Pecém I e II irão fornecer água à usina siderúrgica

Hoje, as três unidades geradoras das usinas Pecém I e Pecém II recebem da Cogerh 0,8 m³ de água por segundo

Escrito por Redação ,
Legenda: Diretores das termelétricas acompanham o projeto de uma adutora para levar, pré-tratado, o esgoto de Fortaleza para reúso na CSP
Foto: FOTO: NATINHO RODRIGUES

Donas do conjunto de termelétricas Pecém I e Pecém II, que, movidas a carvão mineral colombiano, geram juntas o equivalente a 1.085 MW, a EDP e a Eneva decidiram prestar ajuda à Companhia Siderúrgica do Pecém: fornecerão 0,2 m³ por segundo de água à gigantesca usina em implantação na geografia da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará, que integra o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp).

Os engenheiros Fernando Pessoa Moura, diretor técnico da Pecém II, controlada pela Eneva e E-on, e seus colegas Gustav Costa, gerente de operação, e Lourival Teixeira Sobrinho, diretor técnico da Pecém I, controlada pela EDP, informaram com exclusividade ao Diário do Nordeste que já iniciaram entendimentos nesse sentido com a CSP. Fernando Moura e Gustav Costa adiantaram que suas empresas acompanham, com interesse, o projeto de construção de uma adutora de 70 Km que - pelo oceano ou pelo continente - levará, pré-tratado, de Fortaleza para a usina da CSP, 6 m³ por segundo do esgoto da cidade de Fortaleza, hoje lançados ao mar por um emissário submarino da Cagece localizado na Avenida Leste-Oeste. Eles consideram que o empreendimento é tecnicamente viável.

Operação

Hoje, as três unidades geradoras das usinas Pecém I e Pecém II recebem da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) 0,8 m³ de água por segundo, o equivalente a 2.880 m³ por hora. Desse volume, 2.100 m³ por hora evaporam-se nas três torres de resfriamento, causando uma permanente nuvem de chuva vista por quem trafega pela CE-085. Sobram para o reúso 780 m³ por hora, ou 0,216 m³ por segundo, volume que será colocado à disposição da usina siderúrgica a partir de março de 2016, quando se prevê o início de operação do seu alto forno.

Energia

A reportagem do Diário do Nordeste visitou ontem (30) as termelétricas da EDP e da Eneva-E.On. Elas são integradas por três máquinas: as duas da Pecém I (EDP) geram cada uma 360 MW, a terceira, da Pecém II (Eneva-Eon), produz 365 MW. Os 1.085 MW gerados por elas representam 80% do consumo de energia do Estado do Ceará, 11% da energia produzida na região Nordeste, incluindo as hidrelétricas da Chesf, e 1,8% de toda a geração brasileira.

Para gerar energia, as três unidades de Pecém I e Pecém II consomem, diariamente, 10 mil toneladas de carvão mineral. Semanalmente, um navio procedente da Colômbia descarrega no Porto do Pecém 75 mil toneladas de carvão, que, durante quatro dias, é transportado por uma correia fechada do cais até o pátio de armazenamento da usina, 13 quilômetros adiante.

O carvão colombiano é considerado um dos melhores do mundo em qualidade, o que quer dizer alto índice de calor e baixa taxa de enxofre. O diretor técnico da Eneva, Fernando Moura, explicou que a esteira que transporta o carvão do cais do Pecém até a usina opera normalmente. Ele lembrou que toda a área do Complexo do Pecém é destinada à atividade industrial, conforme determina a legislação.

As termelétricas estão localizadas a poucos metros da usina siderúrgica da CSP, cuja construção trabalha uma multidão de mais de 10 mil operários.

Egídio Serpa
Colunista

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