Ousadia para compor nova história e tocar bem o futuro

A não renovação de um contrato de estágio foi a deixa para que Rafael Medeiros encarasse o desafio de empreender

Escrito por Redação ,
Legenda: Rafael Medeiros abriu, há quatro meses, a franquia brasiliense BSB Musical
Foto: Foto: Fabiane de Paula

Da posição de estagiário a microempresário. Foi assim que o estudante de Administração de empresas, Rafael Medeiros, 25, solteiro, resolveu encarar sua vida profissional, apesar da situação enfrentada pelo País ao longo de 2015 e das incertezas econômicas deste ano. Muitos amigos o consideraram "doido" por abrir uma escola de música no meio da crise. Mas ele avalia que é neste período de retração que alguns vão reclamar e não fazer nada e outros vão fazer por onde acontecer as oportunidades.

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Após não ter a renovação do seu contrato de estágio em uma construtora, onde atuava na área de qualidade de obra, surgiu a ideia de abrir uma franquia pela praticidade do negócio em oferecer um direcionamento e expertise no mercado.

E foi com a ajuda da mãe, e atual sócia, que o empreendedor viu seu sonho antigo de trabalhar com música, paixão desde os 12 anos, se concretizar.

Há quatro meses, apostou na franquia brasiliense BSB Musical. "Sempre quis trabalhar com música. Quando minha mãe mostrou a empresa, vi que era isso mesmo que eu queria", lembra. Ao todo, foram seis meses de preparação, após já terem firmado o negócio com o franqueador, para a abertura da primeira unidade em Fortaleza, no bairro Dionísio Torres. O investimento inicial foi de R$ 200 mil.

A escola oferece aos alunos mais de 20 cursos que vão do acordeão à flauta doce, passando pela guitarra, violão e trompete, além de musicalização infantil. Ao finalizar os cursos, os estudantes recebem um certificado. As mensalidades variam de R$ 240 a R$ 307.

Formalidade e rotina

Hoje diretor da BSB, Rafael conta que executa das decisões estratégicas à recepção e, se precisar, ajuda a manobrar os carros dos alunos nos horários de maior movimento da escola. "Tem que fazer de tudo um pouco, da gestão ao operacional", avalia.

No trabalho anterior, estava envolvido com padronização de processos e identidade visual. A formalidade na empresa na qual atuava era algo que o atrapalhava e não coincidia com o seu perfil. O empresário também estagiou nas áreas de marketing e logística em outras empresas e sempre buscou experiências.

No novo negócio, Rafael trabalha entre 12 e 13 horas por dia, mas sem uma rotina rígida, mais leve e com o que gosta. Considera que a empresa virou sua casa, mas está satisfeito por fazer aquilo que sabe e gosta.

Só tendo horário para entrar, ele brinca que ainda está pagando para trabalhar, mas que ações estão sendo feitas para atrair um maior número de alunos. Entre as inovações, está um aulão experimental que será copiado pela franqueadora.

Desafios e planos

A primeira dificuldade encontrada para abertura do negócio foi a escolha de um bom ponto comercial. Segundo Rafael, foi difícil, pois quando um o imóvel tinha um preço acessível, ele estava em mal estado de conservação e inviabilizava o negócio.

E o segundo desafio, em seu ponto de vista, foi a falta de profissionalização do setor na Capital. Rafael avalia que as pessoas ainda "brincam de escolinha" e não levam a sério a atividade. "Ainda estamos sofrendo com isso. A categoria da música não é valorizada", reclama.

Atualmente com 25 alunos, contratou uma consultoria de marketing por meio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) para inovar e pensar em boas ideias. Mesmo com a instabilidade econômica, o diretor sentiu uma melhoria no fim de 2015, tanto na procura pelos cursos como nas matrículas efetivas.

Nos planos para 2016, estão ampliar a iniciativa - já em curso - de divulgar o empreendimento nas escolas, por meio da realização de recreios musicais, trabalhar com o público adulto nos festivais autorais, e realizar mais aulões experimentais.

Para quem tem dúvidas e receio de abrir um negócio, Rafael Medeiros aconselha a não desistir e a fazer realmente o que deseja. "Tem que acreditar e trabalhar muito para fazer a coisa dar certo", ressalta. (CK)

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