Atletas de Crossfit são testados em prova de 10 horas de duração

A Batalha do Murph, realizada na Sabiaguaba, pôs em xeque as aptidões físicas e mentais de mais de 100 pessoas neste fim de semana. Na arena, homens e mulheres passaram por séries extenuantes de exercícios. Além de academias, equipes da Marinha e da Aeronáutica também marcaram presença

Corra 1,6 km. Realize 100 puxadas na barra fixa. Execute 200 flexões no chão. Depois, faça 300 agachamentos. E, pra fechar, corra mais 1,6 km. Ainda de pé? Agora, repita todo o ritual mais 11 vezes. Essa foi a proposta da Batalha do Murph, campeonato de Crossfit que movimentou a Sabiaguaba neste sábado. Onze equipes disputaram o troféu de time mais condicionado da modalidade.

O ciclo pesado de atividades surgiu das fantasias de Magno Lira, organizador do evento. "Por que não?", pensou. "O Murph é o treino mais famoso no mundo do Crossfit e, todo ano, os boxes realizam uma confraternização com ele. Nossa ideia foi reunir todos esses boxes para engrandecer o esporte", destaca. Como o Murph foi criado em homenagem a um militar, grupos das Forças Armadas também aderiram ao evento: um da Base Aérea de Fortaleza e outro da Marinha Brasileira.

O hero wods "Murph" foi criado em 2005, após a morte do tenente da Marinha americana Michael Patrick Murphy. O militar foi condecorado com a Medalha de Honra pelo Congresso dos EUA por ter se exposto a tiros inimigos para fazer uma chamada via satélite solicitando resgate à sua equipe, num confronto na província de Kunar, no Afeganistão. Ele tinha 29 anos.

Técnica

As equipes de 12 membros, mistas (com pelo menos duas mulheres), tinham prazo máximo de 10 horas para finalizar todos os exercícios. Com um limite tão grande, chega um momento em que a disputa se transforma num jogo mental. "Além da preparação física, você trabalha muito a estratégia. O atleta está condicionado, mas precisa tratar a parte psicológica, a autoestima e a autossuperação", explica Magno Lira.

Um quebra-cabeças foi montado pela equipe de Wladson Damasceno, o "Calango de Aço" da CrossFit Dragão do Mar, de acordo com as capacidades de cada membro. No caso dele, o melhor exercício é a barra fixa; por outro lado, o agachamento se torna o calcanhar de Aquiles. Mas, no fim de tudo, com a respiração ofegante e coberto de suor, o atleta garante: "É muito gratificante. Eu indico isso pra todo mundo, pra toda pessoa que quiser fazer Crossfit e sentir essa energia bacana".

Conciliar as aptidões também foi desafio para a estudante Nathália Fontenele. Mesmo considerando "tudo" difícil, ela não fez corpo mole. Fosse na corrida, nas barras ou nas flexões, o objetivo era se superar. "O Crossfit é um esporte novo aqui no Brasil e com certeza a mulher está ganhando espaço em todo canto, inclusive no esporte", opina.

Cuidados

A empolgação, no entanto, não pode permitir descuidos. Em atividades de longa duração, é essencial ter sempre uma garrafinha de água à mão, como explicou a médica Daniela Araújo antes de entrar na arena. "A competição exige demais do corpo. São curtos tempos de exercício, mas muito extenuantes, então é importante hidratação antes, durante e depois da prova", recomenda.

Conforme o nutrólogo Moacir Bezerra, apenas 2% de desidratação já compromete o rendimento do atleta. Já na alimentação, o nutriente chave é o carboidrato, que deve ser ingerido tanto antes como durante e depois do evento.

E quem ficou na vontade de testar a experiência, já pode ir começando os treinos. Segundo o organizador Magno Lira, a edição 2019 da Batalha do Murph já está confirmada. Ela deve ocorrer num hangar da Base Aérea de Fortaleza, no bairro Aeroporto.


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