Taxa de desemprego segue estável na RMF

No mês passado, a taxa chegou a 7,6% na Região, apenas 0,2 abaixo do índice registrado em outubro

Escrito por Redação ,
Legenda: Entre os setores de atividade econômica, o incremento do mercado de trabalho na RMF foi puxado pela construção civil, que gerou 9 mil postos
Foto: Foto: kiko silva

O desemprego tornou a cair na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) em novembro na comparação com o mês anterior. A taxa de desemprego do penúltimo mês do ano chegou a 7,6% na RMF, apenas 0,2 abaixo do índice registrado em outubro (7,8%). Em números absolutos, o contingente de desempregados somou 146 mil pessoas, correspondendo a três mil a menos na fila do desemprego em relação a outubro (149 mil). Porém, face a novembro de 2013 (127 mil), o total de desempregados aumentou, com o ingresso de 19 mil novos desempregados no mercado de trabalho local.

Na contramão do desemprego, o nível ocupacional apresentou elevação em Fortaleza e Região Metropolitana, com a criação de 18 mil postos de trabalho no mês e de 85 mil em um ano. Foram contabilizados 1,77 milhão de ocupados em novembro deste ano, contra 1,75 milhão em outubro e 1,68 milhão em novembro do ano passado, com crescimento relativo de 1% no mês e de 5% em doze meses.

Os dados refletem os resultados da décima primeira edição do ano da Pesquisa de Emprego e Desemprego na RMF (PED), que foi divulgada, ontem, por técnicos do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT) e do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Para Erle Mesquita, analista de mercado de trabalho do IDT, as informações indicam que "a economia da RMF voltou a dar indícios de crescimento em novembro, porém, o aumento da pressão sobre o mercado de trabalho contribuiu para que a taxa de desemprego permanecesse estável".

Por outro lado, o especialista observa que "no comparativo anual a entrada de pessoas na PEA (104 mil) foi bem maior do que o número de ocupações geradas (85 mil). O resultado dessa diferença foi o acréscimo de 19 mil desempregados na Região. Isso fez com que nossa taxa de desemprego (7,6%) ficasse acima da taxa de novembro de 2013 (7%)", explica.

Setores

Entre os setores de atividade econômica, o incremento do mercado de trabalho na Região Metropolitana de Fortaleza foi puxado pela construção civil e pelo segmento de comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas, que geraram nove mil e oito mil ocupações no mês, respectivamente.

Por sua vez, a indústria de transformação criou apenas mil postos em novembro. Já o serviços se manteve estável, com as mesmas 846 mil ocupações verificadas no mês anterior.

O levantamento aponta também expansão da formalidade. Das 55 mil vagas criadas no setor privado em um ano, 54 mil foram com carteira assinada. "Esse é o nível mais expressivo de formalização que atingimos na Região Metropolitana nos últimos seis anos. Em dezembro de 2008, quando iniciamos a PED, apenas 32,8% do nosso mercado tinha carteira assinada, hoje são 44%". Segundo Mesquita, 64% dos empregos gerados no ano na RMF foram com carteira.

Rendimento de empregados tem queda de 3% em um ano

Apesar das melhoras de cenário no mercado de trabalho local, o trabalhador cearense continua "pagando, a conta". É o que avalia Ediran Teixeira, coordenador da PED no Dieese.

Segundo ele, apesar da discreta alta de 0,6% da renda dos ocupados entre setembro e outubro, em um ano, a queda no rendimento do total de ocupados chega a 3%. Entre os assalariados, então, as perdas são de 0,8%, no mês, e de 6,2%, no ano.

Em relação aos setores, a maior retração anual está no setor de serviços (-5,8%). No setor público, os trabalhadores amargaram perda de -14,2% .

"Quando a oferta de trabalho é maior que a ocupação, logicamente vai impactar na negociação salarial. Então as taxas de desemprego aberto estão muito grandes, aumentando o universo industrial de reserva. Está havendo uma dificuldade de negociar novos salários além da conjuntura econômica. As pessoas estão pressionando, mas e a gente observa o salário caindo".

Segundo ele, somando autônomas e domésticos aos empregos sem carteira, 36% do nosso mercado de trabalho ainda está ligado à informalidade - quadro que também dificulta a negociação de salários. "Quem consegue negociar ainda é o autônomo, que está na informalidade e teve alta de 4,1% na renda entre novembro de 2013 e de 2014".

Temos aí a conta chegando para o trabalhador. Temos geração de emprego, queda na taxa de desemprego, uma exigência maior do mercado por anos de estudo, mas em contrapartida, por conta da maior pressão sobre o mercado, temos um salário menor frente ao ano anterior.

Outros estados

Na comparação com outros mercados do Nordeste temos o menor nível salarial. "Nós pagamos R$ 1.171 - 93% do salário de Salvador (R$ 1.264) e 92% do salário de Recife (R$ 1.274). Enquanto tivemos 3% de decréscimo, Salvador teve alta de 2,3% e Recife cresceu 2,7% no salário. Ou seja, no Nordeste, Fortaleza é a única Capital que teve queda de renda",a firma. "Nosso mercado de trabalho cresceu na mesma proporção do PIB do Ceará, mas a repartição da renda não foi feita. Para onde está indo o crescimento dessa renda?" E acrescenta: "Como se explica um estado que cresce rico e perpetua a má distribuição de renda?", diz Ediran Teixeira. (AC)

Ângela Cavalcante
Repórter

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