Recessão obriga casais a ajustes; mercado estável

Segmento de festas movimentou menos em 2015, mas cerimônias continuam crescendo em quantidade

Escrito por Redação ,
Legenda: A festa para os noivos cearenses custa, em média, R$ 30 mil, e é feita para aproximadamente 150 convidados
Foto: Foto: Fabiane de Paula

Maio é o mês delas, mas hoje, mais do que nunca, todos os outros onze meses do ano também são. Casar neste período foi o desejo de muitas noivas, mas a alta demanda pelo mês fez com que produtos e serviços que dizem respeito à data ficassem mais inacessíveis, dificultando a realização do que ainda é, para muitos no Brasil e no resto do mundo, o sonho de uma vida.

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No entanto, isso não é razão para desistência da cerimônia. Com o obstáculo, outros meses acabam entrando no jogo - alguns deles são escolhidos a partir de um simbolismo para os noivos, como o mês do primeiro beijo ou do início do namoro. Há quem escolha também o fim do ano para poder contar com o reforço do 13º salário na festa ou quem prefira mesmo meses menos disputados já na intenção de angariar bons descontos na contratação dos serviços.

Com os anos de recessão econômica, práticas para gastar menos como essa se tornaram ainda mais recorrentes, além de alguns outros cortes no orçamento; tudo para não abrir mão de marcar o início da vida à dois de uma forma especial. A cerimonialista Kellyanne Morais avalia que o perfil dos casamentos cearenses é bem amplo e destaca que as prioridades vão de acordo com o gosto do casal, mas, no geral, os noivos que assessora priorizam um ambiente agradável, bom serviço de buffet, com garçons qualificados e gentis e comida de qualidade, além de bastante animação na festa, que custa, em média, R$ 30 mil e é feita para 150 convidados.

"Para alguns, uma decoração impecável é prioridade. Para outros, a prioridade é uma banda emocionante na cerimônia e bastante animada na recepção", detalha Kellyanne.

Dessa forma, a cerimonialista avalia que a decisão do que deve ser cortado ou enxugado no orçamento também depende muito do gosto deles. Entre as estratégias mais recorrentes para conter os gastos na preparação da festa está o cuidado na elaboração da lista de convidados, escolhendo apenas familiares mais próximos e amigos do convívio dos noivos.

Enquanto algumas ainda preferem toda a pompa de um dia de cuidados em um salão que seja referência nesse tipo de serviço, há quem tenha optado apenas pela maquiagem e cabelo "delivery" pela praticidade e também pelo custo mais baixo.

Nacional

Dados da pesquisa da Associação Brasileira de Festas (Abrafesta) em parceria com a Locomotiva Pesquisa e Estratégia, divulgados em abril deste ano, revelam que, em 2016, o mercado de festas e cerimônias movimentou R$ 17 bilhões no Brasil (-0,1%) demonstrando certa estabilidade em relação a 2015, quando o gasto era de R$ 17,02 bilhões e havia crescido 1,3% ante 2014 (R$ 16,8 bilhões).

Apesar do orçamento mais apertado, os casamentos seguem crescendo no Brasil. Ainda segundo a pesquisa, o número desses eventos no País alcançou a marca de 1,132 milhão em 2015. O número é menor do que o registrado em 2014 (1,102 milhão), que é menor que o observado em 2013 (1,053 milhão), que por sua vez é menor que o dado de 2011 (1,027 milhão), e assim por diante. Desde 2005, o número de festas de casamento cresceu 51,1% ao passar de 749 mil há 12 anos, para o dado mais recente da associação que representa o setor.

Na avaliação do presidente da Abrafesta, Ricardo Dias, as pessoas continuam realizando eventos para celebrar a união no País, mas com um número menor de convidados. "Primeiro a gente vê que as festas continuam acontecendo e depois que o faturamento se manteve", explica. Ele destaca ainda que não foram só os convidados que diminuíram, mas também a quantidade de serviços contratados. "As pessoas estão deixando só a parte do principal".

Entretanto, ele avalia que, com uma possível reação da economia, o mercado de casamentos e festas deve reagir rapidamente. "Esse setor anda mais rápido, diferente de outros setores. Acredito que, em uma melhora da economia, em seis meses o mercado já reagiria", detalha Ricardo Dias. (IC)

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