Fortes na década de 90 e início dos anos 2000, videolocadoras começam a sumir do mapa

TVs a cabo, Internet e filmes piratas ameaçam mercado, valorizado em um passado recente

Escrito por Redação Diário Plus ,

Nos idos dos anos 90, elas dominavam. Hoje estão ameaçadas. Imersas em uma crise que dura há pelo menos 7 anos, as videolocadoras lutam para sobreviver - diversificando os produtos e serviços oferecidos - em meio à concorrência desleal das redes de televisão por assinatura, dos downloads na internet (ilegais ou não) e da pirataria. Em Fortaleza a resistência conta com poucas lojas, que devido ao amor pelo cinema mantêm o serviço e prezam pela relação com o cliente.

Esqueça sites e aplicativos que mostram o que você gosta de assistir, como IMDb e UpFlix. Para os proprietários, não há nada igual à experiência de ir até uma locadora de vídeo, olhar as capas de DVDs e Blu-Rays e pedir indicações certeiras, de acordo com a preferência do cliente, do balconista. Os clientes exaltam a importância do ritual e ignoram a praticidade da web e da TV a cabo. Para o cabeleireiro Francisco Guedes, de 50 anos, nada supera a experiência em uma locadora. “Gosto de estar aqui. Gosto de cinema e gosto de novidade. O atendente sabe meu gosto”, conta. 

Com a dificuldade para encontrar videolocadoras e cinemas fora de shoppings na cidade, Francisco assiste até três filmes por semana, todos locados em DVD. “Minha família assiste pela internet, mas não gosto de baixar filmes. Está mais difícil de encontrar locadoras e a variedade é menor, mas venho porque gosto de olhar tudo aqui”, fala o cabeleireiro, apontando para as várias capas expostas na DVD Play, localizada no bairro Monte Castelo. 

Segundo os lojistas, o momento mais rentável do ramo foi no início da comercialização das mídias de DVD no Brasil, mas as crescentes facilidades na cópia da tecnologia baratearam a produção e a consequentemente distribuição - ruim para os lojistas, ótimo para o consumidor final. Para os especialistas, dificilmente o mercado irá sobreviver nos próximos cinco anos. 

Confira as imagens de algumas videolocadoras de Fortaleza:

A crise é séria

O primeiro grande golpe no mercado foi a venda da gigante Blockbuster, líder mundial do segmento, que após valer mais de  US$ 5 bilhões (R$ 7,95 bilhões) foi vendida por US$ 320 milhões (R$ 508,51 milhões). Em Fortaleza, os lojistas também foram duramente afetados. Grandes redes foram dissolvidas e, hoje, encontrar uma videolocadora é uma tarefa árdua. A redação do Diário do Nordeste Plus fez um levantamento de estabelecimentos listados no Google Maps e foi atendida apenas por 23 das 85 videolocadoras da lista. 

Para Jefferson  Anderson, proprietário da DVD Play, a facilidade no acesso às redes de televisão por assinatura foi o fator que mais influenciou na queda do faturamento das videolocadoras em Fortaleza. “Sei que nesse meio são muitos inimigos. A concorrência é muito grande. E, ano passado, surgiu a concorrência legal, que é a TV a cabo mais barata, que se popularizou muito. No inicio da pirataria muitas locadoras fecharam, mas, do ano passado para cá, com mais TVs a cabo, mais ainda fecharam”, conta. 

O empresário acredita que gerir uma locadora no atual contexto é um desafio muito grande. Para ele, não há apoio e a pirataria é o grande vilão. “É um desafio grande. A pessoa tem que ter um amor muito grande pelo o que faz, senão não prossegue. Gosto do que faço quanto gosto de assistir filmes, antigos e novos. Gosto muito desse meio e não me vejo saindo dele. Vou tentar resistir”, rebate Jefferson. 

Jefferson defende a visitação às videolocadoras. Confira no vídeo:

Apesar das facilidades da internet, muitos jovens descobriram os encantos das locadoras de vídeo. É o caso de Pedro Neto, de 16 anos. Para ele, poder estar imerso em um espaço onde se vive a sétima arte é uma experiência sem igual. “Vejo por plataformas digitais, mas gosto mesmo é de vir pra cá. Gosto de pegar nos DVDs, ler as sinopses e passear pelas seções de filmes”, relata o estudante.

“Noto que os jovens estão se distanciando. Alguns nem chegaram a se aproximar devido à internet, mais acessível a eles. O que frequenta hoje é o que vinha nos anos 90, anos 2000, que já era desse meio e tem o gosto de vir à locadora. Apesar disso tudo, ainda há muitos jovens que alugam e que entendem de filmes”, conta Jefferson Anderson.

Confira matéria na íntegra no Diário do Nordeste Plus, aplicativo para tablets do Diário do Nordeste.

Diário Plus

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.