Só 11% estão satisfeitos com a economia no País

O estudo também contempla a percepção que os brasileiros têm de sua situação local, que é mais otimista

Escrito por Redação ,

São Paulo/Fortaleza. O Brasil é um dos países mais insatisfeitos com sua atual situação econômica. Segundo o instituto de pesquisa Ipsos Public Affairs, que realiza um ranking global mensal com 24 países, em abril, apenas 11% dos brasileiros avaliaram o momento econômico do País como bom. É o menor patamar desde o início da pesquisa, em 2010. No longo prazo, porém, o Brasil segue entre os países mais otimistas com a possibilidade de reversão do quadro.

A percepção do brasileiro começou a cair de forma mais acentuada em 2013. "Tivemos as manifestações de junho e a primeira grande queda nesse índice", diz o diretor da Ipsos Dorival Mata-Machado "Porém, nós vimos, às vésperas da primeira manifestação deste ano (em março), um novo caminho de queda. Continua grande a crítica ao momento atual, e a percepção quanto à situação econômica ainda é muito preocupante", diz.

Inflação e consumo

Para ele, o descontentamento do brasileiro está relacionado sobretudo à queda na oferta de crédito e à alta inflação, que resultam na queda do consumo. "Essa percepção mais negativa vem atingindo também as classes mais baixas, bem como o Nordeste, que começa a sentir agora, mais tardiamente, os efeitos da crise", diz Mata-Machado. Estudo da consultoria IPC Marketing indica que a participação do Nordeste no consumo nacional cairá de 19,5% para 19% neste ano, o primeiro recuo desde 2010. "O principal detonador da confiança foi a queda do dinheiro disponível e a maior percepção da inflação - aquele dinheiro que o trabalhador conseguiu ganhar nos últimos anos começa a sair do seu bolso", diz.

Segundo o Banco Central, a expectativa dos economistas é de, com a alta do dólar e dos preços administrados, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atinja 8,25% em 2015.

Pessimismo exagerado

O estudo da Ipsos também contempla a percepção que os brasileiros têm de sua situação local, como cidade ou Estado. Nesse quesito, 18% da população considera sua economia local forte - cinco pontos porcentuais acima do mês anterior e sete pontos a mais do que em relação à perspectiva econômica nacional.

"É um dado curioso, pois também pode indicar um certo pessimismo exagerado. Num momento de pessimismo, todo mundo tende a ver as coisas de forma mais negativa no quadro geral, ainda que não tenha essa mesma percepção no seu dia a dia."

Quem está bem

Segundo o ranking global, o País mais satisfeito com sua economia atual é a Arábia Saudita, com a aprovação de 93% da população. Em último lugar, atrás do Brasil e da França, está a Itália, com 10% da população satisfeita - dois pontos porcentuais a mais do que no início do ano.

Opinião do especialista

Aperto gera efeito amargo no curto prazo

O baixo índice de satisfação dos brasileiros com relação ao momento econômico está de acordo com a situação pela qual o País está passando. Estamos vivendo uma deterioração dos fundamentos e indicadores econômicos. Os juros estão maiores, os impostos mais altos, o crédito mais curto. Essa política monetária apertada é, de certa maneira, contracionista, gerando um efeito amargo no curto prazo.

Sem dúvida, essa política está reduzindo o poder de compra dos consumidores, impactando negativamente na confiança dos empresários e das famílias em geral. Os custos das empresas, por exemplo, vem aumentando consideravelmente, daí o aumento das taxas de desemprego do Brasil nos últimos meses.

Com relação à região Nordeste, acredito que o consumo das famílias deve continuar acima da média nacional, mas 2015 já se apresenta como um ano bem difícil para a economia.

Ricardo Eleutério
Economista

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