Privatizações entre os focos de candidato à Presidência

Plano econômico ainda conta com a redução de impostos e o controle de gastos nas prioridades, segundo Paulo Guedes

Escrito por Redação ,

Controle de gastos, redução gradual de impostos e a privatização de estatais estão entre as principais estratégias traçadas para o plano econômico de Jair Bolsonaro (PSL). Foi o que apontou o economista Paulo Guedes, conselheiro econômico do presidenciável, em almoço-debate com o Grupo de Líderes Empresariais do Ceará (Lide Ceará), realizado ontem (18), no Gran Marquise Hotel.

Autointitulado liberal democrata, Guedes argumenta que a descentralização de recursos para governos e prefeituras é essencial para sanar problemas de forma mais precisa, levando o dinheiro onde o povo está, e uma alternativa para desengrenar a máquina pública, hoje composta por uma quantidade excessiva de ministérios. "Temos que ser uma República Federativa do Brasil, fazer um pacto federativo e reidratar a classe política porque quando se centralizam os recursos, se esvazia a classe política". Com mais recursos em mãos, o prefeito ou governador terá "mais força" para atrair outros novos recursos. Inclusive no Ceará, Estado que mantém a tradição de boas gestões fiscais. "Local de político não é pedindo grana e vendendo favor pra grupos setoriais corporativos ou o que for, em Brasília. Temos que desmontar essa política de roubalheira. O Brasil está estagnado e a política toda corrompida".

Quitar a dívida pública

Para o economista, a redemocratização do País, vislumbrada como a abertura de um ciclo virtuoso, não passou de "pura ideologia", tendo em vista que certas ações não foram tomadas. Como as privatizações de estatais, que na época poderiam zerar a dívida pública federal.

"Hoje, se a gente vender tudo, pagamos 17% da dívida interna. Se deixar mais cinco ou dez anos, não pagamos mais nada e a máquina pública vai quebrar".

Guedes diz ainda que, quando se olha para as principais despesas do governo, incluindo juros de dívidas e gastos com a previdência, se materializa no Brasil uma extensão fiscal "incontornável". E, sem um controle efetivo de gastos, que chega hoje à casa dos R$ 400 bilhões anualmente, o problema deve se agravar, pois já vem sendo adiado há muito tempo. "Hoje, o coração do problema é o excesso de gastos públicos. E nem é preciso cortar muito, é só não deixar crescer e explodir".

Quanto à redução de impostos, citou como exemplo a redução das alíquotas de todos os tributos em cerca de 5%. Caso uma medida do tipo obtivesse sucesso, a redução seria ainda mais expressiva nos anos seguintes. "Você vê o que dá para aliviar. Subir (impostos), de jeito nenhum porque o Brasil está asfixiado", disse.

Políticas horizontais

Junto a uma equipe formada por cerca de 30 especialistas, o economista disse que vem avaliando todas as políticas públicas, mais especificamente buscando políticas horizontais, que se mostrem mais eficientes. Sobre as políticas de conteúdo local no Ceará, empregadas para apoiar o desenvolvimento industrial, garantiu que pode aumentar seu percentual, caso essas estejam, de fato, aumentando a eficiência de produtividade da economia brasileira. "Do contrário, vamos ter que reexaminar".

Clima empresarial

Com público formado basicamente por filiados e convidados do Lide Ceará, o almoço-debate avaliou o clima empresarial. Na edição desse ano, em relação à de 2017, o sentimento dos empresários sobre o futuro foi mais cauteloso (65%).

No ano passado, o percentual chegou a 57%. Quanto à expectativa de geração de empregos em 2018, a intenção dos empresários continua a mesma (51%), que é a de empregar mais. O cenário político foi o fator apontado como o que mais impediu (48%) o crescimento das empresas em 2018, seguindo da carga tributária (25%).

Diretor comercial do grupo Servnac, Edson Arouche avalia que a economia brasileira hoje está "cambaleante", mas ainda assim se mantém otimista. "A gente acredita em um governo de transição legal, numa recuperação da economia, mas é necessária uma reforma tributária urgente", reivindica, ressaltando que o empresariado deve ter liberdade para empreender sem a intervenção do governo, pois é o grupo que efetivamente gera emprego e renda no País.

Avaliando que o setor de supermercados continua "patinando", em busca de resultados alcançados há dois anos, o diretor de suporte da rede Super Lagoa, Washington Freitas, disse ser importante ouvir o que o possível futuro Ministro da Fazenda teria a dizer de um plano econômico para o Brasil. "A gente tem que procurar (eleger) quem se alinha com o nosso pensamento e que traga algum resultado para a empresa".

Próximo convidado

Segundo informou Emília Buarque, presidente do Lide Ceará, o próximo convidado a entrar no ciclo de debates promovido pela entidade, em agosto, é o conselheiro econômico do presidenciável Ciro Gomes (PDT), Mauro Benevides Filho.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.