Produção de petróleo no Ceará volta a cair
A queda registrada no primeiro quadrimestre de 2014 foi gerada pelo menor desempenho dos campos marítimos
Depois de ter revertido, no ano passado, a trajetória de queda na produção de petróleo que já vinha sendo registrada por nove anos, o Ceará voltou, em 2014, a ter redução nesta atividade. Nos quatro primeiros meses deste ano, o volume acumulado de óleo retirado dos campos terrestres e marítimos do Estado apresentou um decréscimo de 22,6% em relação a igual período do ano passado.
Foram produzidos, de janeiro a abril deste ano, conforme dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), 861,9 mil barris de petróleo em território cearense, enquanto que, no mesmo intervalo de 2013, a produção havia sido de 1,1 milhão de barris. A queda, registrada em cada um dos quatro meses deste ano, foi motivada pelo menor desempenho dos campos marítimos.
Os quatro campos em mar (Atum, Curimã, Espada e Xaréu), localizados no litoral do município de Paracuru, dentro da Bacia do Ceará, são responsáveis pela maior parte do volume de petróleo produzido no Ceará e, neste primeiro quadrimestre, representaram 85% do total. Neste intervalo, o volume caiu de 967,8 mil barris, em 2013, para 729,7 mil barris, em 2014.
Trajetória de queda
Era exatamente o óleo vindo do mar que havia motivado a recuperação da produção petrolífera cearense no ano passado, fazendo com que o volume total quebrasse a trajetória de queda que se estendia desde 2004 chegasse a um incremento de 28,2% sobre 2012. Isso ocorreu mesmo com decréscimo na produção terrestre. O óleo é retirado em águas rasas no território cearense, com profundidades de até 50 metros. O Estado já possui poços perfurados em águas ultraprofundas, com profundidades superiores a 1.501 metros, mas estes não tiveram sua declaração de comercialidade expedida.
Já a produção em terra, que é feita na Fazenda Belém, localizada entre os municípios de Aracati, Icapuí e Jaguaruana, teve uma leve queda de 0,7% no quadrimestre, alcançando 132,2 mil barris. Ao menos, nesta área, a redução este ano foi bem menor que a do ano passado, quando chegou a 9,5%.
Petrobras
A redução ocorreu mesmo com a Petrobras tendo iniciado atividades no Ceará, tanto em terra quanto em mar, em águas rasas e profundas, com o intuito de recuperar a produção de campos já existentes e acrescentar novas fronteiras de exploração de óleo e gás. Conforme já havia informado, por meio de sua assessoria de imprensa, a estatal iniciou em março o projeto que visa aumentar a produção e o fator de recuperação de óleo do campo terrestre de Fazenda Belém, e também agregar reservas. O projeto, que começou com a construção de locações e acessos, prevê a perfuração de 72 poços.
Já em mar, a Petrobras tem projetos no campo de Espada, em águas rasas e também em águas profundas, com três poços já perfurados. Lá, será feita injeção de água, que busca aumentar o fator de recuperação e produção do campo. De acordo com o plano de desenvolvimento do campo, aprovado em julho passado pela ANP, a Petrobras deverá ainda perfurar oito poços neste campo e ainda construir uma nova plataforma de petróleo.
Sérgio de Sousa
Repórter