Produção da indústria têxtil despencou 31,1%

Setor apontou recuo bem maior do que o nacional, que registrou queda de 10% entre janeiro e julho

Escrito por Redação ,
Legenda: Além dos custos com energia elétrica e combustível, que subiram, presidente da Abit aponta para a 'dolarização' de insumos como o algodão e os corantes como responsáveis pelo arrefecimento do setor

Associados à concorrência com os importados asiáticos - velha inimiga dos setores têxtil e de vestuário -, o aumento dos custos e a queda das vendas no varejo levaram a uma queda acentuada na produção física têxtil entre janeiro e julho deste ano. No Ceará, o desempenho foi um pouco mais preocupante: enquanto no Brasil, a redução foi de cerca de 10%, no Estado, a descida atingiu 31,1%, sofrendo um impacto maior do que os grandes polos têxteis do País.

Os números são considerados dramáticos pelo diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, especialmente após uma sucessão de quedas iniciadas em 2011. "Custos como energia elétrica e combustível subiram, o algodão está dolarizado, os corantes estão dolarizados, tem os processos de absorção de custos, todo esse quadro se reflete no contexto da produção", argumenta Pimentel.

Outros fatores externos, como o ritmo de crescimento mundial, também são considerados por ele, uma vez que o comércio, que crescia cerca de 7% ao ano em escala global até 2007, agora avança apenas 1,5% ao ano, acrescenta.

Mesmo sem possui dados exatos, o diretor da Abit estima que a redução no faturamento nos sete primeiros meses do ano, no Ceará, devem girar em torno de 20%. "No País, considerando que as vendas no varejo caíram 5%, a queda no faturamento deve ter sido de 3%", contabiliza.

Pequena reação

Mesmo nesse contexto de quedas, destaca Pimentel, as indústrias têxteis ligadas à exportação começam a reagir. "Elas fazem isso no sentido de conseguirem compensar, no mercado mundial, parte da perda do mercado interno. Mas essa é uma recuperação lenta, é preciso reestruturar aqueles que saíram do jogo", pondera.

Nos últimos 12 meses, o setor perdeu cerca de 60 mil postos de trabalho, sendo a maior parte dessa redução concentrada em São Paulo. O restabelecimento da competitividade do setor, aponta Pimentel, vai depender em boa parte das políticas macroeconômicas. "Não é um ajuste simples, os ventos que ajudaram a recuperação em 2003 e 2004 não estão soprando de novo, o algodão, entre 2010 e 2011, atingiu o maio preço em 100 anos", compara.

Ações de melhorias

Na busca por condições que facilitem esse processo de recuperação, o setor tem defendido alternativas para pautas como a reoneração da folha de pagamento de 56 setores industriais e de serviços, que prevê o aumento para 2,5% e 4,5% das alíquotas de contribuição dos patrões para a Previdência. "Queremos que permaneça em 1,5%", detalha Pimentel.

Além disso, a Associação tem estabelecido uma agenda que possibilite uma recuperação mais alinhada. "Na nossa reunião de conselho, vamos apresentar as rotas tecnológicas para os próximos 30 anos, tratando da confecção contemporânea, passando pelos programas de exportação. O setor tem projetos, somos a maior cadeia produtiva integrada do Ocidente", destaca o diretor da Abit.

A reunião de conselho da Abit será realizada hoje, durante a Feira de Máquinas, Equipamentos, Serviços e Química para a Indústria Têxtil (Maquintex), que começou na última segunda-feira e segue até amanhã, no Centro de Eventos do Ceará.

Setor no Nordeste

No Estado, o setor têxtil e de vestuário é responsável por 15% da indústria de transformação, que responde por 13% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual. A região Nordeste detém 18,6% da produção têxtil nacional e é a 2ª maior consumidora de algodão do País. O faturamento da região é de US$ 2,16 bilhões, empregando formalmente 52,4 mil pessoas.

Mais informações:

Maquintex. 
Hoje e amanhã, das 15h às 21h, no Centro de Eventos.

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