Prosperidade deu lugar a incertezas para os habitantes

Fim do projeto da usina aliado ao momento econômico ameaça o futuro dos donos de negócios no Pecém

Escrito por Redação ,

Se, há cerca de um ano, o distrito de Pecém vivia um momento de aceleração da economia e expectativa por um novo impulso, a partir da refinaria Premium II, o sentimento de grande parte dos comerciantes e trabalhadores do local é de incerteza em relação aos próximos meses. Diante da retração da economia no País e proximidade do fim das obras da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), o receio daqueles que residem ou investiram no local é que haja queda no número de empregos e das vendas.

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Nas principais ruas do distrito, vários estabelecimentos já amargam com perdas, neste semestre, em comparação com os seis primeiros meses do ano passado. Entre os mais afetados, estão aqueles que oferecem produtos diretamente ligados à construção civil, como ferramentas e equipamentos de segurança.

"De uns meses pra cá, a gente tem trabalhado realmente no vermelho", relata o comerciante Agostinho Souza, que possui uma loja de ferramentas. Ele conta que, em comparação com julho do ano passado, as vendas no local caíram em torno de 70%. Como resultado, a loja que possuía cinco funcionários conta agora com apenas um.

Para Agostinho, a queda nas vendas se deve principalmente à diminuição do ritmo da construção da CSP. "Para falar a verdade, eu já estou até pensando se não é melhor eu sair desse ponto e ir pra outra área, se a situação não melhorar", lamenta.

Substituição

Conforme o comerciante Valdir Santiago, que também possui uma loja de ferramentas, a expectativa de muitos dos comerciantes era que, logo após o fim das obras da CSP, a Premium II tivesse início, absorvendo a demanda deixada pela siderúrgica e possibilitando maiores investimentos em diversos segmentos na região.

Ele diz ainda não ter sido muito impactado nos últimos meses, mas afirma temer pela situação do estabelecimento no próximo semestre. "Agora, ainda não senti perda realmente. Mas, no próximo ano, ninguém sabe como é que vai ser", frisa.

Outros setores

Embora os segmentos mais ligados à construção tenham sido mais afetados, a redução do ritmo da economia afeta uma série de setores que dependem da movimentação no local. Há 14 anos dono de um açougue no Pecém, o comerciante Antônio Alves conta diz ter observado as vendas caírem cerca de 50% desde o início do ano, o que, para ele, deve-se ao menor fluxo de pessoas na região.

Alves destaca que também foram afetados os investidores que apostaram na criação de empreendimentos no local.

"Teve muita gente por aqui que fez hotel, churrascaria, restaurante por conta dessa refinaria. Teve uma época que pra você alugar casa aqui perto era uma dificuldade. Agora, tá passando até carro de som na rua anunciando casa para alugar", compara.

Atraso

Antes prevista para entrar em operação em 2015, a CSP só começará as atividades no primeiro semestre de 2016, segundo divulgou, na última semana, a Vale, acionista do empreendimento. Um dos motivos apontados para o atraso foram as greves de trabalhadores. (JM)

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