entre outros títulos nos 16 anos de seleção principal e 23 de carreira no vôlei.

"Brinco sempre que saudade é uma coisa que dá e passa rapidinho. Você olha e se arrepia, se lembra de todos aqueles momentos defendendo a seleção. A era passou, o tempo que eu tinha de ficar já foi", comenta.

Assim que se despediu das quadras, Giba visualizou outras oportunidades e soltou o saque: comentarista de televisão, faculdade de comunicação e marketing, palestrante e empreendedor. "Comecei a vislumbrar alguma coisa, até para não ficar com a cabeça vazia. Ficou com a cabeça vazia, dá problema".

Empreendedorismo

A convite do empresário do ramo de turismo Vadis Luiz da Silva, o ex-atleta se engajou no projeto Gestour Brasil, que reune informações sobre empresas e atrações do País com o objetivo de fomentar o turismo nacional.

"O Brasil precisa de uma plataforma para vender o Ceará, o Nordeste, o Brasil enquanto produto turístico, tanto para brasileiros, como para estrangeiros. E, para isso, chamamos um capitão para levar toda essa torcida, alguém como o Giba, que é uma unanimidade e defendeu a bandeira do Brasil por 20 anos. Agora, o turismo também passa a ter um embaixador e um capitão", explicou Vadis sobre a parceria.

"Eu tinha que arrumar outro jeito de continuar defendendo meu País. E, como morei muito tempo fora, comecei a ver que existiam algumas discriminações dentro do Brasil. Para estrangeiro, o Governo vende Amazônia, Rio de Janeiro e Foz do Iguaçu. O Brasil tem muito mais a mostrar", completou Giba, "cravando" após o levantamento do colega de trabalho.

Liga Mundial

Pensando novamente na igualdade entre as regiões e os estados brasileiros, Giba aponta o investimento no vôlei além do eixo Sudeste como uma melhoria que as autoridades devem buscar para alavancar o esporte no País. "Não é porque estou em Fortaleza. Falo isso em todas as entrevistas: o Brasil pode ter vários talentos em muitos lugares, só porque o esporte não é difundido. Então, por que não fazer times aqui no Nordeste? A gente precisa abrir um pouco mais esse leque", comenta.

Mesmo com os problemas estruturais, Giba se diz ainda esperançoso com o vôlei brasileiro e acredita no título da Liga Mundial (uma de suas especialidades) deste ano, que chega à fase final hoje, em terras brasileiras. O anfitrião, os Estados Unidos, a França, a Polônia, a Sérvia e a Itália já estão na disputa.

"O momento é excelente. O Brasil está em todas as finais de todos os campeonatos que disputa. Tenho certeza que próximo ano vem surpresa aí, quem sabe a medalha de ouro não volta para o Brasil?", projetou o ex-jogador, confiante para o Rio 2016.

(colaborou Messias Borges)