Leilão de hidrelétricas arrecada R$17 bi com outorgas; chineses pagarão R$13,8 bi

Do total das outorgas, R$ 11 bilhões têm pagamento previsto para 30 de dezembro, com o objetivo de apoiar o resultado fiscal do País de 2015, conforme previsão do Tesouro Nacional. O montante restante ficará para 2016

Escrito por Reuters ,

O leilão de hidrelétricas existentes promovido pelo governo federal nesta quarta-feira superou expectativas e vendeu todos os ativos oferecidos, o que representa uma arrecadação de R$ 17 bilhões em bônus de outorga por usinas que somam 6 mil megawatts em potência.

Do total das outorgas, R$ 11 bilhões têm pagamento previsto para 30 de dezembro, com o objetivo de apoiar o resultado fiscal do País de 2015, conforme previsão do Tesouro Nacional. O montante restante ficará para 2016. Apesar do "sucesso" em termos arrecadatórios, o leilão resultará em baixa vantagem em termos de modicidade tarifária para os consumidores, uma vez que a grande maioria dos ativos foi arrematada com pouco ou nenhum deságio na receita estabelecida.

A China Three Gorges se destacou ao arrematar as usinas Jupiá e Ilha Solteira, que pertenciam à Cesp, mediante bônus de R$ 13,8 bilhões. Entre as brasileiras, as estatais estaduais levaram a melhor, com Cemig, Copel, Celg e Celesc arrematando usinas, enquanto a italiana Enel Green Power completou a lista dos vitoriosos pelo lado dos investidores estrangeiros.

"A Three Gorges avançou hoje bastante na decisão de vir para o Brasil... é uma parceria de longo prazo", afirmou a jornalistas o vice-presidente da companhia João Meirelles, durante coletiva após o certame. O executivo disse que a empresa pretende no Brasil ter a mesma característica com a qual atua na China, que é o foco em grandes hidrelétricas. A empresa é dona da usina Três Gargantas, a maior do mundo em capacidade instalada.

Os chineses não comentaram como vão reunir os recursos para pagar o bônus de outorga. As brasileiras devem contar com recursos oferecidos por um conjunto de instituições financeiras, liderado pelo Banco do Brasil, segundo comentários dos representantes das elétricas durante a coletiva.

"O preço do dinheiro está muito caro... mas o pool de bancos nos ofereceu condições que permitiram taxas atrativas de retorno ao final do leilão", disse o diretor de Desenvolvimento de Negócios da Cemig, César Vaz Fernandes.

O presidente da unidade de geração e transmissão de energia da Copel, Sergio Lamy, disse que a empresa tem uma proposta de empréstimo do conjunto de bancos liderado pelo BB e de outros agentes financiadores, mas ainda não fechou posição. "Podemos financiar até 100 por cento do bônus de outorga", apontou Lamy.

O diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que participou do evento, José Jurhosa, disse que o leilão foi "um sucesso pleno" e destacou a dificuldade de atrair recursos no montante bilionário envolvido "dado o momento em que se encontra a economia do Brasil". Apesar do resultado positivo para o Tesouro Nacional, o certame resultou em pouco desconto para os consumidores.

As propostas oferecidas pelas empresas representam redução de apenas 0,3% no valor médio da energia a ser vendida pelas usinas, que será de R$ 124,88 por megawatt-hora, contra um máximo de R$ 125,24 por megawatt-hora.

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