Para fazer caixa, Petrobras não 'importa deflação'

Escrito por Redação ,
Legenda: Atualmente, a estatal petrolífera tem prêmio de quase 19% na venda do diesel no Brasil em relação aos preços internacionais
Foto: FOTO: NATINHO RODRIGUES

São Paulo Após anos sendo forçada pelo governo a vender combustível mais barato do que o preço praticado no exterior, a Petrobras deve aproveitar o atual momento de queda do petróleo para fazer caixa, o que impede o Brasil de "importar deflação", como outros países estão fazendo. Isso permitiria uma política monetária mais acomodatícia (juros mais baixos), impulsionando a economia.

Segundo Adriano Pires, sócio-fundador e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), atualmente a Petrobras tem um prêmio de quase 19% na venda do diesel em relação aos preços internacionais, sendo que o volume comercializado pela empresa com esse combustível é cerca de 1,8 vez superior ao da gasolina. "É um contrassenso total usar o diesel para fazer caixa, porque ele é muito usado no transporte de carga. Nós estamos em uma crise muito grande, o País não cresce, e a gente não pode importar deflação", fala.

Para ele, se o governo não tivesse cometido tanta "barbeiragem" na gestão da Petrobras nos últimos anos, a empresa poderia reduzir agora os preços dos combustíveis no mercado interno, "controlando a inflação e ajudando a economia a crescer", diz. Pires aponta que os EUA, por exemplo, estão fazendo isso. Ao economizar com a gasolina, os americanos ficam com mais dinheiro no bolso para consumir.

Diesel

"O preço do diesel está mais alto que no mercado externo desde 2014. O governo poderia trazer uma notícia boa para o curtíssimo prazo, reduzindo o preço do diesel e ajudando na inflação", expõe o sócio-diretor da GO Associados, Fábio Silveira, ressalvando que isso passa por uma escolha política.

"Qual seria a melhor decisão a se tomar? Manter o preço do diesel e recompor o caixa da Petrobras ou reduzi-lo, baixar a inflação e, com isso, aumentar a popularidade da presidente Dilma?", questiona.

Inflação

Nenhum dos analistas escutados acredita, no entanto, que a queda do petróleo pode ajudar a tirar fôlego da inflação no Brasil por vias indiretas, que não os preços dos combustíveis.

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