Produtos no Aeroporto ficam até 42% mais caros

Preços praticados no Pinto Martins pesam no bolso dos passageiros que precisam se alimentar no local

Escrito por Levi de Freitas - Repórter ,
Legenda: Passageiros criticam altos preços e avaliam que estabelecimentos venderiam mais se valores fossem compatíveis com os cobrados no mercado
Foto: FOTO: JOSÉ LEOMAR

Em pouco mais de um ano, alguns itens das lanchonetes e restaurantes do Aeroporto Internacional Pinto Martins sofreram sensíveis aumentos que pesam no bolso de quem busca fazer um lanche rápido no terminal. Conforme verificado pela reportagem, o preço de alguns produtos vendidos no aeroporto subiu mais de 42% em um ano. Na comparação com os valores atuais dos produtos em supermercados, alguns itens chegam a ser 200% mais caros no terminal aeroviário.

Em julho de 2016, no período de alta estação, a reportagem já havia verificado que a diferença entre os valores praticados dentro e fora do Aeroporto chegava a variar em até 244%. Naquela ocasião, foram escolhidos dez itens aleatórios e confrontados com os preços em um supermercado da Capital. Desta vez, no último dia 25 de setembro, a reportagem retornou ao terminal aeroviário e comparou os preços atuais de cinco daqueles produtos com os do ano passado.

d

O maior aumento verificado foi no preço da pastilha Halls. Se em 2016 a guloseima era vendida a R$ 3,50, agora, é encontrada por R$ 5, representando acréscimo de 42,85%. Outro produto que teve o preço aumentado nos 14 meses de diferença entre as duas pesquisas foi a batata chips Sensações. De R$ 6, encontrada em 2016, a mercadoria passou a ser comercializada por R$ 8, um incremento de 33,3%.

A cartela de Trident 8g passou de R$ 4 para R$ 5, representando aumento de 25%. Já a bebida láctea Nestlé morango subiu 20%, pois passou de R$ 5 para R$ 6. Por fim, a Cerveja Skol lata 350ml deixou os R$ 7 para ser negociada a R$ 7,50, aumento de 7,14%.

Comparação

A reportagem foi, ainda, a um supermercado, para verificar a relação entre os preços do estabelecimento varejista e o terminal aeroportuário. O escolhido foi o Pão de Açúcar da Avenida Antônio Sales, bairro Dionísio Torres. O mesmo visitado pela equipe ano passado.

Na comparação com os preços atuais do supermercado, a diferença é ainda mais abissal, chegando a 200%, no caso da bebida láctea de morango.

A cerveja, as pastilhas e a goma de mascar variam entre 150% e 152% na comparação de preços. Já a batata chips tem diferença de 90% no valor.

Reclamações

Os passageiros reclamaram dos preços praticados, considerados injustificáveis, tanto pelo aumento em relação ao ano passado quanto pela diferença em comparação ao mercado.

O gerente de restaurante Josimar Dantas aguardava na praça de alimentação o horário para embarcar no voo que o levaria de volta para São Paulo. Apesar da simpatia dos atendentes, que lhe ofereciam cardápios e convidavam para visitar as lojas, ele não demonstrou interesse. Os preços altos o assustaram.

"Na minha opinião, os preços aqui estão bem fora de padrão. Tudo bem que é um aeroporto, mas de onde eu venho, São Paulo, que está no centro da crise e com desemprego, não está desse jeito. Eu vim aqui (ao aeroporto) ano passado e não tinha visto isso, de virem mostrar o cardápio. Isso é uma praça de alimentação, não um restaurante. Então, acho que, se tiver esse valor, está fora de padrão. Frequento praticamente todos os shoppings de São Paulo e os preços não são tão altos. Apesar de o País estar em crise, não justifica (os preços)", disse.

A vendedora Ana Paula Oliveira também não gostou do que viu exposto nas lanchonetes. Segundo ela, os preços assustam e afastam os clientes, justificativa dada para o fato de, próximo ao meio-dia, a praça de alimentação estar pouco movimentada, àquela altura.

"Acho que esses valores são exorbitantes. Eu entendo que tem custos de aluguel, mas as pessoas não podem pagar o preço (do repasse dos custos). Acho muito caro esse valor que colocam aqui, poderiam melhorar. Daí, venderiam até mais produtos. Às vezes, a pessoa deixa de comprar por causa desse valor alto", opinou.

O engenheiro Alysson Mejia demorou para escolher com a esposa, a enfermeira Cinthia Lessa, o que iriam comer. A viagem que fariam até o Norte do País ainda iria demorar, e era preciso se alimentar bem. Contudo, os preços cobrados, considerados altos, dificultaram a missão da escolha. "Achamos os preços exorbitantes, em relação ao mercado. Acho absurdo: há um pouco de demanda e procura, pois queira ou não, o passageiro não vai poder sair do aeroporto para comer em qualquer lugar", ressaltou Mejia.

"Algumas coisas são absurdas. Acho que não é justo esse preço, nem se justifica como repasse do aluguel. Shopping também é caro e o preço não é esse. Mas temos de comer, né? E eles vendem pelo valor que querem", reclamou Cinthia.

Melhorias

A nova concessionária do Aeroporto Internacional Pinto Martins, a Fraport AG iniciará em janeiro obras de melhoria da infraestrutura, produtos e serviços do terminal. O projeto da empresa é expandir o equipamento após os primeiros quatro anos da administração.

Conforme o contrato, a Fraport terá de investir entre R$ 1,7 bilhão e R$ 2 bilhões no aeroporto ao longo dos 30 anos de concessão, entre diversas outras obrigações. Dentre elas, está a ampliação do terminal de passageiros e do pátio de aeronaves, que terá mais cinco pontes de embarque, totalizando 12.

Também está prevista a ampliação da pista de pouso e decolagem de 2.500 metros para 2.775 metros, no mínimo.

Durante a fase de transição da administração, ainda no primeiro ano da concessão, ações imediatas como melhorias em banheiros, iluminação e climatização serão realizadas. No terceiro e quarto ano, outra intervenção deverá ser feita no terminal de passageiros e no pátio de aeronaves, com a construção de mais duas pontes de embarque. A prospecção é levar os atuais 6,3 milhões de passageiros por ano que passam pelo aeroporto, ultrapassarem a marca de 29,2 milhões em 2047, quando se encerra o período de 30 anos da concessão.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.