Porto do Pecém desperta interesse de grupos nacionais e internacionais

Terminal foi apontado como um dos principais equipamentos do projeto de concessões cearenses e deve ser transformado em um porto-indústria, com potencial para se tornar um hub regional de transbordo de contêineres

Escrito por Redação ,
Legenda: Clique na imagem para ampliar

O governo cearense deverá divulgar no próximo mês qual será o novo modelo de negócio para o Porto do Pecém, que faz parte do pacote de concessões de ativos do Estado e é visto como a ponte para colocar o Ceará na rota da economia mundial. Principalmente por sua localização privilegiada e condições naturais favoráveis à chegada de navios de grande porte, o equipamento já desperta interesse de investidores nacionais e estrangeiros.

"O Porto do Pecém tem sido cada vez mais conhecido, sendo procurado por vários grupos do Brasil e de outro países. Temos recebido diversos tipos de propostas", afirma o titular da Secretaria da Infraestrutura do Ceará, André Facó, destacando que o empreendimento não será, necessariamente, concedido à iniciativa privada.

"Pode ser que haja uma parceria público-privada (PPP). Essa parceirização pode propiciar uma melhoria na infraestrutura portuária, com mais investimento em mecanização e automação, sem que o dinheiro venha do Estado. O que estamos fazendo é um planejamento para saber qual caminho o Ceará tem que seguir", acrescenta o secretário.

De acordo com Facó, esse planejamento a fim de transformar o Pecém em um porto-indústria está chegando em sua fase final, faltando apenas algumas reuniões. Em setembro, com o modelo de negócio definido, o equipamento será apresentado a investidores em road shows (rodadas de negócios), juntamente com os outros ativos que integram o pacote de concessões. O cronograma ainda não está definido, mas a previsão é que uma rodada ocorra em São Paulo e a outra em Nova York (EUA).

Ligação com Roterdã

Há cerca de duas semanas, o governador do Ceará, Camilo Santana, esteve na Holanda visitando o Porto de Roterdã, que presta consultoria ao Porto do Pecém desde setembro de 2015. A consultoria visa, principalmente, à nova fase da navegação mundial iniciada com o novo Canal do Panamá, no fim de junho deste ano. E também acontece enquanto o terminal do Pecém passa pela segunda etapa de sua expansão, que irá quintuplicar a capacidade de movimentação de cargas, colocando o equipamento cearense em posição de destaque internacional.

Sem revelar nomes de grupos interessados no Porto do Pecém, André Facó informou apenas que, neste momento, o Porto de Roterdã ainda não é um potencial parceiro do Estado no futuro modelo de concessão que o porto cearense deve ter.

"Ao invés de apenas receber e analisar as propostas dos investidores, fomos conhecer outros portos no mundo. Queremos tornar o porto cearense competitivo ao ponto de ser escolhido em detrimento de outros", afirmou o secretário da Infraestrutura.

Ativo complexo

Em maio deste ano, a consultoria McKinsey & Company apresentou a representantes do governo estadual o estudo sobre os dez equipamentos que deverão ser concedidos à iniciativa privada. O documento, intitulado "Capturando o Pleno potencial dos Ativos de Infraestrutura do Ceará", considera que o Porto do Pecém é um ativo muito complexo que irá requerer análises profundas. Entre as quais, estão efeitos mercadológicos (preço, prestação de serviço, acesso a cliente), atração de carga verticalizada, viabilidade jurídica e política de outorga, etc.

Possibilidades

O estudo aponta que uma das possibilidades para a outorga do Porto do Pecém poderá ser a venda de capital acionário da Cearáportos, administradora do terminal, e apresenta três alternativas: venda de participação minoritária; venda de participação majoritária; ou venda de participação total. "O foco na excelência operacional, na realização célere de investimentos de eficiência e expansão de capacidade (quando necessários) e na inteligência de mercado para captura de valor aponta para o privado como dono natural da gestão e operação do porto, sugerindo, portanto, que o Pecém possa ser objeto de outorga privada", justifica o documento.

A consultoria destacou que, em relação às questões específicas relatas ao Porto do Pecém, é necessário entender melhor aspectos legais das operações do terminal a fim de verificar a viabilidade técnica de capital acionário da Cearáportos.

Além disso, mapear questões legais referentes a todos os contratos de credenciamento de operação com empresas que atuam no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), apontado como o equipamento de maior potencial entre os ativos.

E também explorar, junto à União, a potencial atração de capital no Cipp através do Programa de Investimento em Logística (PIL) 2015, atual Programa de Parceira de Investimentos (PPI). No que se refere ao esforço comercial, assim como para os demais ativos, o estudo observa que é necessário realizar eventos dentro e fora do País com potenciais investidores nacionais e internacionais para a apresentação do projeto e coleta de sugestões. E também realizar reuniões individuais com os interessados a fim de prestar esclarecimentos.

Modelagem

Sobre os estudos e modelagem do equipamento, a consultoria apontou a que necessidade de se estudar detalhadamente a possível privatização da Cearáportos ou a outorga do Pecém à iniciativa privada, incluindo: efeitos de mercado; viabilidade jurídica de modelos alternativos de outorga; e modelagem econômico-financeira detalhada.

O documento reforça, ainda, que o Porto do Pecém tem foco atual na operação de granéis, com potencial de se tornar um hub regional de operação de contêineres. De acordo com a consultoria, a chegada da ferrovia Transnordestina poderá potencializar a vocação exportadora de granéis do equipamento, que "possui bom calado e relativa eficiência de movimentação de contêineres", podendo "ser ainda melhorada para que ele se consolide como um real hub regional de transbordo de contêineres e carga geral".

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.