'Saída da recessão será muito lenta'

Escrito por Redação ,
Legenda: Segundo Regis Bonelli, "os vetores do crescimento não parecem ter um futuro muito brilhante"

São Paulo. Para o pesquisador Regis Bonelli, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), o Brasil não tem um caminho fácil pela frente. Na avaliação dele, a economia brasileira deve sair da recessão crescendo a taxas muito baixas. Enquanto alguns economistas veem um avanço econômico perto de 2% em 2017, o Ibre prevê uma estagnação.

"Nós vemos uma saída da recessão, provavelmente, no fim deste ano, mas a taxas muito, muito baixas", afirma. "Prevemos uma saída da recessão, mas muito lenta. Os vetores de crescimento como investimento e infraestrutura e a contribuição do setor externo não parecem até o momento ter um futuro muito brilhante", acrescentou.

Para ele, o quadro negativo está ligado à capacidade ociosa, o que faz com que a recuperação do investimento seja demorada. "A indústria, que é o caso mais claro, não tem estoques tão altos, mas ainda há muita capacidade ociosa. O investimento em infraestrutura ainda é uma incógnita. Aparentemente, o governo está conseguindo avançar nas concessões, mas não será um resultado imediato. E, por enquanto, os programas estão bastante tímidos", diz.

Sobre a participação do setor externo para a recuperação da economia brasileira, Bonelli lembra que, em 2015, esse tipo de contribuição foi muito boa, mas, neste ano, deverá ser menor, uma vez que as exportações não serão notáveis em termos de quantidade. "E, se a economia se estabilizar - como a gente acredita neste segundo semestre - a tendência é que retome um pouco das importações", avalia.

O pesquisador destaca ainda que as expectativas estão melhorando, mas muito lentamente. "Você olha as respostas e vê alguma coisa um pouco melhor, mas ainda patinando no fundo do poço. Isso, entre os empresários. Porque, no caso dos consumidores, não é assim. A situação ainda está ruim, com uma incerteza muito alta. A nossa previsão é de que o desemprego passe de 11% e aumente no ano que vem. Além disso, as famílias ainda estão digerindo um ciclo de endividamento", afirma.

Produtividade

Sobre a produtividade no País, o pesquisador lembra que "o Brasil tem uma descontinuidade desde 1980. Agora, mais recentemente, duas coisas chamam mais a atenção. Na indústria, a produtividade está caindo desde 1997, ou seja, há quase 20 anos. Nesse período, em apenas cinco anos a produtividade aumentou. O outro ponto é na economia como um todo. O Brasil teve ganhos muito grandes de produtividade na época da bonança externa, no boom de commodities, entre 2003 e 2011. Mas, no primeiro governo Dilma, a produtividade despencou, porque os ventos externos começaram a soprar contra".

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