Setores mostram preocupação no CE

Escrito por Redação ,
Legenda: Até o momento, a oscilação cambial ainda não afetou o preço do trigo importado pelo Brasil

A alta ininterrupta do dólar vem trazendo preocupação a setores da economia cearense, como o de avicultura, panificação, confeitaria, além das indústrias química e farmacêutica. Embora considere a elevação da moeda passageira, players cearenses já estão retraídos quanto à importação de milho para alimentar aves, vindo principalmente da Argentina. "(A alta do dólar) ainda está no campo das especulações e precisamos de mais tempo para ver como agir, mas ninguém está fechando negócios a dólar", afirma o presidente da Associação Cearense de Avicultura (Aceav), João Jorge Reis.

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Diante do cenário atual, acrescenta João Jorge Reis, será priorizado temporariamente o abastecimento do milho produzido no mercado interno, mais especificamente em Tocantins, Piauí, Maranhão e Bahia. "Ao mesmo tempo em que produz efeitos negativos sobre a economia, a alta do dólar beneficia aos exportadores de insumos, como o milho", pondera Reis.

Outro segmento preocupado com a forte flutuação cambial é a indústria química, que engloba a produção de cosméticos, plásticos, tintas, colchões, etc. De acordo com Marcos Soares, presidente do Sindiquímica - Ceará, a base da indústria química é completamente "lastreada no dólar" e tem hoje como principais emissores de insumos China, Índia, Alemanha e Estados Unidos.

Mesmo diante de um aumento nos custos de importação, o empresário evita repassá-los ao consumidor final, comprometendo seu faturamento. "A indústria está absorvendo mais esse custo. Já houve um com o tabelamento de frete, e agora vem essa alta do dólar, em um momento de baixa demanda e desaquecimento da economia", critica.

Alternativas

Uma das saídas encontradas para reduzir os custos é apostar na inovação viabilizada por meio de parcerias com a academia, com o Estado, e com entidades do Sistema S, como Sesi e Senai. Uma forma de "mostrar aos sindicatos que se pode fazer mais com menos, inovando no produto, mudando a formulação".

Vice-presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Ceará (Sindpan), Lauro Martins estima que a alta do dólar ainda não chegou a impactar no preço do trigo importado da Argentina.

O preço médio do quilo do pão francês, por exemplo, deve se manter na casa dos R$ 12 a R$ 13. Caso o valor do trigo importado suba e seja repassado para a farinha de trigo, o reajuste deve chegar ao consumidor final. "Dependendo do índice de reajuste, provavelmente se repassa para os produtos finais. Mas, até agora, não houve nenhum impacto no preço da farinha".

Menos descontos

A indústria farmacêutica também demanda muita matéria importada em sua fabricação. Embora o reajuste de medicamentos ocorra somente uma vez por ano (31 de março), com a devida regulação da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), as farmácias poderão deixar de repassar descontos, antes recebidos das distribuidoras, aos consumidores.

Impactando, portanto, no preço final desses produtos, avalia o presidente da Fecomércio-CE, Maurício Filizola. "É possível que isso aconteça, mas temos que aguardar. Nas farmácias, é possível que materiais médico hospitalares venham a encarecer e, por conseguinte, impactar nos preços dos planos de saúde", complementa Filizola.

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