Sonegação de impostos chega a R$ 200 bilhões

Procuradores da Fazenda defendem a ampliação do número de funcionários para combater a prática

Escrito por Redação ,
Legenda: Os R$ 200 bilhões representam 25,1% do total arrecadado pelo poder público neste ano - R$ 795 bilhões, segundo o Impostômetro
Foto: Foto: Érika Fonseca

Os impostos sonegados no Brasil neste ano já somam R$ 200 bilhões, segundo levantamento do Sonegômetro, ferramenta virtual criada pelo Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz) para medir a sonegação fiscal no País. Conforme a entidade, o montante corresponde a mais de duas vezes a economia pretendida pelo Governo Federal com a aprovação do pacote de ajustes fiscais, estimado entre R$ 70 e R$ 80 bilhões.

Os R$ 200 bilhões, que foram atingidos na noite de ontem, representam 25,1% do total arrecadado pelo poder público neste ano - R$ 795 bilhões, segundo o impostômetro, que mede a arrecadação do País.

Para o presidente do Sinprofaz, Heráclio Camargo, um dos principais motivos para o montante elevado sonegado nos cinco primeiros meses do ano é o número insuficiente de profissionais que combatem a prática. "A AGU (Advocacia Geral da União) e, em especial, a PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional) estão sucateadas", frisa, acrescentando que existe hoje um déficit de 400 procuradores na Fazenda Nacional.

Déficit

Atualmente, informa, a Fazenda conta com 2 mil profissionais. Heráclito Camargo ressalta que, além do número insuficiente de procuradores, a infraestrutura precária é outro obstáculo para o combate à sonegação. "As instalações não estão boas, trabalhamos em salas com goteiras, faltam servidores de apoio, telefonistas, estagiários", ilustra".

Conforme Camargo, os sonegadores aproveitam a brecha deixada pela estrutura deficiente da Fazenda para realizar uma série de ações ilícitas, que envolvem desde lavagem de dinheiro a corrupção de agentes públicos.

Investimento

O presidente do Sinprofaz defende que a ampliação do número de procuradores e a melhoria das condições de trabalho não devem ser apontadas como um gasto adicional para o poder público, uma vez que o investimento em novos profissionais resultaria numa redução da sonegação e em economia para o tesouro nacional.

Camargo afirma que, para cara R$ 1 investido na Procuradoria-Geral, R$ 20 são devolvidos ao poder público. "As grandes operações da Polícia Federal cuidam dos efeitos que foram causados (pela sonegação). Mas nós atuamos no combate preventivo", salienta.

Segundo Heráclio, 319 procuradores da Fazenda Nacional entregaram ontem seus cargos de confiança, como forma de exigir melhores condições de trabalho. O número representa 94% dos 340 profissionais que possuíam esse tipo de posto. Conforme o Sinprofaz, os profissionais da PGFN foi responsáveis pela recuperação de R$ 20 bilhões para os cofres públicos no ano passado.

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