Pela 1ª vez, exportações do Ceará superam US$ 2 bilhões
A balança comercial do Estado ficou negativa em US$ 140,4,mas foi o melhor resultado em mais de uma década
Com o impacto do primeiro ano completo de atividades da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), as exportações cearenses cresceram 62,4% em 2017 ante o ano anterior e atingiram o patamar de US$ 2,1 bilhões, o maior valor da história do Estado. Somente com a exportação de produtos semimanufaturados de ferro ou aço foi movimentado US$ 1,03 bilhão no período, o equivalente a 49% de todo o volume exportado pelo Ceará no ano passado.
Conforme os dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), a balança comercial do Estado ainda encerrou o ano negativa, com um déficit de US$ 140,4 milhões, mas foi o melhor desempenho registrado em mais de uma década - desde 2006, quando as importações cearenses superaram as exportações em US$ 136,3 milhões. A última vez que o saldo da balança comercial do Ceará foi positivo foi em 2005 (US$ 345,1 milhões).
Na avaliação do economista Alex Araújo, os resultados demonstram uma reconfiguração da balança comercial do Estado. "O Ceará já tinha uma tradição exportadora, como a carnaúba nos anos 80 e 90. Depois começou a exportar manufaturados, principalmente calçados e vestuário, mas esse mercado foi muito impactado pelos produtos da China. Com a Siderúrgica, há um novo impulso importante, mas é uma pauta muito especializada", explica.
Diversificação
O economista pondera, entretanto, que é necessária uma maior diversificação dos produtos exportados no Estado. Ele destaca que a exportação de frutas e de castanha, que tinham um peso maior na pauta de exportações, têm perdido espaço, principalmente por conta da estiagem prolongada. "A tendência é que a siderúrgica tenha uma participação cada vez mais importante, mas fica uma base muito concentrada", argumenta.
Desafio
De acordo com Araújo, o governo deve ter como desafio estratégico encontrar maneiras de ampliar essa base de exportação, sob o risco de o Estado permanecer atrás no campo econômico nacional. "A prévia do PIB (Produto Interno Bruto) mostrou que o Ceará está crescendo mais que a média nacional, mas em termos de participação relativa, quase não houve alteração. Estamos estacionados no mesmo percentual há quase 30 anos", relata o economista.
Ele argumenta ainda que o Ceará precisa, de fato, continuar crescendo em uma velocidade bem superior à média brasileira para reduzir as desigualdades entre as regiões do País, gerando renda para a população. "A renda per capita cearense é metade da média nacional. A diversificação da pauta exportadora é uma maneira de gerar riqueza para que o Estado tenha um maior desenvolvimento".
Produtos
Depois dos produtos semimanufaturados de ferro ou aço não ligado, o principal item da pauta de exportação foram os calçados de borracha ou plástico, que avançaram 12,9% em relação ao ano anterior e movimentaram US$ 96,2 milhões no período. Em terceiro lugar, está a castanha de caju, com US$ 91,7 milhões, seguida por outros calçados de borracha ou plástico, com US$ 86,6 milhões e sucos de qualquer outra fruta, com US$ 63,8 milhões.
Também integram a pauta das exportações do Estado couros e peles inteiros, com US$ 57,1 milhões; ceras vegetais, com US$ 56 milhões; melões frescos, com US$ 53,3 milhões; gás natural liquefeito, com US$ 45,9 milhões; e outros calçados, com US$ 44,7 milhões. Dos dez principais itens exportados, entretanto, seis apresentaram redução do volume comercializado em relação a 2016.
Importações
Já as importações somaram US$ 2,2 bilhões no ano passado, 35,7% a menos que em 2016, quando a soma era de US$ 3,4 bilhões. Entre os principais produtos importados estão insumos para o setor produtivo, como a hulha betuminosa não aglomerada, com US$ 476,6 milhões (21,2% do total); gás natural liquefeito, com US$ 262,7 milhões (11,7%); e outros trigos e misturas com centeio, com US$ 181,3 milhões (8%).
Completam a pauta de importações a compra de outras hulhas, mesmo em pó, não aglomeradas (US$ 67 milhões); algodão (US$ 40,1 milhões); outros compostos inorgânicos (US$ 39,5 milhões); óleos de dendê, em bruto (US$ 35,9 milhões); outros produtos laminados planos, de ferro ou aços não ligados (US$ 33,7 milhões); castanha de caju (US$ 28,3 milhões); e milho, exceto para semeadura (US$ 23,7 milhões).