S&P reduz perspectiva de nota da Coelce e BNB

Agência de classificação de risco também fez o mesmo com outras 39 empresas e instituições financeiras do País

Escrito por Redação ,
Legenda: Coelce não quis se pronunciar sobre a mudança promovida pela agência de classificação de risco, mas BNB reforçou a manutenção do grau de investimento da instituição financeira
Foto: Fotos: miguel portela/alex costa

Brasília/Fortaleza. Após mudar a perspectiva de nota do Brasil de estável para negativa, a agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) também fez, nesta quarta-feira (29), a mesma alteração para 30 empresas e 11 instituições financeiras brasileiras. Dentre as afetadas estão o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e a Companhia Energética do Ceará (Coelce).

A agência manteve as notas das empresas e mudou somente a perspectiva, assim como fez com a nota de crédito em moeda estrangeira do Brasil no longo prazo, que permanece em BBB-. Assim, o País manteve o grau de investimento, ou seja, continua sendo considerado seguro para investidores, mas pode ter sua nota rebaixada no futuro breve.

Em comunicado, o BNB reforçou a manutenção do grau de investimento. "Muito embora tenha havido uma alteração na perspectiva da nota de risco do Banco do Nordeste, por parte da agência Standard & Poors, salientamos que foi preservada sua nota. Esclarecemos que a classificação do BNB é limitada ao rating soberano, de forma que qualquer alteração em sua nota, ou até mesmo na sua perspectiva, passa primordialmente pela melhoria da classificação do risco de crédito do Brasil", ressaltou a instituição financeira, através de sua assessoria de imprensa. Procurada, a Coelce disse apenas que "não está comentando sobre o tema".

Lista

Em linhas gerais, a mudança para as empresas brasileiras é uma consequência da alteração de perspectiva de nota do Brasil. Na última terça-feira (28), a agência informou em comunicado que houve "uma correção significativa de política durante o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff", mas, mesmo assim, "o País enfrenta circunstâncias políticas e econômicas desafiadoras". Ontem, a S&P divulgou a lista das empresas afetadas. Além da Coelce, destaque para a AmBev (Companhia de Bebidas das Américas), Eletrobrás e Votorantim Cimentos S.A.

Entre os bancos e entidades financeiras que tiveram a perspectiva alterada para negativa, além do BNB, foram afetados: Bradesco; Itaú Unibanco Holding; Itaú Unibanco, Citibank; Banco do Brasil (BB); Banco do Estado do Rio Grande do Sul; Santander (Brasil); BM&FBovespa S.A-Bolsa de Valores; Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Caixa Econômica Federal.

Levy tenta acalmar

Depois do anúncio da revisão da perspectiva da nota do Brasil pela S&P, a preocupação do governo agora é com o risco de as agências Fitch e Moody's seguirem o mesmo caminho. Em conversas com investidores estrangeiros para tranquilizar o mercado, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, reafirmou o compromisso do governo com o controle de gastos e da trajetória da relação entre a dívida pública e o Produto Interno Bruto (PIB).

Com mais uma notícia ruim, a avaliação que ganhou força no governo foi a de que a decisão da S&P pode fazer o Congresso "acordar" e aprovar as reformas necessárias o mais rápido possível. Levy reforçou nos contatos com os investidores a necessidade de apoio dos parlamentares às medidas de ajuste fiscal e de estímulo ao crescimento.

O papel do Congresso para evitar o risco de perda do grau de investimento ficou mais em evidência, diante do relatório da S&P, que apontou preocupações com as turbulências políticas no País. Embora temida pela área econômica e até esperada por causa da crise política associada ao baixo crescimento, a revisão da perspectiva da nota surpreendeu pelo momento do anúncio.

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