TACV planeja trazer turistas islandeses ao Estado

Plano da companhia aérea será concretizado por meio da parceria com o grupo Icelandair

Escrito por Hugo Renan do Nascimento - Repórter ,

Com pelo menos 10 anos em operação em Fortaleza, a Cabo Verde Airlines (TACV) lançou, ontem (17), mais uma frequência na Capital. Dessa vez, os dois voos semanais terão como destino a Ilha do Sal, nova base da companhia. As operações terão uma conexão rápida em Cabo Verde com destino a Lisboa e Paris, a partir de fevereiro, e Milão, com início em março. Uma das estratégias da TACV é atrair mais brasileiros utilizando o stopover.

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Em entrevista ao Diário do Nordeste, Mário Chaves, CEO da TACV, disse que, com a parceria com o grupo Icelandair, a ideia é trazer mais islandeses ao Brasil. A Icelandair é uma empresa aérea com sede na Islândia, país europeu que está localizado no Atlântico Norte, e uma das principais investidoras da TACV.

Com planos de expandir as operações no Brasil, Chaves afirmou ainda que neste ano Salvador (BA) ganhará voos da Cabo Verde Airlines.

As passagens para Lisboa, Paris e Milão já estão disponíveis para compra no site da companhia. Em pesquisa direta no canal da TACV, os trechos de ida (19/3) e volta (29/3) para Milão, por exemplo, custam a partir de R$ 1.936,68 com as taxas incluídas. Já para Paris, viajando no dia 2/2 com volta em 9/2, os bilhetes estão sendo comercializados a partir de R$ 2.141,27. Para Lisboa, os trechos de 7 a 14/2 estão disponíveis por R$ 2.908.41, ida e volta com as taxas de embarque.

Como você avalia a concorrência direta com as companhias europeias em Fortaleza?

Nós temos um histórico, embora estou a falar enquanto membro do grupo Icelandair, nós temos uma experiência no grupo Icelandair de um caráter supercompetitivo. Talvez seja uma introdução de rotas e de uma pressão de uma low cost em rotas transatlânticas que nós já fazemos. No Atlântico Norte já existe isso. Portanto, a aposta tem que ser no produto e no serviço. Nós temos que ser diferenciados, temos de ter tarifas competitivas, obviamente, temos de ver isto, mas temos que ser mais que isso. Temos que oferecer um tempo de ligação interessante, temos que oferecer um stopover atraente, para conhecer um novo local em pouco tempo, mas tem que ser uma combinação de tudo isso. Eu acredito que não tem que ser só tarifa. Podemos melhorar diariamente os nossos serviços. É um esforço que temos que fazer para criar uma ainda melhor experiência para o nosso passageiro.

Qual a posição da Icelandair na TACV?

A Icelandair (empresa aérea da Islândia) não comprou a TACV. A Cabo Verde Airlines mantém-se 100% estatal. O que existe é um contrato entre o grupo Icelandair e o governo de Cabo Verde para fazer a gestão da empresa, feita juntamente com a equipe da TACV. Eu tenho uma equipe que me apoia, não sou o único que está na empresa. Nós temos uma equipe alargada de muita experiência que tenta tirar proveito das sinergias e know how que existe dentro do grupo Icelandair para implementar processos, medidas e iniciativas que façam de fato com que a TACV se torne uma companhia que opera em um hub com um produto diferenciado e com uma qualidade muito interessante.

Com essa ligação de vocês com a Icelandair, existe a possibilidade de atrair o público islandês para Fortaleza e até mesmo para o Cabo Verde?

Eu posso dizer que já estamos a atrair esse público. Nós temos uma tripulação de cockpit que são pilotos islandeses e, portanto, posso dizer que todos eles já têm curiosidade de conhecer Fortaleza e Recife e que isso naturalmente vai acontecer em pouco tempo. A Islândia é um país muito pequeno como o próprio Cabo Verde. Só a nossa operação estar na Ilha do Sal já desperta a curiosidade de muitos islandeses. Colegas que eu tenho já desistiram das férias na Ásia para fazerem as férias familiares no Cabo Verde. Então, vamos tentar fazer o combinado com o Brasil também muito em breve para atrair turistas islandeses.

Como está atualmente a ocupação dos voos da TACV aqui em Fortaleza?

