Fortaleza é a 3ª do NE em roubos de cargas
No País, o prejuízo para as empresas do setor foi superior a R$ 1 bilhão somente em veículos de carga em 2015
Problema recorrente nas estradas brasileiras, Fortaleza é a terceira capital do Nordeste em número de roubo de cargas, atrás de Salvador, que ficou em primeiro lugar, e Recife, em segundo. A informação é do coronel Paulo Roberto Souza, assessor da NTC & Logística, que realizou ontem uma palestra sobre o assunto na 11º Seminário Internacional de Logística - Feira Nacional de Logística (Expolog), no Centro de Eventos.
>Integração de modais é condição para avançar
Para o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado do Ceará (Setcarce), Clóvis Nogueira, as ocorrências de roubo de carga no Estado estão muito elevadas, principalmente dentro do perímetro de Fortaleza. "A gente tem uma variação de 10 a 15 roubos por mês, o que parece pouco, mas é preciso considerar o que vai dentro, desde eletrodomésticos a eletroeletrônicos, medicamentos, pneus, comida, tecido", destacou.
Ele afirma que, nos últimos dois anos, a situação piorou um pouco para as empresas da cadeia logística que trafegam no Estado. Segundo Nogueira, até 2014, havia uma parceria forte do setor com a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado, assim como com a delegacia especializada, que ele avalia não estar como antes. "Mas acredito que em breve vá melhorar", pontuou.
De acordo com o coronel Paulo Roberto Souza, no País, o prejuízo para as empresas do setor foi superior a R$ 1 bilhão somente em veículos de carga em 2015, sem considerar a mercadoria perdida. "O Brasil, no ano passado, teve 509 mil roubos e furtos de veículo, e não se recupera metade disso. É um mercado forte. Tivemos 3,8 mil veículos de carga nesse cenário de roubo que não voltaram".
Medidas de combate
O coronel apontou três medidas que podem ser implantadas para combater a prática nos estados. A primeira diz respeito a uma ação mais forte do poder público contra as empresas de desmontagem de veículos. "Já existe uma legislação a nível nacional que trata a respeito disso. Mas São Paulo foi o primeiro estado a aplicar uma lei que intensificou essa ação. Fecharam mais de 800 empresas irregulares", ressalta.
Ele contou que, ao fim de 2014, foram registrados 221 mil roubos de veículos naquele estado. Em 2015, esse número tinha caído para 189 mil, 32 mil a menos que no ano anterior.
Na avaliação do assessor, os resultados, por si só, já justificariam a adoção da medida, que já vem sendo estudada por estados como Rio Grande do Sul e Espírito Santo. "É preciso controlar esse ponto", disse.
Outro passo destacado pelo coronel diz respeito ao aumento da punição para os receptores da mercadoria roubada. "Essa atividade precisa ser neutralizada. É como sempre se diz: se não tiver quem compre, não vai ter quem venda", pontua. Ele destacou que já há uma legislação a nível nacional, desde 2012, que condena o comprador que recebeu mercadoria de maneira ilegal a perdê-la, indo a leilão.
Mercadoria roubada
A terceira medida, segundo Souza, irá inviabilizar a atividade das empresas que forem receptadoras de mercadorias roubadas. "Já existem cinco estados no País que cassam o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que é um tributo estadual, impedindo a atuação da empresa. E o empresário pode ser condenado pela má prática e ficar por cinco anos fora da atividade", explica.
Souza ressaltou ser necessário que os estados criem ferramentas para coibir a prática, além de recomendar uma aproximação entre o empresariado e o poder público para alinhar as ações. Segundo o presidente da entidade representativa do setor no Estado, Clóvis Nogueira, o setor está atento a dispositivos legais que possam impedir o roubo e a receptação de veículos e cargas roubadas.
Expolog
Reunindo os principais nomes do setor de logística, a Expolog ocorre até hoje, no Centro de Eventos do Ceará. Pela manhã, a partir das 9h, está previsto um debate sobre a importância da integração dos modais, com participação do ex-governador Ciro Gomes, do presidente da Zona de Processamento e Exportação do Ceará (ZPE-CE), Mário Lima, e representantes de diversas entidades de transporte.