RMF fecha 25 mil postos de trabalho formal

Mesmo com a queda no número de ocupados, a taxa de desemprego permaneceu estável entre janeiro e fevereiro

Escrito por Redação ,
Legenda: Das 25 mil vagas canceladas em fevereiro, 16 mil (64%) correspondem à construção civil. O segundo setor a eliminar mais postos foi o comércio, com queda de 9 mil empregos no mesmo intervalo
Foto: Fotos: BRUNO GOMES/LUCAS DE MENEZES

Com cortes sobretudo na construção civil e no comércio, a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) registrou queda de 25 mil postos de trabalho em fevereiro deste ano, em comparação com o mês imediatamente anterior. Com o resultado, o número de ocupados na região sofreu queda de 1,4%, passando de 1,729 milhão de pessoas para 1,704 milhão. Os dados foram divulgados ontem (26) na Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), apresentada por técnicos do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT) e do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Apesar da queda significativa no número de ocupados, a taxa de desemprego permaneceu estável no período, variando de 7,1%, em janeiro, para 7,2%, no mês seguinte. Conforme indica o coordenador de estudos e análise de mercado do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), Erle Mesquita, a estabilidade no índice se deve ao fato de que cerca de 25 mil pessoas deixaram de pressionar o mercado de trabalho no mesmo período.

Essas pessoas, explica, deixaram de procurar emprego em fevereiro, não sendo mais considerados como desempregados pela pesquisa. "A gente ainda não sabe os motivos para essas pessoas terem deixado de procurar emprego. Mas as razões podem ser muitas. Por exemplo, no momento em que as pessoas veem que as oportunidades estão menores, acabam desistindo de procurar (emprego)", ressalta, acrescentando que o IDT fará estudos para identificar as causas desse comportamento.

O analista aponta que, caso não houvesse acontecido a saída de um número tão expressivo de pessoas do mercado de trabalho, a variação na taxa de desemprego, em fevereiro, seria de 0,5% a 1%. "Nós estamos vivendo o efeito da sazonalidade agregado aos problemas econômicos. Então, as pessoas não se dispõem a procurar vagas, mesmo tendo necessidade, porque o mercado não está gerando emprego", acrescenta o coordenador da PED no Dieese, Ediran Teixeira.

Participação

Conforme a pesquisa, a taxa de participação da população no mercado de trabalho recuou nesse intervalo, passando de 57,2% para 56,4%. Essa foi a terceira queda consecutiva do índice. De acordo com Mesquita, a redução na participação tem afetado trabalhadores de perfis variados, atingindo homens e mulheres de diferentes faixas etárias.

A PED também aponta que o tempo médio de procura por trabalho permaneceu o mesmo, de 22 semanas. Houve redução, porém, no tempo registrado em fevereiro de 2014, quando se gastava em média 27 semanas.

Rendimentos

De acordo com a PED, o rendimento médio real dos ocupados cresceu 1,2% entre dezembro de 2014 e janeiro de 2015. A pesquisa aponta alta no rendimento dos assalariados com carteira (0,9%) e queda no caso dos autônomos e dos trabalhadores sem carteira (ambos de 0,9%).

Ediran Teixeira aponta também que, apesar de os avanços da economia cearense, nos últimos anos, terem contribuído para a melhora da renda dos trabalhadores no Estado, a disparidade entre aqueles que ganham mais e aqueles que recebem menos tem aumentado.

"Há uma piora na distribuição de renda, significando que a riqueza que foi gerada não está indo tanto para os trabalhadores", ilustra.

Por setor

Das 25 mil vagas canceladas em fevereiro, 16 mil (64%) correspondem à construção civil, que no mês passado empregava 147 mil pessoas. O segundo setor a eliminar mais postos foi o comércio, com queda de 9 mil empregos no mesmo intervalo. A redução foi de 2,2% no total de vagas - 392 mil em fevereiro.

O único setor a registrar aumento de postos de trabalho nesse período foi o de serviços, no qual o número de ocupados passou de 814 mil para 818 mil, indicando alta de 0,5%. Em relação a fevereiro de 2014, o comércio foi o setor que eliminou o maior número de ocupações, totalizando 22 mil vagas a menos. Nesse intervalo, a queda foi de 5,3% no setor. Em 12 meses, a taxa de desemprego caiu 0,5%.

Desemprego é o maior desde 2011

Rio. A taxa de desemprego aumentou em todas as seis regiões metropolitanas analisadas pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A maior taxa de desemprego continuou sendo registrada em Salvador, que passou de 9% em fevereiro de 2014 para 10,8% no mês passado.

O Rio de Janeiro apresentou a menor taxa de desemprego. Na capital fluminense, a taxa subiu de 3,9% para 4,2% no período. As demais regiões metropolitanas tiveram as seguintes altas: Recife (passou de 6,4% para 7%), São Paulo (passou de 5,5% para 6,1%), Belo Horizonte (passou de 3,9% para 4,9%) e Porto Alegre (de 3,3% para 4,7%).

A taxa média nacional (das seis regiões) passou de 5,1%, em fevereiro do ano passado, para 5,9% em fevereiro deste ano, a maior para o mês desde 2011. "Em 2014, tivemos uma estabilidade na população ocupada, sem expansão ou retração, e uma população desocupada que só caía. A desocupação não pressionava e nem havia dispensa. Mas, nos dois primeiros meses de 2015, o que a gente tem de comportamento é a queda da população ocupada e o crescimento da população desocupada", disse a pesquisadora do IBGE Adriana Beringuy.

A população ocupada, de 22,8 milhões, manteve-se estável em relação a fevereiro do ano passado, mas caiu 1% em relação a janeiro deste ano. A população desocupada cresceu 14,1% em relação a fevereiro de 2014 e 10,2% em relação a janeiro deste ano. Entre os grupamentos de atividade, a população ocupada caiu em dois setores na comparação com fevereiro de 2014: indústria (-7,1%) e construção (-5,9%). A indústria perdeu 259 mil postos de trabalho em um ano, sendo a maior parte na indústria automobilística (47 mil). Já os empregos com carteira assinada mantiveram-se estáveis em cerca de 11,5 milhões.

João Moura
Repórter

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.