Setor produtivo aguarda sinais positivos em 2017

Resultado das vendas do fim de ano deve ser o termômetro da confiança do consumidor

Escrito por Yohanna Pinheiro - Repórter ,
Legenda: A construção civil já apresenta pontuais indicativos de melhora, como a presença de mais clientes pesquisando valores de imóveis
Foto: FOTO: HELOSA ARAÚJO

Levando em conta a diversidade de fatores necessários para a retomada do crescimento brasileiro, setores da economia cearense admitem que levará tempo até que a economia local e nacional se restabeleçam, mas já aguardam sinalizações positivas de crescimento ou, pelo menos, de estabilização, em 2017.

É o caso da indústria da construção civil, que já começa a perceber alguns sinais de melhora. De acordo com André Montenegro, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), os clientes já estão voltando a pesquisar preços de imóveis, ainda que muito lentamente.

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"O mercado está muito ofertado nesse momento. No primeiro semestre (de 2017), a ideia é não lançarmos nada e esperar reduzir um pouco o estoque de imóveis", pontuou. "A maioria das empresas estão com projetos de prateleira, para lançar em um momento em que o mercado estiver mais aquecido".

Outros bons sinais, segundo Montenegro, é a queda gradual da inflação e também da taxa de juros, o que facilita o acesso dos consumidores ao crédito. "É preciso que o consumidor esteja confiante. Já esperamos sentir uma melhora de fato no mercado no primeiro semestre do próximo ano", apontou o presidente.

Varejo

Um grande termômetro da confiança do consumidor, segundo Freitas Cordeiro, presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL) do Ceará, será o resultado das vendas no fim do ano. "Nesse dezembro, vamos ter uma sinalização, que vai ser positiva, aí alivia para todos. Mas ainda em uma escala acanhada", explicou Freitas.

O presidente avalia que o ano de 2017 deverá ser instável para a economia, com muitas oscilações. "Nossa crise se instalou muito mais pela questão política que econômica. Enquanto não tivermos um sinal claro da estabilização da política, o mercado continuará sensível".

Indústria

Na avaliação de Beto Studart, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), é preciso paciência, pois levará mais de um ano para que a economia seja reorganizada. Para ele, o País segue no caminho certo com a discussão de reformas previdenciária, trabalhista e outras, que avalia serem essenciais para a retomada do crescimento econômico.

"Em 2017, há uma tendência de crescimento de 1,3%. Já é um alento por sair de um quadro negativo. Ao fim do próximo ano e em 2018, quando as reformas já estiverem implementadas, é que vamos poder observar o resultado das primeiras providências tomadas", pontuou.

Studart destaca ainda que, apesar de a indústria cearense estar enfrentando dificuldades por conta da crise, a economia do Estado segue com relativa segurança. "Mesmo com o agravante da seca, o Estado navega com certa estabilidade", disse.

Estiagem

No caso da agropecuária, a situação é mais dramática. Após cinco anos seguidos de seca, a única esperança para retomar o crescimento da atividade é que haja um bom inverno em 2017. Segundo Flávio Saboya, presidente da Federação da Agropecuária do Estado do Ceará (Faec), já se chegou ao "ponto final" da disponibilidade hídrica no Estado. "Todas as empresas que recebiam água para irrigação, principalmente as que estão no Vale do Jaguaribe, tiveram suas outorgas suspensas. Isso levou à suspensão de novos plantios", explicou Saboya. A pecuária, conforme o presidente, enfrenta o mesmo problema, principalmente na produção de leite. "No Sertão Central, onde está a maior parte da atividade pecuarista, os açudes já secaram. Isso vai levando, paulatinamente, a uma redução na oferta de leite, à necessidade de vender animais para cobrir despesas", pontuou.

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