Nós tivemos uma ocupação muito boa em dezembro, principalmente no Natal. É necessário perceber que tudo isso tem sido gradual, porém muito rápido. É necessário ver a resposta do mercado. A ocupação tem sido muito boa do ponto de vista do Natal e em janeiro estamos muito confiantes com os resultados.

Existem planos da companhia para expandir as operações no Brasil?

Sim. Nós temos as cidades de Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo nos nossos interesses para operar. No caso de Salvador, na Bahia, faz parte dos nossos planos e, portanto, pretendemos abrir ainda em 2018. O objetivo das operações em Salvador é dar ligação sempre para Lisboa, Paris e Milão, como já acontece em Fortaleza e Recife. Com essa possibilidade de stopover sem custo adicionais. Esse stopover é uma possibilidade para os passageiros que viajam entre o Brasil e a Europa com uma estadia máxima de sete dias.

Quantos voos Fortaleza vai ter para Cabo Verde a partir deste anúncio?

A partir do dia 1º de fevereiro, serão dois voos semanais, na quarta e na sexta-feira. Na quarta para ligar, com conexão, a Lisboa, e na sexta, Paris. A partir do dia 19 de março teremos Milão às segundas e quintas com partidas da Ilha do Sal. Neste caso não será acrescida uma frequência a mais em Fortaleza. Mas a nossa intenção é aumentar as frequências a partir de Fortaleza. Vai depender da resposta do mercado. Até o verão (junho) essas frequências podem aumentar.

Como estão os preços da TACV?

Nós estamos com alguns valores promocionais e que neste momento estão bastante competitivos. As passagens aéreas já estão sendo vendidas nos canais da companhia e nós apostamos em um novo produto que é um produto de frente que traz um melhor conforto para os clientes.

Vocês também têm ligações para os Estados Unidos. Vai ser possível para os viajantes cearenses fazerem conexão na Ilha do Sal para os Estados Unidos?

Nós hoje já operamos em Boston. Mas esse voo sempre foi visto como um voo étnico. Um voo que trazia e levava imigrantes do Cabo Verde para os Estados Unidos, portanto, não foi trabalhada uma ligação. Nós estamos a fazer um trabalho até o verão, até junho, nós teremos essas ligações-chaves. Isso significa que os passageiros de Fortaleza terão de 1h30 a 2h de conexão para o voo de Boston, portanto, se pensarmos que temos 4h de Fortaleza para a Ilha do Sal, mais 1h30 de conexão e mais 7h até Boston. Estamos falando em 12h de voo no total. O tempo de viagem em relação às conexões em São Paulo é melhor.

No ano passado, vocês tiveram problemas com um dos aviões da companhia. Como está a atual frota e quais os planos para novos aviões?

Nós temos neste momento duas aeronaves em serviço. Ambas vieram da Icelandair e ainda estão com as cores da Icelandair. São dois Boeings 757 com cabines diferentes se comparadas as configurações da outra aeronave da TACV. Essa frota será reforçada com mais duas aeronaves muito em breve, mas nós temos um conjunto de aperfeiçoamentos em janeiro e por isso eu não queria garantir nada por enquanto. As aeronaves virão para cobrir outros destinos na África Ocidental. Estamos em processo de pedir autorização ainda em alguns países. Estamos a fechar estes processos agora em janeiro e até o início de fevereiro estaremos resolvendo isso. Nós também temos planos de, no futuro, termos aeronaves menores e ganhar a maior flexibilidade possível. Nós precisamos deste tipo de aeronave e está nos nossos planos termos aeronaves novas, mas a nossa preocupação atualmente é o conforto do passageiro.

Sobre os mercados de Fortaleza e Recife, qual a sua avaliação?

É um pouco difícil neste momento conseguir responder essa pergunta. O potencial que nós calculamos é bem similar, mas Recife, pelo fato de termos um volume maior, deverá ter uma maior capacidade de crescimento. O mercado em Fortaleza respondeu mais rápido às nossas ofertas e está respondendo neste momento mais rápido a isso. Portanto, a resposta para essa nossa nova campanha, no Ceará foi quase imediata. Os dois mercados são muito similares e estamos mais tempo em Fortaleza, há pelo menos 10 anos. E em Recife estamos há uns dois anos.

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