Renda do brasileiro cai 9,4%; segunda maior em 116 anos

Escrito por Redação ,
Legenda: Para 2017, a projeção é de mais uma queda do PIB per capita, de 0,1%, o que levaria a uma perda acumulada de 10% em quatro anos
Foto: Foto: Tuno Vieira

São Paulo/Fortaleza. A renda per capita do brasileiro deverá encerrar o triênio 2014-2016 com a segunda maior queda em 116 anos. De acordo com cálculo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV), a estimativa é que o Produto Interno Bruto (PIB) per capita do País tenha uma retração de 9,4% no período. O resultado só fica atrás do verificado entre 1981 e 1983, quando o indicador registrou queda de 12,4%.

Para 2017, a projeção do centro de estudos da FGV é de mais uma queda do PIB per capita, desta vez de 0,1%, resultado que levaria a uma perda acumulada de 10% da renda per capita em quatro anos. Com o crescimento demográfico em torno de 0,9% ao ano, seria necessária uma expansão do PIB de pelo menos dessa proporção para que a relação entre PIB e número de habitantes permanecesse constante.

De acordo com o economista Ricardo Eleutério, o declínio já era esperado em função da estagnação da economia em 2014, quando o PIB cresceu 0,1%, e, principalmente, da queda da atividade econômica vista em 2015 (-3,8%) e projetada para 2016 (-3,3%). "A economia brasileira estagnou em 2014 e caiu em 2015 e 2016 em patamares muito altos, enquanto a população seguiu crescendo. Com isso, a renda diminuiu", explicou.

Perspectiva

O economista relembra que, quando a economia brasileira estava crescendo, antes de 2014, a perspectiva de dobrar a renda per capita da população era estimada em 100 anos. "Antes da retração, já era necessário um século para dobrar a renda per capita. Agora, o horizonte para essa duplicação é dramático", lamentou Eleutério.

Para Sílvia Matos, economista do Ibre responsável pelo estudo, a amplitude da queda da renda per capita brasileira foi acima do esperado. Ela aponta ser necessário crescer continuamente para chegar a bons resultados, sendo justamente esta a dificuldade do País. "Damos passos pra frente e pra trás", ressaltou.

Programas sociais

Na avaliação da economista, os programas sociais funcionaram para evitar quedas ainda maiores."Não havia os benefícios sociais e programas de transferência de renda que vieram com a Constituição de 1988. Hoje nós temos uma rede muito mais ampla do que no passado", observa a economista.

Mesmo que o País retome as rédeas do crescimento e a recessão seja interrompida, uma recuperação contundente da atividade econômica como as que já aconteceram após várias quedas no passado não são esperadas. Matos acredita que, dessa vez, houve muita destruição de capital e tanto famílias quanto governos estão muito afetados.

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