Produção industrial do Ceará salta 5,9%; maior alta do País

Foi a segunda expansão consecutiva do setor no Estado, de acordo com dados divulgados ontem pelo IBGE

Escrito por Redação ,

Na comparação com maio de 2016, o crescimento foi de 7,4%. O avanço foi impulsionado por setores como artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (17,7%) e de confecção de artigos do vestuário e acessórios (26,7%) FOTO: CID BARBOSA

A produção industrial do Ceará avançou 5,9% em maio, na comparação com abril, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Estado apresentou a segunda expansão consecutiva e o melhor resultado no mês entre as 14 capitais analisadas, das quais dez registraram crescimento e quatro tiveram queda. Mesmo com a maioria das cidades mostrando bom desempenho, o Brasil fechou com aumento de 0,8%.

O expressivo resultado do Ceará ocorre após o Estado ter atingido, em novembro do ano passado, o patamar mais baixo de produção da série histórica: de -28,6%. A indústria cearense já havia mostrado recuperação no mês de abril (1,3%), o que levou o crescimento de maio a fechar os dois últimos meses com avanço de 7,3%.

Os dados divulgados pelo IBGE indicam, ainda, que o crescimento de 5,9% verificado na indústria cearense de abril para maio foi impulsionado, principalmente, pelos setores de petróleo, vestuário e calçados.

Depois do Ceará, na segunda e terceira colocações, aparecem Bahia (3,6%) e Pará (3,1%), respectivamente. Os piores resultados foram observados no Amazonas (-3,6), Espírito Santo (-1,9) e Rio de Janeiro (-1,6%).

Comparação

Na comparação com maio de 2016, a Pesquisa Industrial Mensal (PMI) do IBGE, divulgada ontem (11), revela que a produção cearense cresceu 7,4%, acima da média nacional (4%). O Estado registrou o terceiro melhor desempenho, empatado com o Rio Grande do Sul, também com 7,4%. Santa Catarina e Paraná ficaram na primeira e segunda posições, com alta de 9,5% e 7,6%, respectivamente.

Apesar de registrar resultados positivos nas duas bases de comparação, o Ceará acumula retração de 0,2% no acumulado de 2017. Nos últimos 12 meses, o recuo é de 2%. No entanto, a tendência de queda na produção industrial local vem sendo reduzida, mostrando a reação do setor.

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De acordo com a pesquisa, no Ceará, seis dos 11 ramos pesquisados apontaram aumento na produção em maio deste ano, na comparação com maio de 2016. As principais contribuições positivas sobre o total global foram registradas pelos setores de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (17,7%) e de confecção de artigos do vestuário e acessórios (26,7%).

Acumulado

Segundo o IBGE, o crescimento de 0,5% acumulado pelo indústria nacional nos primeiros cinco meses do ano reflete expansões em dez dos 15 locais pesquisados, frente a igual período do ano passado.

Os avanços mais acentuados foram assinalados pelo Rio de Janeiro, que, ao avançar 4,6%, chegou a registrar crescimento 4,1 pontos percentuais acima da média nacional; Santa Catarina (4,3%); Espírito Santo (3,4%); e Paraná (3,1%).

Em Minas Gerais, o crescimento foi 2,1%; no Amazonas e no Rio Grande do Sul (1,9%); em Goiás (1,5%); e em Pernambuco (1,3%), todos com resultados estão acima da taxa média do País de 0,5%. Já o Pará registrou expansão de 0,2%.

Expansão

Segundo o IBGE, nesses locais, o maior dinamismo foi particularmente influenciado por fatores relacionados à expansão na fabricação de bens de capital (em especial aqueles voltados para o setor agrícola e de construção); bens intermediários (minérios de ferro, petróleo, celulose, siderurgia e derivados da extração da soja); bens de consumo duráveis (automóveis e eletrodomésticos da "linha marrom"); e bens de consumo semi-duráveis e não duráveis (calçados, produtos têxteis e vestuário).

Retrações

Por outro lado, a Bahia, ao fechar os primeiros cinco meses com queda de 6,6% em seu parque fabril, apontou o recuo mais elevado no índice acumulado do ano, chegando a ficar 7,1 pontos percentuais abaixo do crescimento médio nacional do período. A queda expressiva foi pressionada, principalmente, pelo comportamento negativo vindo dos setores de metalurgia (barras, perfis e vergalhões de cobre e de ligas de cobre) e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (óleo diesel, naftas para petroquímica e gasolina automotiva).

Os demais resultados negativos foram registrados na região Nordeste (-1,6%), no Mato Grosso (-1,4%), em São Paulo (-0,6%) e no Ceará (-0,2%).

O que eles pensam

Resultado mostra sinais de retomada

"A indústria, tanto no Brasil como no Ceará, tem mostrado sinais de recuperação. Há um maior nível de confiança na nossa economia, que está mais blindada em relação à crise política. No Estado, a recuperação do setor foi mais lenta nos primeiros quatro meses deste ano, na comparação com o País, mas já começamos a reverter isso e devemos crescer com mais força neste segundo semestre. Nosso nível de estoque está bem mais baixo, algo que reforça a reação do setor. A indústria cearense não tem se acomodado e espera crescer 2% neste ano, acima do crescimento previsto para o Brasil, entre 1% e 1,5%".

Guilherme Muchale
Economista do Núcleo de Economia e Estratégia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec)

"Este crescimento de quase 6% da produção industrial cearense em maio, o mais representativo do País, é muito positivo para a economia local. Mostra que o nível de ociosidade da nossa indústria, que era um dos mais altos do Brasil devido à crise econômica, começou a baixar. A retomada da produção ocorre, principalmente, por conta da queda da inflação, deixando os insumos utilizados pelo setor mais baratos, com uma maior circulação de serviços e mercadorias no mercado. Por outro lado, apesar dos resultados positivos no Estado, acredito que o crescimento ainda não se configura como uma tendência".

Alcântara Macedo
Economista

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