Percepção da crise estimula modificações

Com a retração dos clientes, o engenheiro civil Joaquim Magalhães decidiu reformular o negócio

Escrito por Redação ,
Legenda: A crise na economia e no mercado da construção civil em Fortaleza traz preocupações também para o filho do casal, o estudante de Engenharia Civil Juan Cândido Pamplona
Foto: FOTO: KLÉBER A. GONÇALVES

Do otimismo com o novo negócio à percepção da crise financeira no País, essa foi mais ou menos a mudança no comportamento dos Pamplona Magalhães - ou pelo menos de parte dos integrantes da família - entre abril e maio. Com o mercado da construção civil perdendo ritmo, o engenheiro Joaquim Magalhães, 50, já estuda a reformulação dos investimentos, enquanto o restante da família mantém a orientação de corte dos gastos supérfluos.

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"Estou indo atrás de negócios e eles estão, sim, mais escassos. Do começo do ano pra cá, eu já notei um discurso diferente nos meus clientes, eles estão mais retraídos, postergando investimentos", avalia Joaquim. Tocando, em parceria com um sócio, um negócio próprio criado há pouco tempo, voltado para a edificação de estruturas de concreto, ele se diz um pouco preocupado com o rumo que a economia do País tem tomado. "Só bem depois é que vamos perceber os efeitos de uma retomada", acrescenta.

Para não ficar dependente de grandes obras e buscar se adaptar a esse período novo, e um pouco mais complicado do que ele havia imaginado, Joaquim aderiu à postura que tem regido diversos setores: a reinvenção. Para isso, ele decidiu, em paralelo ao negócio, investir em outro ramo da construção civil, com o qual ele já tem familiaridade, e que ele julga ser um pouco mais rentável nesse cenário. "Nós somos muito novos no mercado, e a construção civil, em Fortaleza, é um mercado muito tradicional", enfatiza Joaquim, revelando como cada decisão nesse ramo deve ser bem analisada.

Essa dificuldade lança algumas preocupações também ao universitário Juan Cândido Pamplona, 23, estudante de Engenharia Civil. "Por conta dessa crise, dá um certo medo do futuro, penso em como vai ficar para arranjar emprego quando eu me formar", questiona. Por conta da grade de horários do semestre, preenchida com aulas durante todo o dia, Juan ainda não conseguiu tempo para encontrar estágio, adiando sua entrada no mercado de trabalho.

Outra concepção

Apesar de admitir economizar um pouco mais do que o normal como precaução, caso a situação financeira da família fique mais instável, a professora aposentada Débora Pamplona, 50, admite não perceber, com tanta intensidade, os impactos dessa crise.

"O começo do ano foi ruim, mas agora sinto que já estabilizou. As exceções, acredito que sejam por conta dessa situação do Joaquim", argumenta. Os problemas financeiros e sociais do País, defende Débora, sempre existiram. "Eu nunca pude dizer que o Brasil melhorou, ainda temos um dos piores IDH do mundo", argumenta.

Jéssica Colaço
Repórter

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