Sindipostos reconhece descompasso em preços

Presidente da entidade admite que empresários ainda não aprenderam a lidar com política da Petrobras, após 6 meses

Escrito por Murilo Viana - Repórter ,
Legenda: Presidente do Sindipostos-CE, Manuel Novais Neto, e proprietário do posto Aliança, Guilherme Meireles, concederam coletiva ontem
Foto: FOTO: JL ROSA

Os postos de combustíveis do Ceará ainda não se adaptaram à dinâmica de reajustes quase diários de preços que a Petrobras pratica, e ainda não há previsão de quando esse descompasso entre as mudanças nos valores nas refinarias e nas bombas irá acabar, segundo o presidente do Sindicato dos Revendedores de Combustíveis do Ceará (Sindipostos-CE), Manuel Novais Neto. "Nós, varejistas, vamos ter que aprender a trabalhar. Nós estamos aprendendo. Estamos no 'maternal'. Temos só seis meses (desde que a Petrobras implementou a nova política de reajustes)", argumentou o presidente.

Questionado sobre até quando irá perdurar esse período de adaptação, Novais Neto disse que não há como prever. "Nós vamos fazer o seguinte: vou sair daqui e quando eu for para casa vou procurar nos postes a plaquinha da Mãe Dináh (vidente), vou ligar, marcar uma consulta. Se ela me disser, eu lhe digo na hora. Não dá para saber. O mercado vai ter que amadurecer ao nível de ter essa oscilação diária", salientou o presidente do Sindipostos-CE.

Manuel Novais Neto alegou que os clientes muitas vezes não percebem nas bombas as baixas que a Petrobras aplica porque os postos já tem deixado de repassar altas ao consumidor final.

"Os postos não repassaram aos clientes os últimos cinco aumentos da Petrobras, e quando há uma baixa (nas refinarias), aí vocês cobram que a gente baixe imediatamente. Vocês esquecem o que está represado. O problema é esse", argumentou o representante da entidade.

No Ceará, o preço médio do litro da gasolina custa R$ 4,372, sexto maior do País, segundo o mais recente levantamento feito pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Posto interditado

O Sindipostos-CE convocou coletiva na tarde de ontem (22) para informar que o posto Aliança, na Av. Santos Dumont, interditado na sexta-feira (19) pelo Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Decon) por suposta adulteração no combustível, voltou a funcionar. O Decon disse que ontem "foi convidado pelo Programa da Petrobras 'De Olho no Combustível' a acompanhar nova aferição no 'Posto Aliança', quando foi constado percentual de 28% na gasolina aditivada e de 27% na gasolina comum, estando, portanto, em conformidade com as normas".

O proprietário do posto, Guilherme Meireles, alega que o órgão errou na aferição, o que ocasionou as irregularidades. "Um teste desse tem que usar uma solução aquosa ou então uma água destilada com sal. Eles usaram água de torneira. O segundo erro: você não pode lacrar um posto sem deixar uma contraprova. Como é que eu vou me defender?", argumentou.

Erro do estabelecimento

Já o Decon diz que o estabelecimento foi o próprio responsável pelo erro, já que a primeira aferição foi realizada "com material fornecido pelo próprio estabelecimento, conforme orienta a Resolução nº 41 de 05/11/2013 da ANP. Os fiscais do Decon cumpriram todas as normas estabelecidas pela ANP e o órgão não se responsabiliza caso os materiais ou os procedimentos da empresa sejam inadequados. O erro na aferição, neste caso, ocorreu por inadequações nos instrumentos e nos procedimentos de medição: proveta engordurada e ausência de solução aquosa e de água destilada".

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.