Renegociar dívida fica mais fácil com dinheiro na mão

Cenário de crise econômica também tem ampliado a disposição dos credores para negociar os débitos

Escrito por Redação ,
Legenda: Diariamente, dezenas de pessoas procuram o posto de consulta do SPC , na CDL de Fortaleza, para verificar se existe restrição em seus nomes. Em muitos casos, elas têm o conhecimento da dívida, mas muitos só descobrem o débito na hora da pesquisa

Sair do "vermelho" e tirar o nome do cadastro de negativados é um sonho de todos os endividados. A renegociação desses débitos, sobretudo em tempos de crise econômica, tem gerado uma disposição maior dos credores para reduzir juros e até cobrar, em alguns casos, somente o principal do valor em atraso.

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Agora, com a liberação de recursos das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) surge mais uma oportunidade para grande parte dos 30,2 milhões de trabalhadores brasileiros, sendo 533,8 mil cearenses beneficiados com a medida, de pagarem débitos em atraso com melhores condições. A chance é também de voltar a ter acesso ao crédito neste momento de dificuldade econômica no Brasil.

No caso de consumidores que estão inadimplentes no cheque especial e no cartão de crédito, os débitos devem ser quitados o mais rápido possível, tendo em vista as elevadas taxas de juros que essas duas modalidades de crédito possuem.

Quando o consumidor está com o dinheiro na mão e disposto a regularizar sua situação financeira, as instituições credoras tendem a oferecer abatimentos maiores, sendo mais flexíveis à renegociação.

Haverá ainda situações em que o valor sacado dos recursos do FGTS de inativos do FGTS não será suficiente para pagar as dívidas. Mas uma das opções que o consumidor tem para complementar o pagamento é o empréstimo consignado, com juros bem inferiores quando comparado ao cheque especial e cartão de crédito. No entanto, especialistas alertam que empréstimos de grandes importâncias não valem a pena.

Para o presidente do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), Roque Pellizzaro Junior, os saques beneficiarão, principalmente os cidadãos das classes C, D e E, que deverão utilizar o dinheiro para as necessidades mais urgentes.

Com base em pesquisas recentes do SPC, estima-se que cerca de 50% do dinheiro sacado pelo trabalhador seja destinado ao pagamento de dívidas, 30% para economizar e o restante para outros gastos.

"O acesso ao dinheiro das contas inativas do FGTS é uma medida importante para injetar uma quantidade de dinheiro significativa na economia do País. Isso pode ajudar o cidadão afetado pela crise a sanar suas dívidas, limpar o nome e recuperar seu crédito", reforça Pellizzaro. "Ao reduzir a inadimplência, o impacto sobre a economia é positivo, resultando em menores taxas de juros cobradas ao consumidor", acrescenta.

Busca de regularização

Diariamente, dezenas de pessoas procuram o posto de consulta do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), localizado na sede da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza, para verificar se existe alguma restrição em seus nomes. Em muitos casos, elas têm o conhecimento da dívida, mas muitos só descobrem o débito na hora da pesquisa. Após identificar as empresas credoras, cada cidadão tem que negociar individualmente com as instituições.

O aposentado Francisco Rodrigues, 52, foi ao local verificar a sua situação, pois pretende renegociar o valor de financiamento de um imóvel com a Caixa Econômica. Descobriu que está com o nome restrito devido a um débito com a Enel. "A conta é de R$ 82 e está atrasada há dez dias, mas vou quitar", disse.

Para dormir em paz

A outra dívida do aposentado que apareceu no sistema do SPC estava relacionada a um empréstimo junto ao Banco Itaú, em 2013, no valor de R$ 780. Por conta dos juros, o débito já estava em R$ 39 mil. "O banco cobrou apenas a dívida inicial de R$ 780 e já consegui pagar à vista. Estou apenas esperando os cinco dias úteis para que saia a pendência do meu nome. A gente perde o sono com estas coisas", reforça.

Planejamento

A secretária Ana Carolina de Souza, 24, quer ter o "nome limpo" ainda neste ano para conseguir financiar um imóvel e, futuramente, um carro. "Descobri duas dívidas que não sabia, uma com a GVT (Vivo) e outra com a Casa Pio. Sobre as quantias, ela não tem ideia do que está em aberto com os credores. "Ainda tenho que ver a questão do juros, mas a intenção é começar a pagar", informou.

Crédito

A desempregada Keila Mendonça, 29, também se sente incomodada por estar inadimplente. Por não ter crédito na praça, no fim do ano passado, pediu aos familiares ajuda para comprar roupas para seus três filhos. As dívidas dela são com a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) e Banco do Nordeste (BNB). "Para as contas de água, fiz um acordo e paguei três parcelas de R$ 75, mas fiquei sem emprego e não consegui pagar mais", explica, dizendo que vai tentar um novo acordo com a empresa.

Impotência

A dona de casa G. E., 54, pediu para não ser identificada e diz se sentir impotente por está com o "nome sujo". "É ruim você não ter crédito na praça. Estou precisando comprar algumas coisas e não consigo", disse. Entre as dívidas que ela tem, há mais de um ano, estão a compra de um celular no Carrefour e a de um telefone fixo da Oi.

O vendedor Francisco da Chagas, 39, também encontrou um tempinho na agenda para ir ao SPC checar seu nome. Entre os credores estão o Bradesco Cartões e o Hipercard. "Vou ver em cada local quanto devo para começar a pagar", destaca.

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