Rais: administração pública lidera eliminação de vagas

Escrito por Redação ,

Fortaleza/São Paulo. A administração pública liderou a eliminação de vagas formais de emprego entre 2015 e 2016, ao registrar saldo negativo de 36.299 postos no período, segundo o Relatório Anual de Informações Sociais (Rais), divulgado ontem (19) pelo Ministério do Trabalho. Ao todo, o Ceará teve 99.394 postos a menos entre os dois últimos anos, o que representou uma retração de 6,44%.

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Todos os sete setores produtivos investigados na Rais para o Ceará amargaram uma queda no número de empregados formais entre 2015 e 2016.

A segunda maior queda de postos formais no Estado foi vista na construção civil, que eliminou 22.749. Encerram a média de variação negativa acima dos dez mil postos a indústria da transformação (-15.215) e o comércio (-12.872).

Em volume de contratados, de acordo com os números compilados em dezembro de 2016, o setor de serviços continua liderando, com a maior quantidade de pessoas contratadas com carteira de trabalho em todo o Estado, com 483.741 postos. Acima dos cem mil funcionários, o Ceará conta ainda com administração pública (total de 369.758 empregados), comércio (260.979), e indústria da transformação (232.501).

Perdas na Capital

Em Fortaleza, o saldo entre contratações e demissões de 2015 para 2016 também registrou uma perda no número de empregos formais. Ao todo, foram 50.641 postos eliminados no período, o que representou uma queda de 6,15%, com destaque para a construção civil (-13.965). Administração pública (-12.972); serviços (-9.556); comércio (-9.047); indústria da transformação (-4.492); serviços indústrias e utilidade pública (-305), agropecuária, extração vegetal, caça e pesca (-244) e extrativa mineral (-60) fecham as atividades econômicas investigadas que perderam postos e deixaram a capital com um total de 773.033 empregos formais no fim de 2016.

Pior em 40 anos no País

O saldo negativo de emprego formal em 2016 foi o pior em 40 anos considerando toda a série histórica da Rais, iniciada em 1976. Os dados divulgados pelo Ministério do Trabalho mostram que houve perda de 2,001 milhões de vagas formais entre celetistas, temporários, estatutários do serviço público e autônomos com CNPJ constituído.

Com isso, o estoque de empregos formais no País no ano passado ficou em 46,06 milhões de vagas, um patamar semelhante ao registrado em 2011 (46,3 milhões). O coordenador-geral de Estatísticas do Trabalho, Mario Magalhães, destacou que apenas em dois anos (2015 e 2016), perderam-se 3,5 milhões de postos formais. "São 3,5 milhões de empregos a serem recuperados", disse. "A crise começou em finais de 2014, e em 2015 ela se torna evidente, principalmente a partir de abril. O ano de 2016 é o aprofundamento dessa crise, em que há ciclo vicioso entre queda do emprego, que leva à queda da massa salarial, que leva à queda da demanda do mercado, que se encolhe. É um círculo vicioso no sentido descendente. O que temos na Rais é o resultado desse círculo vicioso", analisou o coordenador-geral de Estatísticas do Trabalho.

Os trabalhadores que mais sofreram com o fechamento de postos formais de trabalho foram os de menor escolaridade (analfabetos, fundamental incompleto ou completo ou ensino médio). Já quem tem ensino superior até conseguiu encontrar mais vagas formais, segundo a Rais.

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