Reforço na energia; ministro apela a Deus

Entre as medidas previstas, está a antecipação da entrada de usinas termelétricas da Petrobras

Escrito por Redação ,
Legenda: O ministro Eduardo Braga afirmou que, se não tivesse havido atrasos em projetos de hidrelétricas, a situação atual seria diferente
Foto: Foto: agência senado

Brasília. Depois dos desligamentos de energia ocorridos na última segunda-feira (19), em 11 estados e no Distrito Federal, o governo vai tomar medidas para reforçar a geração de energia no País. Segundo o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, serão adicionados 1,5 mil megawatts (MW) ao sistema elétrico da Região Sudeste.

Entre as medidas, está a antecipação da entrada de usinas termelétricas da Petrobras, que estão em manutenção preventiva. Até o dia 18 de fevereiro serão adicionados 867 MW ao sistema. Também será feita a transferência adicional de 300 MW da Usina de Itaipu, o repasse de mais 400 MW de energia para as regiões Sudeste e Centro-Oeste e a ressincronização da Usina Nuclear Angra 1, com despacho parcial entre 100 MW e 200 MW. "Estamos fortalecendo o sistema para que intercorrências como a de ontem tenham ainda um nível maior de segurança", disse Braga.

O ministro explicou que o problema registrado ontem começou quando houve variação de geração de um gigawatt na linha de transmissão que liga o Nordeste ao Sul do País. Depois disso, várias usinas foram desativadas, sendo que a primeira foi a Usina Governador Ney Braga, no Paraná, administrada pela Copel, com 1,2 mil MW de potência, que foi desligada por atuação indevida da proteção de potência reversa. No entanto, ainda não é possível identificar se esse desligamento foi ocasionado por falha técnica ou humana.

Atrasos

Eduardo Braga ressaltou que se não tivessem sido registrados atrasos em grandes projetos de hidrelétricas como Belo Monte, no Pará, Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, a situação atual seria diferente. "Se Belo Monte já estivesse funcionando, se não tivessem tocado fogo no canteiro de Jirau, se não tivesse acontecido nada em Santo Antônio, se todas as obras estivessem funcionando dentro do cronograma, nada disso estaria acontecendo", acrescentou.

O corte de energia na segunda-feira, 19, foi praticamente o dobro do divulgado oficialmente pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A instabilidade na frequência do sistema elétrico que desligou 11 usinas, entre elas Angra 1, teria totalizado 2,2 mil megawatts. As distribuidoras contabilizaram perdas de 4.123 MW.

Braga afirmou que é preciso contar com Deus para que haja mais chuvas e, com isso, sejam recuperados os níveis dos reservatórios das hidrelétricas, o que garantiria mais tranquilidade no fornecimento. "Deus é brasileiro. Temos que contar que ele vai trazer um pouco de umidade e chuva para que possamos ter mais tranquilidade ainda", disse, em tom de brincadeira.

O ministro convocou uma coletiva de imprensa na sede do ministério, em Brasília, para comentar os resultados da reunião feita durante a tarde pelo ONS (Operador Nacional do Sistema), com participação de técnicos da pasta e da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

Durante a entrevista, a luz do auditório apagou e a plateia ficou por alguns segundos no escuro. "Essa intercorrência foi do escurinho do cinema", brincou, enquanto um de seus assessores correu para religar a luz.

Causas das falhas

Segundo o relatório lido por Braga, a usina Governador Ney Braga, da Copel, foi desligada por "atuação indevida da proteção de potência reversa". Até que se avalie a questão, essa proteção está temporariamente desabilitada. Depois, as usinas Amador Aguiar e Volta Grande, da Cemig, foram desligadas por atuação dos "limitadores de abertura do distribuidor", que já teriam sido ajustados. A unidade 1 da usina hidrelétrica Cana Brava e a unidade 2 de S. Salvador, da Tractebel, teriam desligado por oscilação de potência e agora terão de passar por reavaliação em seus ajustes de controle.

Repasse da CDE para tarifa deve superar R$ 23 bilhões

Brasília. A conta que deverá ser repassada para o consumidor de energia pode chegar aos R$ 23 bilhões e ainda ter de ser corrigida pelo efeito de aumento no preço dos combustíveis, anunciado na última segunda-feira pelo governo. A informação é do diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Tiago Correia.

Ele é o relator do processo na agência que definirá os recursos do fundo do setor elétrico neste ano, a chamada Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), de onde saem todos os pagamentos, incluindo as despesas com programas sociais, como Luz para Todos. Com o anunciado fim das injeções do Tesouro Nacional para esta conta, o consumidor terá de pagar sozinho por todos os gastos (via aumento de tarifa), que, em 2014, até o mês de novembro, superavam a marca dos R$ 12 bilhões.

A estimativa inicial do orçamento de 2015 previa uma ajuda para o fundo, vinda do Tesouro Nacional, de R$ 9 bilhões, mas que acabou sendo cancelada pelo governo.

Adiamento

A divulgação do valor final da CDE, que definiria o montante que será inserido na conta de luz dos consumidores, inicialmente prevista para a manhã de ontem, foi adiada, por tempo indeterminado, pela Aneel, ainda na segunda-feira, quando ocorreu o apagão que afetou em 11 Estados e o Distrito Federal.

A agência não informou, contudo, o motivo de o processo ter sido retirado de pauta e nem o novo prazo para que o assunto seja deliberado.

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