Basquete Cearense: legado maior que título

Com recorde de público na temporada, Carcará foi sinônimo de alegria nas arquibancadas do Ginásio Paulo Sarasate

Ginásio sempre cheio, muita vibração, emoção e festa, independente do resultado ser positivo ou não dentro da quadra. Foi assim a rotina dos últimos jogos do Basquete Cearense nesta edição de número 10 no Novo Basquete Brasil (NBB).

Após a inédita classificação para os playoffs das quartas de final da competição, o esporte se mostra consolidado entre os torcedores e admiradores no Estado do Ceará. A prova disso está nos números, onde o Carcará é detentor dos quatro maiores públicos da temporada. Só na última partida contra o Paulistano, no último dia 25, 9.087 torcedores compareceram às arquibancadas do Ginásio Paulo Sarasate, estabelecendo o recorde de público da competição.

O projeto em Fortaleza começou por iniciativa de Alberto Bial, 65, técnico que já passou por vários clubes do basquete brasileiro. No time do Ceará, ele se divide entre o papel de gestor e de comandante dos jogadores em quadra. A equipe foi fundada em 2012 e tornou-se a primeira do Nordeste a disputar o NBB.

Para Bial, o apoio da associação a programas sociais na cidade ajudou a mobilizar a população. Outro movimento foi convencer as pessoas de que um jogo de basquete pode ser um programa de lazer para a família, distante da rivalidade protagonizada por Ceará e Fortaleza no futebol. "Não tem ginásio nenhum no Brasil que faça um show como o do Basquete Cearense", disse o treinador.

Lance mágico

Uma cesta inusitada fez a imagem do Basquete Cearense se espalhar pelo mundo. Em 21 de março, ainda na temporada regular, Paulinho Boracini foi para a linha de lance livre a dois segundos do fim do jogo, com seu time três pontos atrás do Bauru. Ele converteu o primeiro arremesso. Como só mais um ponto não bastaria, o armador errou o segundo de propósito, pegou o próprio rebote e acertou bola de três pontos da lateral da quadra, praticamente sem ângulo, levando a torcida à loucura no Ginásio Paulo Sarasate.

O vídeo se espalhou por grupos de WhatsApp e viralizou. Foi parar nas redes sociais de veículos de comunicação dos EUA, como a ESPN. "Quando eu olhei meu celular e vi a quantidade de mensagens de pessoas que há tempos não falavam comigo, me deu o estalo de que ganharia repercussão", afirma Thalis Braga, 32, presidente da Associação Basquete Cearense.

Atmosfera

Chegar ao ginásio e sentir o clima proporcionado pelo evento, de perto, é um dos pontos positivos para o professor Carlos Chauvin, que passou a acompanhar os jogos do Carcará na arquibancada. "Eu moro aqui perto e costumava ouvir a torcida de casa. Resolvi conferir de perto e gostei. O clima é familiar e o jogo, o evento, em si, é muito organizado", destacou.

Já a estudante Fernanda Queiroz é uma espécie de torcedora assídua. Ela ressalta que o crescimento do esporte e o crescimento do público a cada temporada. "São poucos os times que têm uma torcida como a nossa. Eu acompanho o Basquete Cearense desde o início, não perdi um. Isso mostra que o esporte está crescendo no Estado", concluiu.