Projeção do BC para 2017 é revisada e reduz a 3,8%
São Paulo. O Banco Central (BC) espera uma inflação menor este ano. A estimativa para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) foi revisada de 3,8%, divulgada em junho, para 3,2%, informou o BC nesta quinta (21). A projeção é de um dos cenários previstos pelo BC, chamado de "projeção central", elaborada considerando as estimativas do mercado para a taxa de juros e o câmbio.
A expectativa do mercado para a taxa de câmbio é R$ 3,20 no fim de 2017, R$ 3,30 no final de 2018, R$ 3,40 em 2019 e R$ 3,45 em 2020. A projeção para a Selic é 7% ao ano ao final de 2017 e de 2018. Para o fim de 2019, é de elevação para 8% ao ano, mantendo-se nesse patamar até o fim de 2020.
Segundo o BC, a revisão ocorreu por conta da queda dos preços dos alimentos. À medida que esse efeito saiu dos cálculos em 12 meses, a projeção para a inflação sobe. Para 2018, a projeção para a inflação é 4,3%, abaixo do centro da meta que deve ser perseguida (4,5%). A projeção de junho era 4,5%. Para 2019, a estimativa é 4,2% e 2020, 4,1%.
Cenários
No caso do cenário com taxa Selic estimada pelo mercado financeiro e câmbio constante, a projeção para a inflação fica em 3,2% este ano, 4,1% em 2018 e 3,9% em 2019 e em 2020. Já com taxa de câmbio e Selic constantes, a projeção para o IPCA é de 3,2% em 2017. Para 2018, a estimativa ficou em 3,8%. Nos anos seguintes, 2019 e 2020, em 3,7% e 3,8%, respectivamente. No último cenário, com taxa de câmbio estimada pelo mercado e Selic constantes, a inflação fica em 3,2% este ano, 4,1%, em 2018, e em 4% em 2019 e 2020.
PIB também deve crescer
O Banco Central aumentou também a projeção para o crescimento da economia este ano. A estimativa para a expansão do PIB (Produto Interno Bruto) foi ajustada de 0,5%, estimativa de junho, para 0,7%, de acordo com o relatório de inflação divulgado ontem (21) pelo BC. Para o Banco Central, o PIB vai apresentar crescimento de 2,2% no próximo ano. As atividades da agropecuária, da indústria e de serviços devem registrar avanços de 1,5%, 2,6% e 1,9%, respectivamente. "A revisão positiva reflete, principalmente, o desempenho do PIB no segundo trimestre, superior à mediana das expectativas do mercado", diz o relatório.
Na avaliação feita pelo Banco Central, indicadores recentemente divulgados têm mostrado "surpresas positivas, ensejando perspectivas favoráveis para o crescimento da atividade". Na revisão da estimativa, o crescimento do PIB é puxado pelo setor agropecuário.
A projeção do crescimento anual da agropecuária passou de 9,6% para 12,1%. A projeção para a evolução da atividade industrial no ano passou de crescimento de 0,3% para recuo de 0,6%, refletindo, principalmente, o menor desempenho na construção civil. Segundo o relatório divulgado, o setor de serviços deve apresentar desempenho ligeiramente melhor do que o previsto anteriormente (expansão de 0,1% na comparação com redução de 0,1%).
Consumo
O BC também projeta aumento do consumo das famílias em 0,4%. A previsão anterior era de estabilidade. Segundo o relatório, essa revisão ocorreu "em função da expressiva desinflação e seu impacto na renda, além de melhora de indicadores no mercado de trabalho -particularmente do rendimento real e, mais recentemente, da ocupação- e de crédito para pessoas físicas".
O relatório divulgado pelo Banco Central lembra que "houve também o efeito temporário positivo dos saques das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)". A estimativa para a queda no consumo do governo passou de 0,6% para 1,8%.