Show de Paul movimenta sobretudo setor de transporte

Escrito por Redação ,
Como a Capital sedia poucos eventos desse porte, muitos setores não sabem mensurar o quanto serão afetados

Com capacidade para receber mais de 50 mil pessoas, o show do ex-beatle Paul McCartney na Arena Castelão, que ocorre hoje, está movimentando diferentes setores da economia. Diante do primeiro teste na Capital cearense com um evento desse porte muitos setores ainda não conseguem mensurar em quanto serão impactados.

O show do ex-beatle, que será realizado hoje, conta com a organização de duas empresas, sendo uma delas do Ceará FotoS: Divulgação

No caso do setor de transporte, a demanda é tão grande que tem sido difícil para os grupos locar vans de última hora. Conforme o proprietário da Mot´Al Tur, Kleiber Mourão, todas as dez vans da empresa, cada uma com 15 vagas, já estão locadas há duas semanas. "Já terceirizei o serviço e passei as turmas para outros colegas", diz.

Segundo Mourão, apenas em períodos como Réveillon e Carnaval há tanta demanda. Na empresa Rota 66, todas as vans também já estão locadas desde a semana passada, com serviço que inclui motorista.

Para atender à procura local, a Nettour, empresa que atua no mercado de receptivo, também alugou toda a frota para pessoas que vão ao evento. Conforme a auxiliar de receptivo, Renata Bandeira, foram dois micro-ônibus e três vans. "Não sentimos um impacto de quem vem de fora para o show, mas do próprio fortalezense", afirma.

Evento

O show do ex-beatle conta com a organização de uma empresa nacional, a Planmusic, e da cearense Arte Produções. "As empresas estão cada vez mais se consorciando, para juntas terem uma força maior. Se consorcia, ela deixa um percentual maior para a economia local", afirma o diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Empresas de Eventos no Ceará (Abeoc-CE) Hermano Bezerra.

De acordo com ele, os "mega shows" impactam, primeiramente, o setor de transportes. "Partindo especificamente para o show em si, tem o segmento que mobiliza grandes fornecedores de estruturas, toda a infraestrutura de palco, sonorização, decoração, receptivo, segurança e limpeza", destaca.

Ele reforça que a demanda de profissionais é maior durante o evento, quando são contratados freelances em diferentes setores - desde recepcionistas a assistentes de palco.

Pacotes

Para homenagear o cantor, o cartunista José de Souza vendeu camisetas com a imagem de Paul McCartney junto de elementos tipicamente cearenses

 Para receber os turistas, a agência Casablanca Turismo ofereceu pacotes de uma ou três noites, que incluía ingresso, além das passagens e hospedagem. Segundo a supervisora de eventos da empresa, Camila Fernandes, são esperados cerca de 15 mil visitantes. A estimativa foi feita com base no evento que ocorreu, em Recife, em 2012, quando o público de turistas do show representou 30% do total.

Oportunidade

Com o intuito de homenagear o ídolo, o cartunista e ilustrador Francisco José de Souza Júnior, mais conhecido como Soza, passou a comercializar blusas com a imagem de Paul McCartney junto de elementos tipicamente cearenses. Foram cerca de 500 camisas vendidas, cada uma por R$ 30. Conforme Soza, apesar da quantidade, o lucro praticamente não existiu. "O retorno para a minha imagem, com visibilidade para o meu trabalho, foi muito significativo", afirma.

Segundo ele, a ideia de produzir as camisas surgiu "por acaso", no primeiro show de Paul no Brasil, em 2010. "Fiz para mim e para minha esposa, para irmos ao show. Os amigos viram e começaram a pedir. Providenciei para umas seis pessoas. Como foi se espalhando, e eu não tinha suporte, mandei a arte para meus amigos de outros estados".

Apesar de não trabalhar com foco na produção de camisetas, o "beatlemaníaco" apostou na homenagem. Também na apresentação do ex-beatle Ringo Starr no Brasil, em 2011, ele produziu um modelo voltado para o evento. Em 2012, com o show de Paul em Recife, Soza fez uma caricatura específica, que remetia ao nome da turnê, "On The Run". Nela, Paul aparecia com uma sombrinha típica do frevo. Novamente, porém, ele não conseguiu fazer em escala maior, por não ter verba suficiente para montar estoque de produtos.

Preparação

Com as especulações da passagem da turnê "Out There" em Fortaleza, ele se antecipou com o estoque. "Coloquei elementos icônicos na imagem para representar bem a localidade. Tentei fugir da ideia específica do cangaceiro, o jegue ou a paisagem da seca. Pesquisei e vi que, em Fortaleza, o ícone maior da cultura é a jangada", explica.

Além de colocar o músico na jangada, cuja vela traz a bandeira do Ceará, Paul é representado ao lado de duas garrafinhas de areia, feitas artesanalmente no Estado. Para finalizar o trabalho, o desenho do mar foi pensado com muito cuidado, que, se bem observado, pode ser visto o formato do mapa do Estado.

GABRIELA RAMOS
REPÓRTER
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